domingo, 16 de junho de 2013

Deus singular (Escrito por mim em 14/01/2010 e só agora publicado)





Por: Marcio Alves

A pergunta de Cristo aos seus discípulos: “Quem dizes que eu sou?” – Deus perguntando a nós.
Seria mais bem feita, se fosse feita da seguinte forma: “Quem eu sou que dizes?”. – nós perguntando a nós.
Pois nossas concepções de quem é Deus, passam pelo que, ou quem é eu (nós).
Para a mulher salva do acidente, Deus é aquele que salva através do milagre.
Para a mãe que perdeu o filho, Deus é aquele que impotente que chora a sua dor.
Para o teólogo em sua torre de marfim, Deus é o déspota soberano até mesmo no sofrimento.

Ou seja, Deus é aquele singular para o singular ser humano, mas não necessariamente. Deus é muitos em si mesmo.
Pois as concepções de Deus vão mudando conforme tempo, lugar circunstancia cultura e experiência humana.
O que Deus era para algumas gerações passadas, não é mais para a geração presente, e não continuará sendo para a geração futura.
Não somente o Cristo do cristianismo pode ser re-significado, como o Deus-Deus também o pode, ou deve!

Mas desde que, esta re-significação seja com o significado significador de cada individuo de significar o significado do sentido de compreensão e sentir Deus singular para o singular individuo. Deus é o Deus de todos, para todos, em todos, mas sem ser o mesmo de todos, sendo individual a sua compreensão do individuo, se mostra de varias maneiras, pois são maneiras variadas de se enxergar o mesmo Deus variável sem deixar de Ser Deus singular da singularidade de cada ser.
Deus deixa de ser singularmente singular para singulares indivíduos, quando o singular indivíduo, tenta prender a singularidade do outro, na sua visão singular de Deus.

Singularidade só é singularidade, quando aprendemos a respeitar a singularidade de cada ser de si ser singular na sua compreensão singular de Deus.
Se não houver tolerância e abertura para outras compreensões dos outros indivíduos compreendidos da sua própria compreensão de Deus, deixaremos de compreender o grande mistério de Deus ser mesmo o que Ele é sem deixar de ser o que para o ser humano Deus é: Variadas singularidades do mesmo Deus singular!

Escrito por mim em 14/01/2010 e só agora publicado

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Eterno desespero


Por Edson Moura
 
Acredito piamente que o desapego está mais ligado a, como posso dizer, uma irresponsabilidade sob controle. Lembrei-me do Gresder agora, afinal, ele é a prova viva de que se pode viver uma vida irresponsável, mas sem, de alguma forma, perder o senso de responsabilidade, que, este sim, pode trazer angústia e muito sofrimento.

Sartre foi feliz em sua afirmação a respeito da liberdade humana, pois sabemos (ou pelo menos eu sei) que liberdade realmente nos trás responsabilidades, e esta em todas as esferas comportamentais. Liberdade nos faz ver que somos responsáveis por todos os atos, e uma vez responsável, tornamo-nos escravos de nossa tão buscada liberdade.

Pode então o homem ser desapegado (livre) e ao mesmo tempo desesperado(preso) à sua liberdade? Um axioma dos mais simples, que só engodaria os mais simples. Obviamente que pode se ser as duas coisas. O questão é quando temos correntes nos prendendo a liturgias baratas, a pensamentos arcaicos, a usos e costumes obsoletos. De tempos em tempos os homens vão se libertando, e a cada passo dado, um novo controle social informal lhe é conferido, e novamente ele volta ao ponto de partida. Me parece que nós buscamos nosso próprio desespero.

Para não me alongar, vou fazer aqui uma analogia de como funciona este processo de "encadeamento", que propus a uma amigo meu: "Lembro-me nitidamente dos anos em que comecei a fumar. No inicio era uma coisa, digamos, feia, fumava escondido, tinha medo da reação das pessoas ao verem um garota de 14 anos com um cigarro na boca. Mas o tempo foi passando, fui crescendo e adquirindo autonomia, aí, fumar já não era vergonhoso, mas ao contrário, me conferia status, agora podia fumar tranquilamente. 

Notem que o desespero se tornou desapego e fiquei em paz, comigo e com os homens. Recentemente criou-se uma lei onde se proibia fumar em estabelecimentos fechados. No inicio foi aquela bagunça, protestos daqui, reclamações dali, enfim, a lei pegou. E hoje, eu, que outrora não via problema algum em fumar num bar ou num restaurante, ou até mesmo num avião, fico constrangido ao acender um cigarro onde tiver uma criança, ou até mesmo embaixo de um toldo de bar, pois me preocupo com o incômodo que estou causando aos outros cidadãos, sejam eles fumante ou não".

Onde quero chegar com este relato? É simples, mudamos constantemente nossa visão de mundo, somos moldados pelo meio e consequentemente, acabamos aceitando o desespero que nos impõem ou nos impomos. Estamos o tempo todo nos acostumando com nossa liberdade (desapego) e quando vemos que desapego já não é suficiente, criamos uma "cadeia" (desespero, para nos mantermos sempre nesta dinâmica que é viver.