sábado, 12 de novembro de 2016

Depoimento sobre o meu livro "45 Dias de Pânico Total: Psicólogo relata como conseguiu sobreviver"



  • Queria falar a respeito do livro do Marcio que estou lendo “45 dias de pânico total”. Primeiramente, quando li o título fiquei com um sentimento ambíguo. “Pánico”, não tem a ver comigo. Hum. “45 dias” não deve ser um livro técnico sobre síndrome do pânico como já estudei na faculdade. Deve ser vivência, deve ser humano, pensei. Isto tem a ver comigo. Comprei e estou lendo. Bom, não me enganei, é humano, e muito, não fala só de pânico e o Márcio relata sua experiência de sofrimento, seus sentimentos, suas sensações, seus pensamentos estando muito mal. Dificil não se identificar. Consegue descrever aquilo que quase todos sentimos sem, muitas vezes, sabermos nem o que é. Enfim, depois eu volto a comentar quando tiver adiantado mais no livro.
  • Muito bom Márcio, muito corajoso.

Escrito por: Christophe Blondin 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

"40 dias no Vale da Sombra da Morte"


Título original: Carta a um Confrade
  
Caro confrade Márcio

Dias atrás me pediste para fazer uma resenha crítica de teu livro recém lançado ― “45 Dias de Pânico”. Confesso que me senti incapaz de realizar tal façanha, ante a impossibilidade de tratar de um assunto tão intrínseco subjetivo e altamente individual. Preferi, te escrever uma carta, ao estilo dos velhos tempos em que nem de longe imaginávamos o advento de um progresso tecnológico tão atraente como o da internet.

Recebi teu livro por e-mail, e comecei a lê-lo aos poucos, para degustar melhor. Na ocasião, em uma mensagem postada no teu Face, falei que estava iniciando a leitura de tua passagem pelo “Vale da Sombra da Morte” ― expressão de grande valor metafórico e muito conhecida entre nós, que tivemos um passado não mui agradável pelos meandros da religião. Ressalte-se aqui, que os arquétipos religiosos plantados nos arquivos mais profundos de nossa psique são indeletáveis, e a todo momento, sem que percebamos, estão eles a enviar ressonâncias para o tempo presente.

Como você bem sabe, a psicanálise jamais teria existido sem o pano de fundo dos símbolos e dogmas religiosos da tradição judaico-cristã, a qual, por sinal, é a base de toda a cultura do mundo ocidental. Os grandes expoentes da Psicanálise beberam dessa fonte inesgotável: Freud (seu herói era o Moisés retratado por Michelangelo) fez uma leitura partindo dos mitos judaicos, considerando a religião uma “ilusão infantil” ou neurose obsessiva(mas quem não tem um pouco dessa “loucura”? Se não fosse a tal da neurose nesse nosso mundo esquizóide, não existiria o artista, que é justamente aquele que consegue dar as suas experiências dolorosas um significado elevado para si e para os demais). Jung, brilhantemente aproximou sua nascente ciência da rica simbologia do Protestantismo (seu pai era um pastor protestante). Lacan, católico, por sua vez, conciliou Freud com a simbologia dos termos aparentemente ambíguos presentes nas histórias bíblicas, substituindo a palavra “Deus!” ou imago-deus de Jung, por “Grande Outro”.

Logo na página 25 do teu livro, um insight, ou mesmo o sentimento “religa-re”(de natureza religiosa) creio eu, vindo dos obscuros porões do teu inconsciente, me prendeu a atenção, quando repetiste uma das frases mais contundentes do messias que os evangelhos relatam: “A Minha Alma está Angustiada até a Morte.

Na página 75, para expressar a forte dimensão analógica de tua angústia como companheira inseparável (e não poderia ser diferente), recorreste as regiões abissais dos arquivos arquetípicos religiosos escondidos em tua psique: “...igual a Jesus disse do seu Pai nos evangelhos. Que Ele e o Pai (Deus) eram um.”

Ainda sobre a desditosa e inseparável angústia, na página 89, eis que me deparo com uma ressonância poderosa do tempo em que eras pregador das Boas Novas: Por que Afinal Tenho Que Recorrer à Bíblia? Tu mesmo respondes de forma profunda, tanto do ponto de vista psicanalítico, quanto do ponto de vista teológico: ...porque ninguém em sã consciência deseja e vai ao encontro dela…, nem precisa mesmo…, ele é quem vem sempre ao nosso encontro.” O conteúdo do inconsciente é assim: nós não o escolhemos; ele vem a nós quando nos desarmamos.

Perdão peço, porque em meio a descrição de tua enorme agonia, não pude evitar que a figura de Edir Macedo viesse a minha mente, quando li a expressão largamente usada e abusada no meio fundamentalista ― “Demônios da Insônia”, na página 95. Na ocasião lembrei-me de um texto por mim postado em junho de 2010 na C.P.F.G.: “Sobre Nossos Demônios Interiores”, de onde, para avivar a memória, retiro esse pequeno trecho:

É nesse grande palco mental que o apóstolo Paulo denominou de “lugares celestiais”, que se trava a imaginária luta entre as forças divinas e diabólicas”  que rendeu 120 comentários. Dentre eles, ressalto a tua irretocável réplica: “Sendo assim, conhecemos um pouco do caráter do sujeito através da imagem que ele nutre de seu deus”.(Marcio)

Na página 123, com o sub-título “Afinal o que Deus tem a Ver com Isso?” esboças uma reação (afinal, somos todos reativos). Continuando, fazes a seguinte afirmação (ou reação defensiva – Freud explica – rsrs): “Não acredito na existência de Deus! Acabou a minha fé em um Deus celeste.”

Considero que quando afirmamos “sou ateu” estamos defensivamente a nos referir àquela parte obscura e recalcada de nós que nos incita a anular uma provocação, talvez vinda do inconsciente. Quando a provocação vem, seja de fora (de outro) ou interna, o sujeito ativa o mecanismo de negação. Quando a cobrança ou ameaça vem da esfera do inconsciente, o indivíduo passa a guerrear contra si mesmo. Freud, certa vez, disse que estamos fadados a perder no conflito com o Superego. O equilíbrio reside em fazer as pazes com essa imago-paterna-ameaçadora, tornando-a menos importunadora, nunca tentando desafiá-la ou destruí-la

Sabemos que o que mais caracteriza o homem é a sua contradição ou ambivalência, como tentei passar no último ensaio do meu blog “Ensaios&Prosas”, que tem por título: “Homem, Teu Nome é Paradoxo!”. Do qual replico seu epílogo:

"Quem livrará o nosso EU, do peso da Contradição?” Quem atentar para essa brilhante enunciação da dúbia alma humana realizada pelo apóstolo fundador do cristianismo, verá que ela está em perfeita consonância com o sujeito da psicanálise, que às avessas do jargão cartesiano 'penso, logo existo', abarca o Homem Paradoxal com esta emblemática frase:'Penso onde não sou; sou onde não penso'.”
 
Olha lá o que colhi da paradoxalidade dos nossos afetos (advinda do polo que, devido certas circunstâncias, consideramos negativo) que a tua veia poética traduziu em forma de uma extraordinária prece:
Meus Deus, como faz bem para minha alma tão sofrida e angustiada, ficar neste momento… ...olhando a tranquilidade, serenidade e paz do meu filho dormindo.” (Márcio  45 dias de Pânico  página 130)

Jung, já bem avançado de idade, fez uma declaração autobiográfica que considero emblemática para o nosso tempo tão des-humano: “Não posso me referir aos meus relacionamentos mais íntimos que me voltam à mente como lembranças longínquas, pois constituem não somente minha vida mais profunda como também a dos meus amigos.” (“Memórias, Sonhos, Reflexões”  Carl G. Jung — página 21)

No capítulo “Antes de Tudo Religião” (página 183), Márcio, meu caro confrade, fazes aflorar uma profusão de lembranças que,creio eu, tem ainda hoje o condão de te impulsionar a escrever, escrever e escrever sempre… sobre teu ser em si, como mostra tão bem o parágrafo abaixo:

A religião foi durante grande parte de minha vida, meu chão, meu norte, minha bússola… A pior coisa que me aconteceu na vida foi ter-me tornado 'ateu'. […] Eu queria transformar o outro (crente) em ateu, justamente porque o 'outro' era meu espelho que refletia o que já fui e ainda o que está bem vivo dentro de mim.”

Lendo o teu instigante livro, de modo reflexivo, não consegui nas entrelinhas, identificar em ti a ausência desse tal ‘sentimento sublime!” que grupos religiosos banalizaram para interesses mercadológicos. Como escrevi em um artigo nos idos de 2011 a um amigo da blogosfera:

"embora uma pessoa rejeite toda a crença, dogma e ilusão religiosa, não significa que ela tenha anulado o sentimento nobre de re-ligar-se a um éden utópico”.

P.S.:

Mas voltando ao título do teu livro. Usando o simbolismo judaico-cristão do número 40, e à guisa de encaixá-lo dentro de uma metáfora bíblica, penso que não seria tão danoso subtrair cinco dias de tua agonia para denominá-lo de: “40 dias no Vale da Sombra da Morte” ― tema que faria o Eduardo, o Esdras e o J. Lima se esbaldarem em comentários psico-teológicos, como fazíamos naquele saudoso e idílico tempo da C.P.F.G. (rsrs)

Abçs,

Levi B. Santos

Guarabira, 02 de novembro de 2016

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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Meu novo livro


Por: Marcio Alves

O que dizer do meu livro? Que ele é "indigesto", "pessimista", "insano", "pesado" e "depressivo"? Talvez... porém, se ele é isto tudo, ele também é sensível, conflituoso, angustiante, e acima de tudo: "humano, demasiado humano"! Antes que você pergunte: sim, psicólogo também adoece, também sofre, também pode ter transtorno, também tem problema, e sabe por que? Porque psicólogo também é "gente" de carne e osso. Não somos robôs, não, não somos. Não somos máquinas, não, não somos. Nem muito menos super-homens (ou super-mulheres). Somos profissionais que lidamos diariamente com a saúde mental. Nossa matéria prima é o sofrimento humano. Mas não quer dizer que não podemos adoecer. E isto não faz de nós menos competente. Menos profissional. Menos psicólogo. Isto faz de nós humano como qualquer outro humano, que por sofrer (e não apenas estudar) podemos também escutar, acolher e respeitar o sofrimento do outro, pois afinal, antes e acima de tudo, somos "humanos, demasiados humanos".
Segue link de um dos sites que é possível encontrar meu livro:

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Quem é o anticristo?




Erra, e erra feio quem pensa que o maior inimigo dos evangélicos sejam os ateus. Nem mesmo os céticos, os questionadores, os seus críticos mais ferozes chegam se quer perto de ser o maior inimigo dos crentes. Também pensou errado, quem pensou ser as outras religiões o maior inimigo dos evangélicos.
Sem dúvida, o maior de todos os inimigos, aquele que consegue por em "xeque" os crentes, desacreditando os mesmos, são... nada mais nada menos do que eles próprios!
Isso mesmo que você leu. Os crentes com suas "crentices" acabam sendo seus próprios e maiores caluniadores, pois a "arma" mais destrutiva contra qualquer crença é EXPOR ELA AO RIDÍCULO.
Nisso os crentes (principalmente os pentecostais e neopentecostais) são "mestres" em fazer: fazem da sua própria crença um "circo", um "espetáculo" de "show" de horrores.
Coitados daqueles crentes que são sinceros em suas crenças: Paga literalmente o "mico" por causa dos seus "irmãos" sem noção.
Por isso o "senhor" Google que "sabe" tudo, que é o "Mister M" do conhecimento, é de longe, o mais indicado para nos dizer quem é, afinal, o grande e temível ANTICRISTO, líder das crentices dos crentes. Veja o resultado da pesquisa no google para a palavra "anticristo" na foto abaixo.


Deus não dá a minima pra sua vidinha


Não adianta "chorar" com o que ei de dizer agora: Não, Deus não tem um “plano” para a tua vida, e nem você é especial para Deus, pro Universo, pra Natureza, pra Energia ou seja lá mais o que inventemos – e o Universo, lamento te informar, ele não conspira ao teu favor como mentem descaradamente os gurus da autoajuda - e como (pateticamente) queremos (precisamos?) desesperadamente acreditar.
Inclusive, o cosmo, não somente não esta ao teu lado, como é completamente indiferente a você, aos teus problemas, a tua vida e ao que você faz dela - pode "espernear" a vontade: Nem eu e nem o universo damos a mínima pra seu "chilique" - sim, hoje eu to do "mal"(rsrss).
E ai, vai encarar, mesmo assim a existência? Ou vai fingir que não sabe de nada, que não é com você, e nem que ao menos tem uma leve suspeita ou sensação de que a vida é você por você mesmo?
De que tirando umas quatro ou cinco pessoas no máximo, você não faz diferença alguma pro mundo? Que o mundo inteiro esta completamente alheio a você? De que o mundo não para porque você esta sofrendo? De que não somente não tens importância em vida, como que depois da (tua) morte não haverá lembranças de você, porque os que lembram também, morreram e com elas o teu "nome", história, memória e existência será apagada pra sempre da terra?
Peguei pesado demais agora né? rss mas isso pode ser pavoroso, terrível, (e, é) reconheço, mas pode ser também libertador: Podemos viver a vida sem aquele "peso", sem aquela cobrança obcecada (e infantil) de sucesso, de triunfo. Sem a mania (delirante) de grandeza, que torna o ser humano patético.
Nesse sentido, somente levo a serio os trágicos (gregos) com sua visão trágica (realista?) da vida, do mundo, do ser humano. Prefiro a companhia de um Shakespeare, de um Dostoievski e suas "ácidas" e "indigestas" visões do humano como um animal que se debate em angústia de sua própria finitude, esmagado pelo peso da existência, do que um risível (e infatilizante) livro dos gurus da felicidade.
Mas como eu sou "eu" e você é "você", fique a vontade com suas fantasias, com suas ilusões, com seus delírios de ser especial, de ser escolhido por Deus - ainda que seja pra sofrer miseravelmente -, de se achar importante, que o mundo chorará por sua morte, que se lembrará pra sempre de você.
E os deuses se existirem, são como na clássica e sabia concepção grega: Deuses que no enfado de serem deuses, criou o humano para seu divertimento - como bobós na corte do Olimpo. Que no seus sadismos fez o homem consciente de sua miséria existencial e finitude, em um mundo cheio de sofrimentos.
De fato: Viver não é coisa pra covarde. De uma de duas possibilidades: Ou somos corajosos - dai uma das maiores virtudes para os gregos ser a coragem - escolhendo viver a vida com coragem, mesmo em meio ao sofrimento real ou como possibilidade, ou então, somos ou nos tornamos, seres patéticos que acreditam ter o "rei" na barriga, que nasceu para o sucesso e a felicidade, enriquecendo assim, os gurus da auto-ajuda.

"Eu te amo?"


Quando dizemos “eu te amo”, há quem (ou, o que) realmente amamos? Dito de outra forma: quando declaramos nosso amor, a quem (ou, o que) nos dirigimos?
Lendo Freud (fundador da psicanálise), Nietzsche (filósofo) e Pascal (filósofo cristão), - só “peso pesados” - cheguei alguns possíveis “palpites”, que talvez, desagradem alguns “românticos” de plantão – se estiver amando então, vixi, nem se fala: pode acabar ficando “chateado” comigo.
Primeira possibilidade (baseado em Pascal): amamos nunca a pessoa "em si", sua "essência", por assim dizer – ou como diz alguns: (mentirosos?) o “eu” "interior" da pessoa – mas sim os seus "atributos": "gostosa" – ela me excita; "bonita" – ela me encanta; "carinhosa" e "atenciosa" – ela me cativa; "fiel" e "companheira" – ela ganhou minha confiança e admiração; e assim, podemos (se procurarmos) encontrar mais atributos.
O que fica evidente aqui, no pensamento pascaliano sobre esse aspecto do amor, é que amamos os "atributos" da pessoa, que na maioria das vezes, nos toca, nos afeta, o que segundo Espinosa (outro "peso" "pesado") se dá, por sermos seres movidos por afetos, nos relacionando, em um mundo que constantemente nos afeta – seja causando alegria (aumento da potência de agir), seja nos entristecendo (diminuição da potência de agir).
Segunda possibilidade (baseado em Nietzsche): amamos nunca a pessoa, mas os "sentimentos" de amor, ou seja, não gostamos diretamente da pessoa, mas da sensação agradável, prazerosa que ela nos provoca, sendo assim, gostamos de "gostar", amamos "amar".
Talvez aqui, você possa me perguntar: se é assim, porque não abandonamos a pessoa na primeira irritação ou tristeza que ela nos cause?
Talvez, porque sabemos que foi um episódio isolado de tristeza provocado por nosso amado (ou amada)? Sendo que no fundo, sabemos, esperamos e até acreditamos, que logo ele (ou ela) voltará nos alegrar?
Agora, quando se torna recorrente o desagrado, a tristeza, as brigas, o amor pode acabar – ou na verdade, o que acaba é nossa fonte de amor, que passa a ser fonte de tristeza.
Terceira possibilidade (baseado em Nietzsche): amamos porque acreditamos ou nos relacionamos como se o outro fosse nosso "objeto" de amor, ou seja, por puro egoísmo de podermos chamar de “meu” - "meu" filho; "meu" esposo (ou esposa); "meus" amigos; "meu" namorado (ou namorada); "meu" pai e "minha" mãe e etc.
Amamos então porque é "nosso": "nossa" propriedade, "nosso" objeto - aqui, a palavra "minha conquista", nunca revelou tamanho desejo de "posse".
Quarta, quinta e sexta possibilidades (baseado em Freud): amamos, não o outro, mas aquilo que vemos de nós refletido nele. Complicou? Então “descomplico”: amamos as qualidades que julgamos ter de nós no outro, que no fundo, são as nossas - aqui, não são os "opostos que se atraem", mas os "iguais".
Amamos também (quinta) as qualidades que nós não temos, mas que o outro tem, e que portanto, preenche nossa falta de alguma forma. Exemplo: gostaria de ser muito intelectual, então arrumo um parceiro (ou parceira) intelectual que suprirá este meu desejo, sendo uma espécie de extensão nossa - onde "falhei" em ser, o outro "conseguiu".
E, amamos (sexta) não o outro, mas um ideal que carregamos e projetamos no outro. Na verdade, amamos o ser "idealizado" e "fantasiado" por nós - o problema é que se idealizarmos muito o outro, ele pode (como irá) nos decepcionar, pois entre o ideal que imaginamos e a realidade do ser em "carne e osso" que se apresenta, há um abismo.
Abro um parênteses aqui, pra dizer, que pode ser que haja o amor por carência. Neste caso, seria, talvez, uma espécie de amor “negativo”, marcado principalmente pela falta, pela necessidade de ter alguém, de ficar com alguém, mas não vou aprofundar nele. Apenas cito-o, como possibilidade.
Para terminar: o que todas às definições têm em comum? 
O fato de não amarmos alguém por ser este ser o “alguém”, ou dito de outra forma: não amamos ninguém por “ele mesmo” - por sua causa "própria". Ou seja, amamos (quase) tudo "na" ou "da" pessoa, menos a "pessoa".

E isto, desde o amor por "condições" – amo ele por ser meu filho –, passando por seus "atributos" – amo sua inteligência, seu caráter, sua beleza, sua força, seu poder, suas poses – chegando até por "narcisismo" – amo ele porque vejo nele minha própria imagem (Narciso) refletida.
E ae, com qual amor você tem amado os seus? Será que podemos amar com vários amores várias pessoas? Ou ainda: o tipo (escolha) de amor dependerá de nós? Deixo para tua reflexão, até porque, cansei de pensar (rss) por hoje.

O grande enigma da existência


Um dos grandes enigmas da existência pra mim, é a bondade (ou , o “bem”, se preferirem): existe mesmo, como realidade concreta no mundo ou é apenas uma invenção humana, mera abstração, apenas uma palavra criada em nosso vocabulário?
Acho risível, beirando a uma explicação de “jardim de infância”, dizer, simploriamente, que o mal é pura e simplesmente o contrário do bem, pois tenho a sensação de que o mal, ah, o mal, o conhecemos tão clara, inequívoca e objetivamente, que nos soa até muito familiar – diria eu, familiar até “demais”.
Bastar sair de casa, conversar com um vizinho, ouvir rádio, assistir TV e acessar a internet para ver, de maneira escancarada, todo o mal, que como um vírus, nos contamina, se alastrando pelos quatro cantos da terra, se estendendo até os seres humanos.
Uma prova cabal e corriqueira de maldade é olharmos para uma criança “inocente”, “pura”: nela, a maldade impera em toda sua “crueza” - no sentido, de “crua”, sem a polidez (hipocrisia?) social, na sua ainda “indomável” e “indomesticável”, “natureza” “selvagem”.
Ou seja: a maldade na criança é uma maldade “pura”, sem a sofisticação "maquiavélica" do adulto – a criança não “pensa” nos prós e contras, calculando as vantagens e desvantagens de suas ações, como por exemplo, de não dividir o brinquedo ou lanche com outra criança, como nós adultos.
Comparo o ato de bondade a um ato de heroísmo, de pura coragem: praticar o bem “sem olhar a quem” ou o que receberá em troca, é um verdadeiro gesto sublime de coragem num mundo onde reina a covardia e o mal, onde um, alimenta o outro, e vice-versa.
A bem da verdade, penso, que o verdadeiro e maior milagre em nosso mundo, é o de encontrarmos, e assim, podermos tranquilamente afirmar sem sombra de dúvida, o que é o bem, a bondade, e o amor totalmente desinteressado.
Tanto é, que não há dúvidas de que, quando tal gesto se manifestar diante de nós, saberemos que estamos diante de um daqueles milagres raríssimos em nosso mundo, daqueles momentos únicos, que devem ser eternizados.
Enfim, o mal, este conheço muito bem, tanto dentro como fora de mim, mas agora, o bem, há, este tem sérias dúvidas se existe mesmo.
Como diria o Apostolo Paulo “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço". Por isso, rasgo minha roupa, bato no meu peito, e grito “miserável homem que sou, quem me livrará do corpo dessa morte”.

Os direitos autorais do cristianismo são de Paulo, Apostolo


O Apóstolo Paulo pra mim, é de longe, não somente o maior expoente do Cristianismo, como seu maior defensor, pois podemos perceber, na frase dita por ele, que o "evangelho é loucura para os gregos", sendo os gregos, o berço da sabedoria e da civilização ocidental, que ele aqui estava protegendo o cristianismo com um dos seus maiores argumentos sofistas: os gregos, mesmo com toda sabedoria, não são capazes de entender a "lógica" do evangelho, e portanto, o erro esta neles, que usam o meio errado (razão) para se chegar a Cristo - detalhe: Para falar isto ele usou a sua própria razão, ou seja, partiu da razão, usando a razão para anular a própria razão!
Com isso, Paulo brinda o "seu" Cristo de qualquer argumento, por mais racional e poderoso contrário a fé cristã que possa ser - Paulo também foi o maior sistematizador da Fé cristã, e o principal responsável por adaptar o platonismo (filosofia de Platão) ao evangelho, construindo um edifício filosófico-teológico irretocável.
Conclui, que Paulo foi o maior e mais completo cristão (o "cara") de todos! O grande mestre e criador do cristianismo, que reunia em si, os principais atributos de um grande líder e fundador de qualquer religião, a saber: Construtor/Criador (sistematizou a fé cristã usando o platonismo); Defensor (elaborou defensas inabaláveis da fé cristã); Testemunha do "poder" de "seu" Cristo, que o transformou de "perseguidor a perseguido"; e seu maior propagador (graças a ele, o "evangelho" foi anunciado aos "gentios").

"Eu sou, eu sou egoísta!"


Penso que o egoísmo é a grande base por excelência da maior parte do mal moral praticado no mundo.
Explico: não é que o homem sempre pratique algum mal ao seu próximo por simples e puro prazer em ver o outro se dando mal - pode até ser, que de vez em quando, alguém pratique por puro prazer em fazer sofrer o outro sofrer, mas não é a "regra" geral.
Antes, o humano busca para si todo bem possível – seja este “bem”, o prazer, a sensação de alívio, de alegria, de encontrar sentido, de bem-estar, de conseguir alguma vantagem, como até mesmo, de escapar de algum prejuízo, sofrimento e dor.
Nesse sentido, Epicuro (filósofo grego) tinha razão ao dizer que o ser humano busca o prazer e foge da dor.
Ou seja: ou buscamos em tudo que fazemos algum tipo de prazer, de sucesso, de felicidade ou, no mínimo, buscamos fugir da dor, sofrimento e punição.
Entretanto, na vida, não conseguimos viver o tempo todo por cima da “carne fresca” (como diz um ditado popular). Ora estamos por cima, razoavelmente bem, e por isso, podemos dedicar-nos a fazermos o que desejamos, mas, ora estamos por “baixo”, mal, por assim dizer, e buscamos algum tipo de alivio ou compensação na dor, perda ou sofrimento.
Por exemplo, pensemos na doença: quando estamos muito enfermos, não conseguimos pensar em satisfação dos nossos desejos, mas antes, nos ocupamos em como aliviar e sarar nossa doença.
Mas, voltando para a idéia lá no começo do texto, de que todo mal moral (ou em sua maior parte) advém de sermos egoístas. Acompanhe comigo meu raciocínio, usando dois outra grandes pensadores da humanidade:
Se somos regidos pelo “principio do prazer” (Freud, pai da psicanálise), mas ao mesmo tempo temos medo (Hobbes, filósofo) de sofrer, de sermos punidos, logo segue, que tudo que fazemos, fazemos para alcançar algum sentido, alegria ou prazer, ou para escapar de algum tipo de sofrimento.
"Mas onde entra o mal", você pode estar se perguntando. Respondo: tudo que atravessa nosso caminho, que sentimos como ameaça de atrapalhar, como impedimento de nosso prazer, desejo e objetivo, não hesitamos de tirar do nosso caminho, porém, desde que não venhamos nos dar mal (medo de perder ou sofrer alguma consequência).
Em outras palavras: tudo no mundo é “meio”, “instrumento”, “ponte”, para alcançarmos ou o nosso bem, prazer, felicidade e sentido, ou para escaparmos, nos esquivarmos de represálias, de castigos, punições e terríveis consequências.
E isto, desde uma esmola que damos a um mendigo – pelo prazer de nos sentirmos (ser do) “bem”, ou por cumprir uma vontade que acreditamos ser “divina”, ou por alguma recompensa seja espiritual ou até um simples prazer por não estarmos na mesma situação – chegando até em casos extremos, onde nossa vida, nosso interesse, está, por assim dizer, na “reta”.
Como exemplo (ou “lição de casa”) deixo para reflexão, qualquer filme sobre o nazismo: lá, veremos, julgaremos e odiaremos não somente aqueles (alemães) que praticaram o mal (extermínio de judeus, gays e outros grupos), mas também, o cidadão comum, que por medo de ser punido e/ou por desejo de receber algum benefício, colaborava com o nazismo, entregando aqueles, que eles procuravam matar.
Ou seja, se formos honestos, nos veremos nessas situações "limites", nós, nossa família, as pessoas que amamos e o restante do mundo, onde entre entregar, colaborando com o nazismo, salvando assim, nossa pele, como da nossa família ou nos arriscarmos (e arriscarmos nossa família) a proteger os perseguidos pelo nazismo, optamos quase sempre, pela primeira atitude.
No fundo, no fundo, só fazemos o “bem” com total entrega e intensidade, para aqueles que amamos, justamente porque os amamos, ou seja, por puro egoísmo, ainda que seja o egoísmo de amar – amamos aqueles que são nossos.

Posso escolher em ser gay, e depois deixar de ser?


Sexo para além de todo esse marketing construído entorno da "teoria de gênero", do "politicamente correto" de dizer que é "escolha", "preferência" - e que deve ser apresentado às "opções" para a criança, ensinando-a sobre as "preferências" sexuais - penso que sexo é muito mais que uma simples questão de "gosto".
Como se sexo fosse apenas uma escolha que se faz, igual a um daqueles "produtos" que compramos numa prateleira de supermercado, ou, como abrir a geladeira e optar entre um suco ou refrigerante.
Sexo, para além desse "bla-bla-bla" de gosto que as "teorias de gêneros" das "ciências sociais" e alguns movimentos de GLBT querem empurrar "goela" abaixo na gente, é uma questão de CONDIÇÃO: a pessoa "nasce" e não se "torna" - claro que sempre há "exceções", como aquelas que devido alguma experiência traumática (abuso e violência sexual), como também, aquelas que gostam de uma "promiscuidade".
Inclusive, o homossexualismo existe até no reino animal, ou seja, confirmando a hipótese de que o homossexualismo é tão natural como o ser hetero - por mais que os moralistas de plantão (religiosos em suas maiorias) queiram "provar" o contrário, pois se não, teriam que rever os primeiros capítulos do gênese, admitindo que Deus fez macho, fêmea e gay (lesbica).
Enfim, sexo é "condição", estando para além de um mero "gosto", é desejo carnal, primitivo, fisiológico. Tesão incontrolável. Então, não se preocupe se tua filha gosta de jogar bola, brincar de carrinho, ou, se teu filho gosta (tem curiosidade) de bonecas, pois não será isto que o fará mais homem (ou gay) ou menos homem (ou gay).

O problema em pensar demais para tomar decisões


ATENÇÃO, ATENÇÃO: Pensar demais antes de fazer qualquer escolha, pode "complicar" ainda mais, a já complicada escolha, como causar uma baita dor de cabeça!
Frases do tipo: "Meus Deus! Preciso tomar uma decisão, mas qual decisão devo tomar?", "Quanto mais penso, mais fica difícil escolher. Por quê hein?". São escutadas diversas vezes.
Quem nunca esteve alguma vez nessa situação, de se perguntar, por qual escolha fazer, por qual caminho trilhar, por qual decisão tomar? Penso que todos nós já experimentamos alguma vez, em algum grau os conflitos de toda escolha.
O que ocorre é que, quanto maior lucidez tivermos (usarmos) na hora de decidir, quanto maior for a nossa consciência dos conflitos que acarretam o ato de escolher, quanto mais pensarmos nas consequências das escolhas, maior será a complexidade e dificuldade para escolher, decidir na vida.
Nesse sentido, se gastarmos tempo, energia, pensando e calculando, as infinitas possibilidades e seus inúmeros desdobramentos, podemos nunca "sair" do lugar, além de ter bastante "dor de cabeça", e isto, tanto no sentido "simbólico", como no sentido "literal"
Pois para cada uma escolha que fazemos, uma porção de outras são negadas, descartadas, jogadas fora. Para cada "sim" dado, um sem números de "não" incluídos no "pacote" do "sim" vem juntos.
Some-se a isso, o fato de que apenas sabemos as consequências "negativas" das decisões tomadas, dos percalços dos caminhos já trilhados por nós, sendo todos os outros, com suas probabilidades, sempre vistas somente seus pontos positivo. O que pode gerar em nós, a ilusão (injusta) de que escolhemos errados.
Exemplo: uma jovem opta por ser professora. Ao longo desse caminho escolhido, ela, investe em curso, conhece pessoas, e tem oportunidades. Sendo que durante o caminho, ela vai colher coisas boas e ruins - como em toda escolha - mas, fica a pensar e até desejar, outra profissão, se vendo nessa outra escolha. Vendo nela só consequências boas.
Qual a sensação que ela passa a ter da sua escolha real? Que se equivocou, que não era bem o que ela queria, que se pudesse, faria outro curso, para trabalhar em outra profissão.
Dai podemos concluir, que toda escolha pressupõe a não escolha de todo o restante de opções. Ou seja, escolher trás angústia, pela complexidade e dificuldade que se é, de fazer escolhas, como também, por suas possíveis consequências.
Enfim, quanto mais pensarmos em qual decisão devemos tomar, e em suas múltiplas consequências, as pessoas que serão afetadas, e de quais possibilidades teremos que abrir mão, mas difícil será para decidirmos, e muito mais ficaremos torcendo pra que as coisas tome seu próprio rumo, decidindo por nós - o que não deixa de ser uma "escolha", ainda que seja a "escolha" de não escolher, e portanto, de não (ou "fazer") fazer nada.

Será que é mesmo necessário saber viver?


"É preciso saber viver", diz uma música do grupo musical "Titãs", que carrega em seu título, essa mesma frase.
"E qual é o problema dessa música?", talvez você pode me perguntar. E eu respondo: Com a música nada! Pelo contrário, gosto muito da música e dos "Titãs".
A bem da verdade, a música em questão é muito bonita, com suas letras poéticas e reflexivas. Mas, na parte em que fala, que é necessário saber viver, embora o contexto dessa música dêe sentido a frase, penso que éjustamente o oposto: é preciso saber MORRER.
Aliás: saber morrer não exatamente, pois para isto não precisamos de nenhum tipo de aprendizado e esforço: Como diz uma frase popular "para morrer, basta estar vivo!" - e isto, em todos os sentidos.
Mas sim, saber COMO morrer - claro, partindo do princípio de que a verdadeira arte na vida, não é apenas (como) viver, mas (também) em como morrer: aceitando x negando; conscientizando x alienando-se; resignando x lutando; ou, um pouco de um, um pouco de outro.
E, por quê "saber morrer"? Acompanhe comigo, este meu raciocínio: ora, se pra cada dia vivido é igualmente um dia a menos para se viver, se viver é um constante processo lento e gradual de morte, se nosso corpo e vida, vão declinando ao passar do anos, logo, segue-se que, saber viver é saber (também) morrer.
Mas como saber "morrer"? Essa é a grande questão (e que vale a pena) a ser respondida, a meu ver. Nesse sentido, compete a cada um encontrar/fazer sua própria resposta.
"Personalização de sentido" é o que proponho. Uma forma singular de cada pessoa fazer da sua vida única. Mesmo que haja caminhos "determinados" - uns chamaram de "Deus", outros, de "Acaso", outros ainda de "Destino" - ainda sim é possível "personaliza", por mais "mínimo" que seja nossas ações e escolhas.
Nesse sentido, a frase que mais sintetizaria esse meu texto é o famoso pensamento Sartreano de que "não importa o que a vida - com sua biologia, psiquismo, aleatoriedade, contingências, acasos, divindades, condições socioeconômicas, sócio-históricas e etc. - fez de você, o importante mesmo é o que você faz (e fará) com o que a vida fez de você".
Portanto, é preciso saber viver/morrer "personalizadamente", pois se tenho uma coisa que ninguém fará no teu lugar, por você, é viver/morrer.

Por um mundo melhor?


Vou chegar "dando" logo uma "voadora" com os dois "pés" no "peito": arrisco dizer que toda ideologia - não importa qual seja, o que anuncia, e nem porque anuncia - de "Um mundo melhor" é uma falácia desonesta e intolerante.
"Falácia" porque parte de algo "individual" para o "universal", de uma "minoria" privilegiada, dominadora - que auto-intitulam-se "autoridade", "especialista" de uma vida "melhor", de uma suposta exclusividade de "qualidade de vida" - para uma "maioria" desfavorecida, dominada, massa de manobra.
"Desonestidade" porque, mesmo sabendo disso, grande parte dos "intelectuais", "vendem" a suposta ideia de um "mundo melhor", usando este tipo de "ideologia", não somente como prerrogativa de saberem o que é melhor para todos - o que coloca "todo mundo" num mesmo "saco" - detendo se assim, sutilmente, o poder através do "discurso" de uma "qualidade (padronizada) de vida", como também, de passarem uma imagem de "bonzinhos", gente do "bem".
Isto porque, vende muito bem - basta olhar o sucesso dos livros de auto-ajuda. Dá ibope - cara "legal", porque fala o que o povo quer ouvir.
E, "intolerância", porque transformam um suposto ideal, em "regra", em "lei", num "padrão" de vida imposto como "bom", "saudável", "higiênico" e "humano". Os que não aderem, estão condenados a serem mal visto, tidos como pessoas de "mal" hábitos, de "atrasados".
Nesse sentido, deixamos de crer em Deus, nas religiões, nas crenças, e passamos a ter Fé na ciência, na medicina, na razão.
Deixamos de confessar ao padre, de ouvir o sermão do pastor, de meditar com o sacerdote, para seguir a "orientação" (leia-se "obediência") ao nutricionista, escutando os conselhos do médico, idolatrando os gurus da auto-ajuda.
Prefiro como companhia os profetas do passado, corajosos, sem "papas na língua", que gritavam nas ruas, denunciando os pecados do povo, inclusive dos Reis, a esses falsos "mestres" de uma vida "sustentável", de uma maior "qualidade de vida".
Prefiro a companhia das grandes tradições milenares das religiões mais antigas, que ensinavam o quanto o humano é miserável pecador, do que ler uma pagina se quer, de um livro de auto-ajuda.
Enfim, prefiro ser "anti" (social, ideologia, dogmas, padrões universais) do que ser desonesto comigo mesmo, contrário a minha consciência, e meu jeito de caminhar na e pela vida.
Prefiro me assentar a "roda dos escarnecedores, beberrões, ímpios, sujos, viciados, deprimidos" - como Jesus que foi acusador de andar com prostitutas e ladrões -, pois estes são autênticos (e tem consciência) de suas misérias existências, e não irão querer jamais, empurrar em minha "goela abaixo", seus estilos de uma suposta qualidade de vida - pois eles reconhecem, que os seus caminhos não são indicados para se trilhar, se relacionando comigo, não de cima de um "pedestal", desqualificando minha forma de viver a vida, mas antes, respeitando e até legitimando meus próprios caminhos.

A religião está condenada a extinção?


"A religião está condenada a extinção", quem nunca já ouviu este tipo de frase?
Será possível mesmo, chegarmos ao ponto de acabarmos de vez com a religião no mundo? Ou será isto, só mais um daqueles sonhos (delirantes) "messiânicos" dos céticos, ateus, humanistas e afins? - de todos aqueles que culpam a religião por todo mal e atraso cientifico no mundo.
Penso que pode ser justamente o contrário: segundo dados, a porcentagem de filhos por mulheres religiosas - principalmente as fundamentalistas (as mais "fanáticas" por assim dizer) - é 2,1 contra (incríveis) 0,5 das mulheres ditas seculares - sem religião.
O que isto significa? Que se continuarmos nesse ritmo, a religião será, não somente mantida, como inevitavelmente, crescerá em grande escala - as mulheradas seculares podem transar mais (será?), gozarem mais (as vezes desconfio de que seja o contrário), mas na hora de terem filhos, são as religiosas que sobressaem.
As religiões agradecem ao pensamento (pós) moderno por toda forma de pensamento (crença) - seja pela defesa do aborto, seja pela emancipação da mulher, seja pela critica a família entre outros - que de alguma forma contribui para a diminuição de filhos dos não religiosos.
Afinal, pra quê ter (constituir) família não é mesmo? - antes que me pergunte, sim, estou sendo sarcástico.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Você acha que você é livre mesmo?


Penso que a liberdade “verdadeira” - no sentido de não ser ilusória, autoenganosa – passa pela tomada de consciência de que somos, em um certo nível, “escravos”.
Parece paradoxal (e, é), mas aqui, a grande virada de "chave", está em reconhecer nossos próprios limites, nossas próprias amarras, e assim, podermos verdadeiramente agir, dentro dos limites do nosso próprio "cárcere".
Posso aqui citar, inúmeros exemplos de prisões: somos prisioneiros de nossos próprios afetos - não se escolhe não amar que você ama; somos prisioneiros de nossa biologia – mesmo que queiramos, não podemos, por mera decisão (e sem equipamento) voar, pois nossa constituição anatômica não permite; psicanaliticamente falando, somos prisioneiros do nosso inconsciente – fazemos coisas alegando ser por um motivo, mas inconscientemente, fazemos por outro; prisioneiros da nossa situação socioeconômica – posso desejar (e fazer planos) de morar em Paris, mas se for pobre e estiver desempregado, não posso ir; prisioneiros das nossas leis morais – por mais, que às vezes, possa querer descer a “lenha” em uma pessoa que me irrita, sei que não devo (e não “posso”) fazer, pois sofrerem punição; enfim, os exemplos são inúmeros.
Inclusive, somos prisioneiros de nossas próprias escolhas: podemos ser "livres" - num certo sentido bem restrito da palavra - para escolhermos, mas não somos livres para escolher o que queremos ou não colher das suas inevitáveis (e incontroláveis) consequências.
Mas ai você pode me perguntar: já entendi perfeitamente que não somos tão livres assim como imaginava, pelo contrário, somos e muito, presos, mas onde é que entra a liberdade ai?
Respondo dizendo que, dentro dos limites impostos – pela sociedade, vida, religião, , circunstâncias – podemos agir com certa liberdade:
não posso voar, então invento meios de poder voar; não posso agir contra um afeto, então uso outro afeto mais forte para contrapor o outro afeto; posso não escolher como e se serei afetado pelo outro, mas posso escolher como vou reagir a essa afetação; posso não ter dinheiro no momento para morar em Paris, mas posso fazer planos de um dia poder ir lá morar ou de viajar para conhecer; e etc.
Portanto, não posso escolher as escolhas pelas quais posso escolher, mas posso escolher dentre as escolhas que irão surgindo no meu caminho, qual escolha quero fazer.
Se me é "dado" escolher entre "A" e "B", somente posso escolher entre "A" e "B": não tenho como criar uma escolha que não existe como possibilidade para escolher.
Enfim: quanto mais tenho consciência das prisões que me prendem, mais aumenta minhas possibilidades de ter um pouco mais de liberdade para me mover dentro dela. Só quem conhece seus próprios limites, suas próprias possibilidades, é que tem mais chance de ser (um pouco) livre.