terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quando Nietzsche chorou - Irvin D. Yalom

Resumo do livro:

No último quarto do séc. XIX em Veneza, no café Sorrento, tem lugar um encontro entre o médico austríaco, Josef Breuer e a insinuante jovem russa Lou Salomé, que promoveu uma série de outros encontros entre aquele e Friederich Nietzsche.

Explicadas as motivações tecidas à volta de um triângulo amoroso entre si, Paul Reé e Nietzsche, e porque a humanidade não poderia arriscar-se a perder o seu mais proemitente filósofo, Lou materializa a primeira entrevista deste com Breuer, por intermédio do amigo comum Overbeck, com vista à descoberta da origem do mal, que vinha atacando o filósofo, o qual, é mantido na ignorância desta sua diligência, por aquela saber o que este pensa das ajudas desinteressadas.

Horas de intensa observação deram a conhecer a Breuer a personalidade obstinada e orgulhosa de Nietzsche. Como tratar alguém que recusa ajuda? Porque recusa?

Frustrado o acordo para o tratamento, despediram-se friamente. Mas uma recaída do filósofo retoma o contato com Breuer que lhe ouve, em estado quase comatoso um inesperado mas inconsciente pedido de ajuda. Aberta a brecha, Breuer avança, decidido a fazer Nietzsche ceder às suas tentativas de penetração na sua, até então, inviolável psique. Mantinha-se, no entanto, inexpugnável o filósofo a quaisquer intromissões na sua fortaleza interior. Sucedem-se diálogos de prospecção psíquica, tão duros como inteligentes que os conduzem a um acordo peculiar.

Assentam, então num tratamento recíproco. Breuer, autor da iniciativa, aceita como clínico tentar debelar as enxaquecas de Nietzsche, e este como médico da mente, aceita tratar Breuer. Homem realizado na sociedade vienense, pela excelência da sua ciência e do seu profissionalismo, Breuer conquistou a fama pela descoberta da importância do ouvido interno para o equilíbrio.

Tendo aplicado o mesmerismo a Bertha, uma jovem lindíssima, sua paciente, com uma grave histeria, criou problemas pelo tempo passado junto da doente, que fizeram nascer em Mathilde, sua esposa, ciúmes inconvenientes. A passar dos quarenta anos, Breuer pergunta-se se era aquilo por que tinha lutado. Um sonho que recorrentemente o perseguia, e de que já havia falado com o seu amigo Freud, curioso destas fitas cerebrais, piora a situação pelo que poderia significar. Mas com Bertha afastada da sua vida Breuer sente começar a descer para um subterrâneo desconhecido.

A argúcia argumentativa de Nietzsche, calça botas de soldado com que lhe pisa a estrutura familiar laboriosamente construída. E confronta-o, sem piedade, com a paternidade das escolhas assumidas. Então compreende! Não havia sido Breuer a escolher o seu caminho. Sempre na esteira dos outros. A carreira, os amigos, o bem-estar, a mulher tinham-no moldado aos seus interesses. A sua genuinidade dormia sob o anestésico da sociedade. Sentiu um ferrão a rasgar o tórax. As escolhas não tinham sido suas. Foram eles que lhe apontaram os caminhos. Como a um cavalo condicionado por antolhos. E de repente tudo se desmorona.

Nietzsche médico das almas, cruel cirurgião da mente, tendo penetrado nos labirínticos meandros da psique de Breuer, desperta-lhe a força da idiossincrasia própria de um ser irrepetível e único, pelo que começa a sentir-se como o caçador caçado. Equipado com as armas necessárias à superação de si, Nietzsche encaminha Breuer para um exercício de auto-consciência, o qual, induzido por hipnose pelo seu amigo Freud, consegue figurar Bertha, na intimidade com um outro clínico, dessacralizando assim momentos considerados como possíveis unicamente consigo. Imagina-se, então, profundamente ridículo. A catarse funcionou. Breuer recuperou-se e tornando-se naquilo que é assumiu-se como autor do seu futuro. Sorridente, afirma-se curado para desgosto de Nietzsche que assim perde mais um amigo.

Nietzsche, a maior parte do ano doente, acometido por doenças do foro psiquiátrico acompanhadas de graves manifestações somáticas, era um homem deprimido. A atravessar desertos de solidão. Uma solidão altiva, desejada, própria dos fortes. A sua imaginação febril, afectada pelo rompimento com Wagner, ficou fundamente abalada com as notícias da irmã Elizabeth sobre o que Lou fazia correr sobre ele na sociedade. A traição de novo a corroer-lhe as entranhas. Está condenado a viver só com o seu mal. Longe do mundo e dos homens. Voltaria a galgar o alto Engadine de onde administraria na companhia da sua querida e orgulhosa dor o vasto e exclusivo império do seu EU, tanto mais robusto quanto mais sofrido.

Breuer sarado tinha de se ir embora. É quando se apercebe da íntima tristeza com que Nietzsche saudou a sua cura, e lembrando-se do pedido de ajuda, resolve fazer xeque mate ao mal do, agora, seu amigo. Sempre vencido nos diálogos mantidos com ele, não podia dispersar esta oportunidade única. Tal mostra de fragilidade seria a salvação dele. E sua também. Como clínico. Como amigo.

Se consigo Bertha foi a um tempo a origem da sua angústia, não teve dúvidas em eleger Lou Salomé como uma das grandes causadoras dos pesadelos, insônias e aflições de Nietzsche. Que finalmente se abre e denuncia um coração dilacerado, ao saber que aquela havia produzido, com ele Breuer, o mesmo comportamento insinuantemente provocador tal como, com ele, Nietzsche, que se julgava, no recesso do seu individualismo, senhor absoluto dos mimos de Lou Salomé.

Chamando então a si Freud e toda a sua ciência, a par de tudo o que com o filósofo aprendera, Breuer, impiedoso, perscruta aquele coração, libertando-o da solidão auto imposta, como sobrevivência num mundo imperfeito. Com a certeza e segurança da amizade entretecida na cumplicidade da dor, diluída pelo abraço que acede ao humano, demasiado humano. E que se torna menos mau sempre que um homem chora.

Editora: Ediouro
Pág. 407
Edição: 14ª
Autor: Irvin D. Yalom
Ano: 1992


Edson Moura

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Crime e Castigo - Fiódor Dostoiésvski


Resumo do livro:

Se você não leu, certamente já ouviu falar. Crime e Castigo, do russo Fiódor Mikháilovitch Dostoiésvski, foi publicado pela primeira vez em 1866 e foi o primeiro romance do autor traduzido para línguas da Europa Ocidental.

O livro relata a angústia e o sofrimento vividos por Ródion Románovitch Raskólnikov, um jovem estudante de direito que se vê marginalizado pela falta de dinheiro. Após ter cometido o assassinato de duas mulheres: Alena Ivánovna, uma velha usurária, a quem Raskólnikov empenhava alguns objetos para obter dinheiro para sua sobrevivência e Isabel Ivánovna, irmã da usurária, também assassinada, por estar no lugar e hora erradas.

A história, que se faz interessante já pela originalidade seu enredo central, é uma das obras mais importantes da literatura mundial por ser um verdadeiro ensaio psicológico das personagens, uma qualidade ímpar dos escritores russos.
A trama, à primeira vista, é um romance policial: descobrir um assassino. Assassino esse que está revelado ao leitor desde o início. Seria um romance policial comum se a narrativa não se fizesse transcorrer numa teia envolvente de personagens e tramas paralelas capazes de prender o leitor não mais para a resolução do caso, mas para a resolução dos dramas humanos que o autor propõe.

Sem dúvida, trata-se de uma história única capaz de produzir sentimentos diversos e intensos para quem a lê. E se você ainda não está convencido sobre a importância deste livro basta dizer que Crime e Castigo é considerado por muitos, e importantes críticos literatos, como o grande romance de todos os tempos.

Então, meu amigo, se você ainda não leu, trate de sair da frente deste computador e corra a uma livraria, sebo ou até mesmo para a coleção de livros velhos e empoeirados do vovô e extasie-se pela trilha intrincada de ações e sentimentos que é você: ser humano.

Edson Moura

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Justiça e Perdão


Outro dia um amigo emprestou-me um filme muito interessante que tinha como tema a vingança.Tudo bem que a produção era daquelas baratas, mas ao final dele, fiquei pensativo a respeito do tema. A história era de uma escritora que ao isolar-se em uma cidadezinha para escrever mais um de seus romances, acabou sendo violentada por quatro jovens e até pelo xerife da cidade. Após sobreviver ao ataque, ela retorna para vingar-se, coisa que faz com requintes de crueldade. Entre cortar pênis, e introduzir espingardas em ânus, ou afogar um deles em soda cáustica ela se satisfaz e sente-se bem com a sensação de dever cumprido.

O interessante é que logo pela manhã eu presenciei uma cena que me remeteu ao filme. Um rapaz muito mal educado começou a agredir verbalmente o motorista do ônibus. Chamou-o de chifrudo, velho lerdo, “viado”, e outros adjetivos que julgo desnecessário citar aqui. O motorista aceitou àquelas provocações como um perfeito cavalheiro. Pensei comigo: ele deve ser um daqueles crentes que aceitam tudo calado, pois o Senhor é seu juiz. Eu particularmente já estava “espumando de raiva”, mas me controlava, afinal de contas, eu também aprendi que não se deve pagar o mal com mal.

Ao chegarmos na av. Cidade Jardim, um dos pontos mais lotados da zona leste de São Paulo, fui surpreendido com a atitude do motorista. Ele arrastava o ônibus bem devagarinho, ao tempo em que ia chamando o rapaz de corno, dizendo que a cara dele era de chifrudo, que a mulher dele provavelmente estaria dando pra outro enquanto ele saía pra trabalhar. Chamava-o de “pião”, dizia que enquanto ele (o rapaz) pegava um ônibus lotado para chegar ao trabalho, seu carro zero estava estacionado na garagem da empresa. Acreditem, cheguei a sentir uma pontinha de pena do jovem (mas passou rápido). O motorista foi cruel em sua vingança. Premeditou tudo e foi muito feliz em sua desforra.

Pergunto-me: estaria certo o motorista ao buscar justiça? A atitude dele pode ser recriminada, tendo em vista que devemos evitar discussões nos dias atuais? Ou será que ele deveria ter ido além e ter dado uma boa de uma surra naquele jovem desaforado? Bom, particularmente acho que ele deveria sim, ter descido do ônibus e socado aquele rapaz, só para ele aprender a respeitar aos mais velhos. Só assim o motorista conseguiria se impor frente ao seu adversário. A coragem de enfrentar as dificuldades e a busca por justiça não são qualidades apreciadas por Deus? Não! Este é discurso islâmico.

É evidente que o discurso islâmico de posiciona contrário ao discurso cristão. Enquanto para o Islã o “pecado” precisa ter uma punição do mesmo peso e natureza, no cristianismo, a orientação é desconsiderar a injustiça cometida. Jesus delega a Deus a função de fazer justiça e obriga o injustiçado a perdoar aquele que o injustiçara. (..e perdoai [Deus] as nossas dividas [injustiças, pecados], assim como nós perdoamos nossos devedores Mt 6:12). Ao relembrar o episódio no ônibus, não consigo evitar a frase que me vêm à mente: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal, mas, se alguém lhe bater na face direita, oferece-lhe também a outra”.

Depois de muito refletir, cheguei à conclusão de que “perdão e justiça” são valores éticos inconciliáveis, antagônicos, impraticáveis dentro de um mesmo contexto. O mesmo se dá aos valores “igualdade e liberdade”, ou seja, para se obter um estado de igualdade de condições e de oportunidade entre pessoas de um mesmo grupo ou sociedade, é preciso sacrificar a liberdade de se fazer o que deseja. Em grupos e sociedades liberais, como a sociedade de mercado, por exemplo, a liberdade de agir é a mola propulsora do progresso, mas, a desigualdade social acaba sendo um efeito colateral aceitável. O lema da revolução francesa até que soa bonito... “Liberdade e Igualdade”... mas, é totalmente impraticável.

É preciso fazer valer os nossos direitos, e quando esses direitos nos pedem para reagirmos a uma agressão com outra agressão, por que não? Poxa vida! Até quando viveremos na mediocridade? Até quando seremos capachos de nossos detratores, só porque Jesus falou que assim deveria ser? A morte de Jesus e de Pedro na cruz, sem que ambos reagissem contra seus inimigos, nos mostra o extremo da passividade e da tolerância em relação à injustiça. Provavelmente o conflito entre justiça e perdão seja o causador do grande mal-estar nas sociedades de orientação cristã.

O “bom religioso”, obediente às leis bíblicas e civis, vive em sociedade sendo explorado pelo seu patrão capitalista, pelo banco que lhe empresta dinheiro a 13% ao mês enquanto só paga 0,5% na poupança, pelos políticos que lhe tomam dinheiro com os impostos e não lhe devolvem em saúde, educação e segurança e transporte descente conforme nos é garantido pela Constituição, entre outras impunidades para as quais não tomamos atitude em nome do perdão que está arraigado em nossos subconscientes. Nossa ira inconsciente gerada pelo desejo voraz de justiça esbarra em uma orientação moral, da qual muitas vezes não temos consciência, que nos impede de tomar uma atitude.

Não me envergonho de escrever essas coisas, mas me envergonho por ter permanecido passivo por tanto tempo, estóico, contente com as agruras, e feliz por saber que um dia Deus me acolheria e todo sofrimento então teria fim. Quanto tempo eu perdi, e quantas lágrimas minhas poderia ter evitado se tivesse provado o sabor incomensurável da “doce vingança”.

Edson Moura



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Dias de Perdão - Michael Gregório

Sinopse do Livro:

Na Prússia conquistada pelos franceses, o jugo da mão de Napoleão Bonaparte impõe medo e repressão na população. Nesse cenário, o renomado magistrado Hanno Stiffenis é intimado a acompanhar alguns soldados franceses que inesperadamente batem a sua porta. De imediato o procurador pensa o pior: era de conhecimento de todos que muitas dessas visitas resultaram no desaparecimento sem explicação de várias pessoas por serem consideradas opositoras aos estrangeiros.

Hanno era conhecido pela sua proximidade com um dos maiores personagens do país, o filósofo Immanuel Kant, que lhe ajudou a solucionar uma série de assassinatos na capital Könisberg.

Seria possível que aquela amizade o levaria à prisão ou pior, a morte?

No livro Dias de Perdão, segundo volume da série que apresenta Hanno Stiffenis como um detetive de casos misteriosos, o autor Michael Gregorio continua compondo um ótimo romance histórico misturando com maestria mistério e investigação, como Arthur Conan Doyle fez com o seu Sherlock Holmes. No primeiro livro, Crítica da Razão Criminosa, Stiffenis e o célebre pensador Kant se unem para desvendar uma série de assassinatos sem explicação.

Agora no recém-lançado Dias de Perdão aborda a Prùssia conquistada por Bonaparte em 1807 e os temores de muitos dos seus habitantes. Hanno, contudo descobre aliviado que a convocação foi feita pelo coronel do exército Francês Serge Lavedrine, para desvendar um novo caso: solucionar o assassinato de três crianças, encontradas mutiladas em uma casa afastada da cidade de Lotingen e o desaparecimento de sua mãe. Laverdrine, um criminologista muito interessado nas palavras e estudos que Kant deixou sobre a natureza do crime, queria ver como Hanno sairia na investigação sob a pressão do governo da Prússia, de alguns rebeldes, do próprio invasor francês e do anti-semitismo vigente na época.

Michael Gregorio, ou melhor a dupla Michael G. Jacob e Daniela De Gregorio recriam com bastante atenção no cenário histórico um thriller que seguirá o sucesso do livro anterior. A paisagem sombria das florestas e das cidades congeladas durante o inverno de 1807 é retratada com vigor, além de também abordar com uma pena hábil temas como o crescente nacionalismo, o anti-semitismo, a emancipação judia e a emergência das ciências, tudo isso, entrelaçado com a investigação que Hanno e Lavedrine fazem para o mistério da morte das crianças.

Hanno irá procurá Bruno Gottewald, o pai dos garotos, deixando com muito receio sua esposa e seus dois filhos, ante o ambiente terrível que sua cidade passava. Bruno, está servindo o exército da Prússia numa fortaleza bem afastada, comandada pelo fanático general nacionalista Katowice. No local, descobre que o major foi assassinado misteriosamente em um exercício de treino.

Em seu retorno à Lotingen, um cadáver de uma mulher é encontrado esmagado em um armazém, Hanno logo descobre que é a esposa do major morto e o mistério aumenta, em poucas semanas, uma família prussiana foi eliminada. O que estaria acontecendo? Seria um ato francês para aumentar seu poder? Ou seria a culpa dos judeus? Ou ainda, uma trágica coincidência? Narrado em primeira pessoa, pelo protagonista da narrativa, Dias de perdão segue e desenvoltura do primeiro, mergulhando o leitor no ambiente da época, com as problemáticas da população, de seus governantes e dos invasores estrangeiros.

Uma leitura envolvente do início ao fim, o "autor" cria mais uma vez a atmosfera histórica em conjunto com a exploração de técnicas de investigação criminal para montar um ótimo romance histórico. 

Edson Moura

Crítica da Razão Criminosa - Michael Gregório


Em 1804, enquanto as tropas napoleônicas rondavam as fronteiras da Prússia, ameaçando uma invasão, uma série de estranhos assassinatos atormentava a capital do reino germânico, Konisgsberg. O magistrado Hanno Stiffeniis é convocado para investigar os crimes, por ordem do próprio rei.

O jovem agente judiciário sai da pequena Lotingen, na fronteira com a Polônia, onde reside com a família e se refugiava de um passado turbulento. Viajando para a famosa cidade das Sete Pontes, descobre que quem o indicou para o sinistro caso fora o filho mais famoso da cidade, e certamente também de toda a Alemanha: o filosofo Immanuel Kant.

O professor de filosofia Michael Gregorio com esse enredo, estréia com, "Crítica da Razão Criminosa" (tradução Liliana da Silva Lopes, 464págs, Planeta), um thriller de mistério, onde confronta a razão filosófica e a ira criminosa, a ciência e a superstição, a investigação cientifica e a revelação espiritual cabendo ao leitor uma narrativa precisa e surpreendente que coloca em choque dois condicionadores do comportamento humano, o bom senso racional e a fé supersticiosa.

Um ótimo romance histórico, que abre uma nova série, ambientada na antiga Prússia e protagonizada pelo magistrado burguês Hanno Stiffeniis. Em seu primeiro caso, Stiffeniis tentará a luz da lógica achar o responsável pelos assassinatos em série.Trabalhando sob a vigilante e perspicaz supervisão de Kant, cuja fria racionalidade e ânsia de conhecimento ocultam um caráter inquietante. Com um passado que lhe persegue, o magistrado influenciou o grande pensador sete anos antes em um novo trabalho, um trato obscuro sobre a mente doentia de um assassino.

Immanuel Kant, célebre no mundo todo por suas publicações filosóficas, entre as quais, "Crítica da Razão Pura", possivelmente o livro mais influente da moderna filosofia. Vivia em uma casa nos arredores da capital prussiana, uma velhice sem notoriedade, pelo menos era o que se acreditava. Ainda era bem respeitado, por seu notável raciocínio, pela regularidade de seus hábitos, o temperamento severo e a impecável elegância. Kant, cujo vasto conjunto de idéias fora atacado pelas marés do romantismo, e logo a seguir pelo tsunami de Hegel, analisava o comportamento humano distinguindo o conhecimento sensível (que abrange as instituições sensíveis) e o conhecimento inteligível (que trata das idéias metafísicas). Stifffeniis usa essa Razão para investigar quatro estranhas mortes aparentemente sem solução, esforçando-se para ligar as peças daquele quebra-cabeça, apesar da supersticiosa população e inércia do trabalho dos policiais que conduziram as investigações.

Michael Gregorio desenvolve com habilidade a psique de cada personagem, fazendo uma história que envolve prostitutas, curandeiras, negromantes que asseguram falar com os mortos, pietistas em sua luta contra as tentações demoníacas, simpatizantes de Napoleão Bonaparte e os austeros e ineptos policiais prussianos. Brilhante concepção para a participação de Kant no thriller, como mentor do magistrado, aquém dirigirá na resolução dos casos. Como um Holmes e seu Dr. Watson.

Acompanhe neste Crítica da razão criminosa as investigações do jovem magistrado Hanno Stiffeniis, um dos poucos que conversou com Kant sobre as páginas secretas. O escritor Michael Gregorio construiu uma trama apaixonante, na qual razão e superstição combinam-se de uma forma assustadora.

Você irá se surpreender com o desfecho que Michael Gregória dá à trama. Passará então a amar e por muitas vezes, odiar as atitudes do homem para favorecer ou, proteger a memória daqueles que admiramos.
  • Editora: Planeta do Brasil

  • Autor: MICHAEL GREGORIO

  • ISBN: 8576652218

  • Origem: Nacional

  • Ano: 2006

  • Edição: 1

  • Número de páginas: 464

  • Acabamento: Brochura

  • Formato: Médio

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A extinção do homem


As mulheres, todas elas, já deveriam estar cientes, já que parece que algumas ainda não perceberam que o homem é um ser que está beirando a extinção. Algumas delas, sortudas (ou não) adquirem um exemplar em alguma oficina mecânica, igreja, ou indústria, com muita dificuldade, pois sabemos que existem imitações bem ordinárias. É de extrema necessidade que criem um movimento que hasteiem em mastros bem altos, cuecas, camisetas de Educação Física e canecas de cerveja, em defesa dos últimos espécimes. Reservas ambientais deveriam ser criadas para que este magnífico animal possa se recuperar.

Homem não gosta de aliança, casamento, imposto de renda, mas vai tolerando todos eles, afinal de contas, é uma maneira de obter sexo, um lugarzinho ara dormir, comer e beber água. Mas com o tempo isso acaba lhe saindo tão caro, que ele acaba parando de comer direito, e de fazer sexo (pelo menos dentro de sua “jaula”). Casamento, família, sogra, estas coisas foram feitas para mulher... estão extinguindo os homens.

Não mande, nunca, em hipótese alguma, flores para um homem. Homem mesmo, os de verdade, são aqueles que vêm as flores apenas como uma variedade de alface. Mande uma caixa de cerveja pilsen, eles preferem. Homem não come brócolis, aliás, ele nem sabe o que é isso. Come carne vermelha, de preferência mal passada.

Algumas pessoas falam mal, dizem que homens são grossos, que arrota, solta peidos altissonantes, mas essas coisas quem diz são as pessoas que não conhecem ou não gostam de homens, ou gente que tem inveja... tem muito invejoso por aí. O homem não arrota alto por falta de educação, arrota porque tem opinião.

Nunca dê carinho a um homem, ele vai pensar que você está doente. Coloque uma lingerie bem sensual e incline-se entre ele e a TV no intervalo do futebol, (atenção! Apenas no intervalo, senão vai irritá-lo) isso é o mais próximo de carinho que ele vai entender. Para um homem, a mulher é um ser estranho... maluco, cuja melhor parte é a bunda. Não pense, nem um minuto de sua vida, que um homem entende você. Se ele entendê-la, certamente não é homem. Homem entende de bombas de gasolina, futebol, taxa de juros e é claro... de bunda.

Quer agradá-lo convidando-o para ir ao cinema? Esqueça. Se quiser mesmo agradá-lo, basta não incomodá-lo. Já estará agradando-o muito, acredite. Uma dica de homem. Faça o seguinte: diga a ele que nunca vai querer se casar, que tem horror a filhos, que nunca menstrua porque fez aquele tratamento da Ana Paula Arósio, que não gosta de shopping, que jamais vai querer um cartão de crédito, pois você acabaria comprando o que não precisa, com um dinheiro que você não tem, diga que não tem mãe, que sua família mora na África, que você quer sexo sem compromisso, que você ganha seu próprio dinheiro.

Se ele acreditar em tudo isso, certamente vai querer casar com você. Mas atenção, não case! Ele vai saber que foi uma armadilha. Mas pensando bem, se ele for homem mesmo, homem de fato, é burro demais para estas coisas. São facilmente abatidos. Tanto é verdade que estão em extinção.

Pelo menos uma vez por semana, coloque uma cerveja na frente de seu homem para saber se ele está bem de saúde. Desinteresse pode ser sinal de doença, sei lá, talvez uma infecção. Não diga nunca, nunca mesmo, que seu irmão virá lhe visitar. Homem não gosta de mulher que tem irmão. Faça o seguinte> diga que uma pessoa que deve uma grana a você está vindo lhe trazer o cheque. Ele vai até abrir a porta para ele e ficará por perto.

Quer sensibilidade? Cultive violetas, rosas, orquídeas... orquídeas cor-de-rosa. Quer amor? Crie um cachorro ou um gato, aliás, gato não, homens não gostam muito de gatos. Quer poesia? Leia Fernando Pessoa, Drummond de Andrade, Neruda. Quer conversar? MSN é uma ótima escolha. Está se sentindo sozinha? Convide uma amiga para tomar um chá. Quer falar sobre aspectos ginecológicos? Ginecologista, é óbvio. Se não está mais agüentando certas coisas e precisa desabafar, procure um padre.

Mas se, de fato, você insiste em intimidades, se realmente quer se expressar com seu homem, se você é mesmo teimosa (e mulher é!), fale que não precisa trocar o carro, que este está ótimo. Diga que não é preciso pintar o muro, afinal, muro não se pinta. Diga que sua família vai se mudar da África para a Sibéria, ou que o time dele contratou um zagueiro da seleção.

Homem é fanfarrão, mentiroso (ôh se é!), mas sempre de um modo viril. Minta pra ele. Diga que ele é um espetáculo na cama, que você nunca conheceu ninguém igual. Ele vai acreditar. Diga que é desnecessário ele fazer musculação, afinal, se ele ficar mais gostoso do que já é você não responde por si se uma piranha na rua mexer com ele. Acredite, é impossível um homem não acreditar em um elogio, a não ser quando a questão envolva dinheiro.

Homem é um bicho pouco inteligente, mas que acha que é inteligente. Alguns pensam que sabem tudo, tem um modo empinado de ver o mundo, e se possuem dinheiro e trabalho, usam isso como argumento. São geralmente os mais burros, mas não discuta isso com eles, pois não entenderão. Homem quando não entende briga. Quando entende briga. E quando briga acha que está certo, sei lá, deve ser genético.

Lembre-se: Quem se destaca é o homem. Quem tem sempre razão é ele. Quem é homem é ele. Você é só uma mulher. Fique sempre um passo atrás. Mesmo que já saiba as respostas, pergunte sempre a ele. Não chore, “pelamordedeus”! Geneticamente um homem não tem como lidar com o choro de uma mulher, ele pensa que é dor, não sabe distinguir.

Edson Moura

Adaptação de um artigo de Lucio Parckter (Filósofo Clinico)



sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Morte aos ateus


Por Edson Moura

Pobres de nós ateus que, como cordeiros ingênuos, caímos em covis de lobos ferozes. Pobres de nós ateus que somos vilipendiados pelos intolerantes crentes, e não temos nem sequer a oportunidade de manifestarmos nossa opinião, pois tudo que falamos é tolice. Crentes estes que esqueceram que divino era só o mestre Jesus, e eles, assim como nós ateus, tombaremos sobre a mesma terra, apodreceremos à medida em que somos devorados pelos vermes. Vermes estes que, ao contrário do que disse o messias, acabará ao ver que nada de nós existe mais para ser comido.

Pobres de nós ateus, que no início de nossa descrença ficávamos preocupados com o fato de nossas atitudes estarem fazendo mal aos irmãos que ainda crêem. Pobres de nós ateus que não falamos para nossos filhos e para nossas velhas e crentes mães que DEUS NÃO EXISTE. Pobre de nós ateus que nos calamos quando lá dentro, uma vós implorava para que gritemos nos ouvidos dos crentes que nos aporrinham com suas idiotices, que Jesus não salva ninguém, que céu é lugar de zumbi, e que é preciso ser por demais burro para acreditar em histórias tão absurdas como as que são contadas na Bíblia "Constantinizada".


Pobre de nós ateus que sofremos... sim, sofremos ao ver que não adianta nada falar que a ilusão da fé é o maior freio-social que já puderam inventar. Sofremos por ver nossos irmãos... sim, irmãos, padecerem nas mãos de pastores, padres, líderes espirituais de todos os tipos, sendo levados para um caminho de negação, auto-flagelação de consciência, repressão de desejos humanos...demasiado humanos, estoicismo em pleno século XXI e falência de intelecto.

Pobre de nós ateus, que não queremos o mal de ninguém, que procuramos viver em paz com todos, que desejamos ajudar, ou melhor, agimos em prol daqueles que necessitam de auxílio, seja ele financeiro, sentimental, ou moral. Pobre de nós ateus que não oramos para que o mundo se torne um lugar tolerável, ao contrário disto, nos empenhamos em deixar filhos melhores para este mundo e não um mundo melhor para filhos maus. Pobre de nós ateus, que não temos ajuda de cima, que não somos socorridos por deuses, que não somos protegidos por um criador.

Pobre de nós ateus, que olhamos para o céu e só vemos o negro do espaço disfarçado de azul pelas muitas camadas de atmosfera, não olhamos além disso, não esperamos ser notados, estamos sós, e sós estaremos sempre... pobre de nós ateus.

Pobre de nós ateus, que não nos prendemos a histórias antigas, daquelas que as crianças fantasiam e acabam por usá-las como fuga de seus medos. Pobre de nós, que não conhecemos os mistérios do reino, que não temos sobre nós o sangue do cordeiro, que seremos atirados no lago de fogo e enxofre, apenas para satisfazer os caprichos desse deus mesquinho e mimado chamado Jeová.


Pobre de nós ateus, que desejamos que vivam, e vivam com abundância, enquanto para nós é desejado apenas a morte... a pior delas, a saber, a morte da alma. Pobre de nós ateus que já ardemos em fogueiras "santas", queimados como hereges...mal sabendo eles que os hereges são todos aqueles que acendem a pira. Pobre de nós ateus que não cremos em nada e mesmo assim nos chamam de filhos do demônio. Será que eles não percebem que o "demônio" aplaude e faz festa ao ver um irmão condenar o outro ao "inferno"?

Pobres, sim, somos pobres ateus, mas não apreciem estas linhas com o lamentos, e sim como regozijo, pois são justamente estes pobres ateus que experimentarão as maravilhas do mundo, que errarão tentando acertar, que perder-se-ão buscando novos caminhos, que perguntarão e não obterão respostas, que não se conformarão com o mal deste mundo, mas antes, se transformarão pela renovação constante de seu entendimento, experimentando assim, a boa, perfeita e agradável vontade da existência humana.


Enfim...
Pobre de nós ateus que não temos crise de consciência, somos ateus, e eu pelo menos, pregarei o ateísmo até a minha morte. Morrerei negando a existência de qualquer tipo de deus. Nego-me a desperdiçar minha última palavra com algo que não seja: "Deus não existe". Aliás...consciência? O que é isto senão uma maneira mais educada, e polida para disfarçar a palavra...COVARDIA.

Edson Moura