sexta-feira, 19 de agosto de 2016

É certo fazer o errado mesmo pelo motivo certo?


“Os fins justificam os meios”, você com certeza deve ter escutado ou dita alguma vez essa frase, no sentido de, ou por justificarem a você, por causa de uma determinada ação, ou, você mesmo deve ter usado para justificar a si mesmo a tua ação.
Ou seja, pelo resultado final, vale tudo: trapacear no jogo; esconder a verdade; mentir; ser desonesto; enganar; trair; sacanear os outros; passar a perna; falsificar; trair e uma porção de outros "meios" para se alcançar um determinado "fim" – dai a expressão “os meios” (quaisquer) como justificativa para o "fim".
Saiba que essa frase é tida (e conhecida) como uma ideia “maquiavélica” - "faço" ("topo") qualquer coisa pelo meu objetivo. Mas, tanto a frase quanto o pensamento de Maquiavél (autor da frase e do livro “O príncipe”) foram distorcidas, sendo atualmente usado como uma expressão de uma pessoa “maquiavélica”.
Isto é: pessoas que usam de todos os tipos de artificios, sejam legais como ilegais, visando somente, alcançar uma meta. Dai a expressão “maquiavélica” estar sendo tomada (injustamente) no estrito sentido pejorativo.
Na verdade, o que ocorreu com a frase e o pensamento de Maquiavel, foi ter sido tirado do seu contexto, pois o livro que ele escreveu, (o qual eu li) foi muito mais uma análise das suas observações (da sua época) do que propriamente ideais a se seguir.
Ou seja: era como ele via a busca (e manutenção) do poder dos príncipes e reis da sua época, contexto e realidade, do que uma idealização, de que como deveriam (ou devemos) nos comportar.
Diante disso tudo, temos dois caminhos a seguir. Um, seria o de planejamos um objetivo, construindo uma meta, procurando atingir, custe o que custar, o alvo, mesmo que para isso, tenhamos que utilizar de meios desonestos e até impensados (pois o que vale é conquistar o objetivo final).
O outro, é o de fazemos dos próprios meios, nosso grande objetivo, focando assim não mais nos resultados, mas no "processo", colhendo resultados até mesmo imprevistos.
A primeira opção, é chamada de pensamento (pessoas) “utilitarista” ou “maquiavélico” - como bem foi explicado lá em cima. Inclusive, o utilitarismo se tornou uma corrente filosófica, bastante popular e difundida atualmente, mesmo para aqueles que nunca ouviram falar, acabam por praticar a tal filosofia.
Fazemos tudo (e mais um pouco) por aquilo que desejamos obter, não medindo esforços ou meios para alcançar nossos objetivos. Tal pensamento, é muito forte. Diria até, que é, o pensamento mais dominante.
Podemos encontrar nos livros de autoajuda, nas propagandas de marketing, nos banners das empresas (“foco no resultado”), nos programas escolares, nas reuniões de empresas, nos cultos, crenças e pregações dos crentes (“venha buscar o teu milagre”), e até mesmo, nos bate papos informais das rodas de amigos e amigas. Ou seja, tornou-se febre em nosso meio.
O outro caminho que temos como possibilidade, é o de buscarmos os meios pelos próprios meios. Isto é: fazermos coisas por elas mesmas, no sentido, de o “fim” ser o próprio “meio”!
Uma coisa, por exemplo, que não canso de falar, principalmente quando alguém vem querer dar uma de “especialista” em como criar meus filhos, é de viver o ser pai nas minhas relações com eles, como próprio fim, ou seja, brinco com eles, converso com eles, saio com eles, estou com eles, pelo prazer, sentido e afeto que tenho de estar com eles sempre no sentido presente.
Nesse sentido, não uso minha relação para com eles, pensando em resultados finais, desde “educar para a vida” - a maior educação que dou a eles, é meu exemplo, portanto, “preocupo” “apenas” em estar com eles, e amar eles, e me relacionar com eles – e até, pensando de que quando ficar velho, eles cuidem de mim – faço o que faço pelo que faço, por amar a eles e ponto, não quero, como não acho, que eles tem uma “divida” comigo, pois eles não são responsáveis pela minha escolha, responsabilidade e dedicação, como também, gratidão não deve (ou não deveria) “amarrar” ninguém a ninguém.
Nietzsche falava coisa parecida. Segundo o filósofo, uma ação, escolha e atitude deviam valer a pena por si mesma, até porque, não temos controle sobre o resultado final, pois há inúmeras causas atuando no mundo, para além da nossa intervenção.
Portanto, nossas escolhas, de "meios para os fins" ou de "fins nos próprios meios", esta diretamente ligada a nossa postura e crença no mundo: busco agir por prazer e alegria no próprio agir, sendo o resultado, algo secundário e como consequência, ou, o interesse pelo objetivo final é que deve orientar meu agir no mundo, prevalecendo sempre sobre a ética e valores, e assim, foda-se as pessoas, as relações e a ética?
Você decide, pois afinal, sua "cabeça, seu guia, sua sentença". Tal crenças e valores, tais objetivos e métodos. Dito de outra forma: você age no mundo e nas relações conforme suas crenças e valores.

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