segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Curiosidade e Miopia (força motriz da humanidade)


Quantas dimensões espaciais existem? "Fácil", diria o leitor, "são três: comprimento, largura e altura. Ou, se você preferir, norte-sul, leste-oeste e a vertical".

Sem dúvida, são essas as dimensões que percebemos no nosso dia-a-dia, as dimensões em que nos locomovemos. Mas será que é só isso?

E se existirem dimensões que são invisíveis aos nossos olhos, ou mesmo microscópicas, por serem muito pequenas? Como se certificar de que nossa percepção da realidade não é enganosa?

Dou um exemplo. Imagine uma mangueira num jardim. De perto, a mangueira é um cilindro bem longo, tendo duas dimensões: seu comprimento e sua circunferência.

Uma formiga pode tanto andar ao longo da mangueira quanto dar voltas ao seu redor. Mas, de longe, a mangueira vai se parecendo cada vez mais com uma linha e menos com um tubo.
Perdemos a percepção de que ela tem também uma largura. Bem de longe, a mangueira é indistinguível de um objeto com uma dimensão apenas, seu comprimento.

Nem sempre nossa percepção da dimensionalidade do espaço corresponde à realidade. Tudo depende de perspectiva e da precisão dos nossos instrumentos de medida.
Como dizia o filósofo francês do final do século 17 Bernard Le Bovier de Fontenelle, queremos sempre saber mais do que enxergamos. A filosofia (leia-se busca pelo conhecimento) é conseqüência da combinação da nossa curiosidade com nossa miopia.

Voltando às dimensões do espaço, talvez sejamos apenas míopes. Em matemática, pensar sobre dimensões extras é relativamente simples. Basta adicioná-las às equações descrevendo às propriedades do espaço.
Essa é uma das maravilhas da matemática, nos fornecer meios de especular sobre realidades imaginárias, cuja estrutura depende apenas de consistência lógica, sem qualquer compromisso com a realidade. Mas em física a coisa é diferente.

As ciências físicas têm como missão descrever a realidade natural, além das aparências ou das especulações. Podemos especular sobre quantas dimensões espaciais existem, mas a realidade é uma só. A física busca por uma descrição da realidade cada vez mais completa.

domingo, 30 de dezembro de 2012

"Experimente morder sua parceira"

Sua parceira sexual pede para ser mordida? Não hesite: use os dentes na medida certa e você vai ser recompensado com um sexo de ótima qualidade. Mas, se ela não pedir, você pode arriscar umas mordidinhas com boa chance de estar agradando.

 
 
Pelo menos é o que garante o psicólogo americano Charles Moser, um estudioso do comportamento de pessoas que sentem prazer com dor e autor do livro "The Psychology of Sadomasochism". Em sua pesquisa, Moser apurou a grande maioria das mulheres não apenas permitem, mas exigem mordidas para terem pleno prazer sexual.


Na verdade, a dor é um conhecido componente do sexo e vem sendo estudada sob a classificação de sadomasoquismo. Segundo Moser, 10% dos adultos sexualmente ativos adotam práticas sadomasoquistas em seus relacionamentos.

Os praticantes do sadomasoquismo assumem, segundo a pesquisa de Moser, o interesse tanto no papel de submissos como de dominantes e poucos são aqueles que se dedicam a uma só das modalidades. Mas de modo geral, há indicações de preferência pela submissão, principalmente entre as mulheres.


O Psicólogo também apurou quais os principais papéis assumidos pelos casais sadomasoquistas, todos variantes da relação “dominador e submisso”: “senhor e escravo”, “guardião e criança”, “patrão e servidor”, “proprietário e propriedade”.

As mulheres, além das mordidas, mostraram-se muito interessadas também em puxão de cabelo, tapas na bunda e sexo na posição de quatro. Principalmente tapa na bunbda, mas pode-se também variar com alguns brinquedinhos tipo: Algemas, tiras ou faixas para amarrar a submissa em posições imobilizantes, chicotes e vibradores em formatos penianos de tamanhos GG.

Edson Moura

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Meus “pecados” de ateu




Por: Marcio Alves

Sim! Confesso! Sou um ateu-pecador, não sou digno dos grandes nomes do ateísmo como Nietzsche, Max, Freud e Sartre. Justamente o contrário! Não mereço o rotulo de ateu, pois nem de longe represento com entusiasmo o ateísmo militante. Hoje, consciente e mais maduro de minha condição de “miserável” ateu, sei que não posso mais levantar a bandeira tremula do ateísmo, e, propagar com vigor arrogante, aos quatro cantos da terra, batendo orgulhosamente no peito, que sou um autentico e genuíno ateu.

Meus pecados de ateu são mais altos que os prédios arreia-céus de São Paulo, mais profundos que o pular de paraquedas de um avião, e mais sujos que o rio tiete. No entanto, estou satisfeito por ser um ateu diferente, ou até mesmo considerado um ateu falsificado, ou incompleto, pois abomino a ideia de qualquer perfeição, e, não quero ser exemplo pra ninguém, nem mesmo para os ateus, não quero ter que carregar este fardo pesado de ter que parecer perfeito, por ser considerado modelo.

Quero continuar assim, sendo eu mesmo, com minhas imperfeições e escolhas, de poder transitar o pensamento entre uma corrente e outra. Não saí da gaiola da religião evangélica, para ficar preso em outra, agora do ateísmo, pois para mim, mas vale a liberdade de poder escolher e voltar atrás nas escolhas, do que me petrificar congelado em uma só posição de pensamento e visão de mundo.

Sim! Continuo ateu, mas carrego dentro de mim, fagulhas de um passado glorioso, embora algumas vezes, sujo pela lama das neuroses e crendices religiosas.
Por não negar o meu passado igrejeiro, de onde nasci e vivi até a 2 anos atrás, confesso meu pecado de as vezes me pegar ouvindo um hino cristão. E não porque alguém colocou e acabei tendo de escutar forçado, mas, de propósito, por vontade, de digitar no Google um cantor (a), por exemplo, “Cassiane”, ou grupo musical como o “Voz da verdade” evangélico, para me delicia dos louvores cristãos, com suas letras belíssimas, com sua melodia suave, que faz estremecer meu coração, que faz a velha criança que ainda habita em mim, se emocionar e lembrar de muitas experiências evangélicas inesquecíveis, de amigos evangélicos que marcaram minha vida, de situações e momentos lindos vividos dentro da religião evangélica.

Não, não e não! Não deixei de ser ateu, como também me nego a jogar “fora da bacia à água suja com o neném”, reconheço que a religião muitas vezes produz neuroses, esquizofrenias – o problema não é o cara falar que conversa com Deus, até ai, normal, mas o problema começa quando ele afirma, sem duvida, que Deus fala com ele – opressão, medo, alienação, ópio e outros males, mas também é geradora de sentido e significado humano.

Ah se fosse somente este pecado, talvez eu fosse absorvido pelo julgamento ateu, mas não, e, como já que estou sendo sincero em abertamente falar o que sinto e penso independentemente de ser ou não coerente com o pensamento –  pois mais vale ser coerente com a vida vivida do que pensada, e, a vida esta para além de qualquer caixa conceitual, seja religioso ou ateu, ou qualquer tipo de pensamento, sempre a vida vem primeiro, sempre a vida é que determina o pensamento e não o pensamento determina a vida – “adoro”, isto mesmo que você leu, eu “adoro” o livro bíblico do Eclesiastes, para mim um dos livros mais existencialistas que alguém já escreveu...como me delicio em suas verdades existenciais, em seus conselhos humanistas, em seu foco nesta vida e nos prazeres, porque tudo que importa na vida são os prazeres, tudo que fazemos é para de alguma maneira alcançar o prazer. Que belas são as suas palavras conscientes e maduras de que:

“Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos.
Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto).
Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.
Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.
Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras” (Eclesiastes 9:2-7)

Este é o maior conselho que um livro já deu para a humanidade, independente do sujeito ser religioso ou ateu, místico ou cético, agnóstico ou sem religião, pois o viver o dia que se chama hoje é verdadeiramente um presente, seja dado por deus (religioso) ou pela natureza (ateu), o importante é que existimos, e se existimos, devemos fazer valer a pena nossa caminhada existencial pela terra.

E por ultimo, o maior pecado de todos: minha paixão e reverencia por Jesus Cristo...isto mesmo que você “ouviu”...repito mais uma vez em alto e bom som: minha paixão e reverencia por Jesus, tenho grande admiração por ele, independentemente de ele ser ou não um personagem histórico criado a partir da mistura de alguns mitos, ou de realmente ter existido e vivido nesta terra, ele é o cara, e para mim, esta entre os maiores homens que esta terra já conheceu ou ouviu falar um dia.

Foi através de Jesus que eu me tornei evangélico, e foi através dele que entrei no processo de descrença, por anular o deus sanguinário e bárbaro do velho testamento, e ficar com a imagem de um deus pai amoroso construída em Jesus, me tornando um cristão humanista, depois cristão deísta, e finalmente cristão ateu, até chegar no somente ateu que simpatiza e admira Jesus.
Perdoem-me os ateus, mas tem muita coisa bonita nas religiões – como feia também, mas toda a vida é como uma moeda que tem os seus dois lados, ficando ao nosso critério escolher qual lado da moeda que vamos valorizar e priorizar.

Aos evangélicos meu mais sincero tributo por suas belas musica, e toda expressão humana que preenche a vida com significado, e, aos ateus, minhas sinceras “desculpas” pelas minhas fraquezas e pecados cometidos, mas esta é minha historia, minha vida, sendo que a religião foi tudo para mim um dia, e não são 2 anos de descrenças que vão anular excluindo este meu passado que me levou a ser que sou hoje.

Se pudesse voltar atrás no tempo e escolher, escolheria viver tudo que vivi, pois hoje mais do que nunca, eu posso dizer que vivi, experimentei e não apenas estudei a religião como o ateísmo, por isso, sou mais forte, e tenho autoridade para transitar entre estes dois mundos distintos mas que no final se completam, pois são humano; o mundo do misticismo, da religiosidade, e o mundo do ceticismo, do ateísmo, tudo isto me completaram, e me fizeram ser o que fui, o que sou e o que ainda serei.

sábado, 10 de novembro de 2012

As analises e previsões de Freud sobre a religião (estaria ele certo?)




Por: Marcio Alves

Acabei de ler “O futuro de uma ilusão” de Freud, e, em cima deste texto, quero de forma bem resumida e objetiva, expor a opinião do pai da psicanálise, que foi sem duvida alguma, um dos maiores homens da historia da humanidade, sua analise e previsão sobre a religião especificamente, (pois o texto aborda outras questões igualmente relevante) como também, dar minha opinião sobre os seus apontamentos...estaria Freud totalmente certo?

Freud inicia esclarecendo que para ele, o processo civilizatório, que levou e elevou o homem de “animal” primitivo bárbaro, para o homem moderno, tal qual conhecemos hoje, foram; “(1) o conhecimento e a capacidade que o ser humano adquiriu com a finalidade de controlar as forças da natureza e extrair a riqueza desta para a satisfação das necessidade humanas. Por outro, inclui todos (2) os regulamentos necessários para ajustar as relações dos homens uns com os outros e, especialmente, a distribuição da riqueza disponível” (Freud)

Em todo esse processo de “humanização”, não foi somente o homem que se “humanizou” como sua vida em grupo, mas também, segundo Freud, as forças temíveis e desconhecidas da natureza, principalmente a morte, pelos nossos ancestrais, fazendo das mesmas, pais e deuses, criando crenças, que mais tarde se tornaram religiões. O que Freud quer dizer, segundo minha opinião, é que, todas as realizações de nossa civilização, incluindo aqui, principalmente todas as religiões e crenças, nasceram do impulso/instinto de autodefesa contra as forças opressivas e assustadoras da natureza.

Neste ponto, quero que você meu caro leitor pense comigo duas questões igualmente importantes:
O primeiro é que os deuses, como anjos, demônios e espíritos, tem características humanas, não seria isto uma das “provas” incontestáveis que, mais do que Deus dizer ao homem “faço-te a minha imagem e semelhança”, foi o homem quem criou os deuses e todos os espíritos a sua “imagem e semelhança”, contando (inventando) depois, que foram os deuses quem disseram isto, sendo perpetuada esta crença, de tal forma, que hoje, isto foi “escrito” em tabuas de mármore, e, é aceito sem nenhum questionamento pelos religiosos?

E, a segunda, e não menos importante, é a questão de que Freud deixa claro, de forma inequívoca no seu texto, que o medo e o desejo são os dois fatores primordiais que fizeram tantos os homens criarem as crenças nos deuses como protetores, e na vida depois da morte como recompensa e consolo, como também mais ainda a necessidade de acreditar nisto tudo, daí, a maioria dos religiosos quando são confrontados por questionamentos sobre sua religião e crença, terminarem o dialogo com a frase que virou jargão popular: “se você não acredita, eu creio, não importa o que você me diga, eu nunca vou deixar de crer, até porque, a crença me faz me sentir bem, e, isto é o que importa”.

Ora, se Freud estiver certo neste ponto, como “acho” que esta, se a crença nasceu e se mantém do medo do desconhecido que era até então as forças da natureza para nossos primitivos ancestrais, como ainda é a morte para muitos de nós, juntando se a isto, o desejo de acreditar nessas mesmas crenças para aplacar o medo, a angustia, o sentimento de desamparo que todos nós compartilhamos, de nossa real finitude e insignificância, o homem, só poderia mesmo crer, seguindo alguma religião, embora, estando este medo e desejo no inconsciente, é totalmente lógico e racional, até porque, a razão é serva dos nossos desejos, medos e vontades, como disse Schopenhauer.

Freud chega a afirmar que “(...) se voltarmos nossa atenção para a origem psíquica das idéias religiosas. Estas, proclamadas como ensinamentos, não constituem precipitados de experiência ou resultados finais de pensamento: são ilusões, realizações dos mais antigos, fortes e prementes desejos da humanidade. O segredo de sua força reside na força desses desejos. Como já sabemos, a impressão terrificante de desamparo na infância despertou a necessidade de proteção - de proteção através do amor -, a qual foi proporcionada pelo pai; o reconhecimento de que esse desamparo perdura através da vida tornou necessário aferrar-se à existência de um pai, dessa vez, porém, um pai mais poderoso. Assim o governo benevolente de uma Providência divina mitiga nosso temor dos perigos da vida” (Freud)

Por isso que “Ilógico”, “incoerente”e “loucura” mesmo é ir contra tudo isto, toda esta crença milenar, crida e sustentada pela maioria, contra nosso medo, desejo e desamparo mais intimo, não crendo em nenhum Deus, não seguindo nenhuma religião e crença, assumindo nossa mais pura condição humana de duvida, de incerteza, mas, de coragem de caminhar pela existência sem as muletas, manuais e mapas da religião.

Freud acreditava que mesmo a “deusa” e “toda poderosa” ciência não seria suficiente para acabar de vez com a religião, como se iludem muitos ateus militantes que desejam o fim da religião, porque psiquicamente, a ciência nunca poderá substituir a função e papel da religião no psiquismo humano, e, neste sentido novamente eu tenho que concorda com o mestre e pai da psicanálise, embora, através da ciência o homem moderno atual diferem e muito do antigo religioso, porque aprendeu com o avanço e disponibilidade do conhecimento, a ser mais criterioso e racional, mas, isto ainda, não determina o fim da religião, na verdade, eu já escrevi algumas vezes, que a religião nunca deixará de existir, por vários fatores expostos nesta postagem como em outras, e, tomará mesmo que nunca acabe, pois mesmo sendo ateu, como estudante de psicologia vejo significado e importância da religião para muitas pessoas, alem do fato de que o mundo seria sem graça e perderia o seu colorido se todo mundo se tornasse ateu, pois a pluralidade e diversidades de ideias e crenças tornam o mundo para o ser humano, “infinito” em suas possibilidades e escolhas, como são “infinitos” a subjetividade e particularidade de cada individuo.

E para terminar, esta postagem que já está ficando muito extensa, um pensamento de Freud que discordo, ou melhor dizendo...que não concordo inteiramente, e, isto não com o que ele irá dizer, mas sim com o que esta nas “entrelinhas”, pois ele afirmou que: “A religião, é claro, desempenhou grandes serviços para a civilização humana. Contribuiu muito para domar os instintos associais. Mas não o suficiente. Dominou a sociedade humana por muitos milhares de anos e teve tempo para demonstrar o que pode alcançar. Se houvesse conseguido tornar feliz a maioria da humanidade, confortá-la, reconciliá-la com a vida, e transformá-la em veículo de civilização, ninguém sonharia em alterar as condições existentes” e, mais: “Não, nossa ciência não é uma ilusão. Ilusão seria imaginar que aquilo que a ciência não nos pode dar, podemos conseguir em outro lugar” (Freud)

O que eu discordo não é com o que está escrito, mas antes com a possível ideia interpretativa, que para mim não passa de ilusão, fantasia e sonho, de que o homem é infeliz com a religião, mas de que possivelmente poderá ser feliz com a ciência, pois na verdade, nem religião e nem ciência consegue dar conta de todo este desamparo e finitude própria, inato do homem, que é apenas humano, e como humano, não passa de um ser frágil, carente, desamparado e infeliz, porém, a ciência e em alguns momentos a religião, podem colaborar em amenizar o sofrimento humano, mas nunca, em hipótese alguma, acabar de vez, pois uma vida sem sofrimento só “existe” mesmo no céu das fantasias mais desejantes e ilusórias das promessas existentes nas crenças religiosas...se assim fosse, bastaríamos então todos morrer para gozarmos deste paraíso, mas como no fundo no fundo ninguém acredita de verdade, ninguém quer morrer para “pagar pra ver”, deixemos então o “céu para os anjos” e aproveitemos nossa curta caminhada em vida na terra.


Texto baseado no “O futuro de uma ilusão” de Freud

sábado, 3 de novembro de 2012

"Dietrich Bonhoeffer" Um exemplo de Pastor Evangélico


Na Galeria dos mártires do século XX da Abadia de Westminster: Madre Elisabeth da Rússia, o Rev. Martin Luther King, o Arcebispo Óscar Romero e o Pastor Dietrich Bonhoeffer.

Nascido em Breslau, 4 de fevereiro de 1906 – Morto em Berlim, 9 de abril de 1945, pelo Nazismo, Bonhoeffer foi um teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã anti-nazista e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista.

Bonhoeffer envolveu-se na trama da Abwehr para assassinar Hitler. Em março de 1943 foi preso e acabou sendo enforcado, pouco tempo antes do próprio Hitler cometer suicídio.

Nascido em Breslau em 4 de Fevereiro 1906, filho de um psiquiatra de classe média alta. Quando jovem decidiu-se seguir a carreira pastoral na Igreja Luterana, doutorou-se em teologia na Universidade de Berlim e fez um ano de estudos no Union Theological Seminary em Nova York. Retornou a Alemanha em 1931.

Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando em 1934 diversos pastores luteranos e reformados, formaram a Bekennende Kirche, Igreja Confessante, rejeitando desafiadoramente o nazismo:

“Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador.”

Obviamente o movimento foi posto em ilegalidade e em Abril de 1943 foi preso por ajudar judeus a fugirem para a Suíça. Levado de uma prisão para outra, em 9 de Abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com seu irmão Klaus, e cunhados Hans von Dohnanyi e Rüdiger Schleicher.

Sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo foi "Discipulado" (Nachfolge) na qual desenvolve a polêmica acerca da teologia da graça, fundamento da obra de Lutero. O livro opõe-se a ênfase dada à "justificação pela graça sem obras da lei", afirmando que:

"A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja. A nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa que é um tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende tudo que tem (...) o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga suas redes e segue (...) o dom pelo qual se tem que orar, a porta a qual se tem que bater."

Destas linhas já se denota o profundo "fazer teológico poético" que tanto caracteriza a obra de Bonhoeffer.

Quando já estava sendo perseguido pelo nazismo, Bonhoeffer escreveu um tratado considerado por muitos uma das maiores obras primas do protestantismo, que denominou simplesmente "Ética". É nesta obra que ele justifica, em parte, seu engajamento na resistência alemã anti-nazista e seu envolvimento na luta contra Adolf Hitler, dizendo que:

“É melhor fazer um mal do que ser mau.”

Suas cartas da prisão são um exemplo de martírio e também um tesouro para a Teologia Cristã do século XX.

No dia 4 de fevereiro de 1906 nascia o pastor e teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer. Pendurar este homem numa forca como inimigo pessoal do Führer foi um dos últimos atos de Hitler, pouco antes de ele mesmo acabar com a sua miserável vida. Mais que o espião ousado e o integrante de um grupo que planejou eliminar o ditador alemão, Bonhoeffer entrou para a história como um ser humano de extraordinária reflexão e fé, mesmo diante da iminência da morte, em 4 de abril de 1945, no campo de concentração de Flossenbürg.

A sua angústia enquanto esperava pelo fim iminente foi traduzida em poesia e lirismo fascinantes. Esta canção, "Von guten Mächten wunderbar geborgen", é o melhor exemplo do que eu digo. Ouça, atentamente, o texto de Bonhoeffer no original. Para os que não entendem de alemão, abaixo uma tentativa de tradução:

    Carta de Bonhoeffer à sua esposa
 
Von guten Mächten wunderbar geborgen Songtext:
Von guten Mächten treu und still umgeben,
behütet und getröstet wunderbar,
so will ich diese Tage mit euch leben,
und mit euch gehen in ein neues Jahr.

Ref:

Von guten Mächten wunderbar geborgen
erwarten wir getrost, was kommen mag.
Gott ist mit uns am Abend und am Morgen
und ganz gewiss an jedem neuen Tag.

Noch will das Alte unsre Herzen quälen,
noch drückt uns böser Tage schwere Last.
Ach, Herr, gib unsern aufgescheuchten Seelen
das Heil, für das Du uns beweitet hast.

Ref:

Und reichst Du uns den schweren Kelch, den bittern
des Leids, gefüllt bis an den höchsten Rand,
so nehmen wir ihn dankbar ohne Zittern
aus Deiner guten und geliebten Hand.

Ref.

Doch willst Du uns noch einmal Freude schenken
an dieser Welt und ihrer Sonne Glanz,
dann wolln wir des Vergangenen gedenken,
und dann gehört Dir unser Leben ganz.

Ref.

Lass warm und still die Kerze heute flammen,
die Du in unsre Dunkelheit gebracht,
führ, wenn es sein kann, wieder uns zusammen.
Wir wissen es, Dein Licht scheint in der Nacht.

Ref.

Wenn sich die Stille nun tief um uns breitet,
so lass uns hören jenen vollen Klang
der Welt, die unsichtbar sich um uns weitet,
all Deiner Kinder hohen Lobgesang.


Tradução


Maravilhosamente protegidos por bons poderes,
consolados, aguardamos o que vier:
Deus está conosco à noite e pela manhã
e com certeza a cada novo dia.

Quando o silêncio se espalhar profundamente ao nosso redor,
permite que possamos ouvir aquele som repleto
do mundo, que de modo invisível se espraia em torno de nós,
do canto de louvor de todos os teus filhos.

E ao nos estenderes o pesado e amargo cálice,
cheio de sofrimento até sua mais alta borda,
nós o tomaremos, agradecidos e sem tremor,
de tua bondosa e amada mão.

Mas, se mais uma vez nos queres presentear alegria
neste mundo e em seu Sol brilhante,
queremos relembrar o que passou
e entregar-te toda a nossa vida.

Cercado de bons poderes em fieldade e quietude,
protegidos e maravilhosamente consolados,
assim quero viver estes dias com vocês
e caminhar com vocês na direção de um novo tempo.