domingo, 29 de maio de 2011

Porque me tornei ateu (parte 2): Deus! Uma grande ilusão!





Por: Marcio Alves

Sabe meu caro leitor, os ateus são geralmente mal compreendidos, pois quando afirmo que fui a vida inteira crente e agora acabei me tornando ateu, a primeira coisa que as pessoas perguntam (afirmam!) é que sofri algum tipo de trauma, onde o “todo-poderoso” (que não é o timão. Rsrsrs) não interveio (afinal de contas “Deus” tem muito mais coisas “importantes” a fazer no universo do que ficar ajudando os necessitados, mas desde que não sejam seus “escolhidos” – que sempre são os crentes – porque aí ele arranja tempo, pois afinal “Deus” faz distinção de pessoas, entre os “justos” – crentes – e “injustos” – não crentes)

Mas posso dizer que na verdade é justamente o contrário!
Tenho muito testemunhos de “milagres” e “livramentos”, como de “bênçãos” também para contar (ou você meu caro leitor acha que só porque virei ateu eu nunca fui um crente, um “escolhido” por “Deus”?), mas a grande diferença entre você ainda cristão e eu, é que eu cheguei a corajosa conclusão de que não foi o senhor dos anéis (ops! Quer dizer o “Senhor dos Senhores” rsrsrs) que até aqui tinha me ajudado dando uma “mãozinha”, mas que foi, ora a vida com suas contingências (pois o acaso não se resume só a acidentes, mas também a livramentos), ora minha própria capacidade humana de reverter situações, ora também a minha incapacidade ou imperfeição me colocando em apuros (o crente tem a mente tão fértil e desesperada por atenção que ele acha que até quando tudo sai errado é porque “Deus” está provando sua fé...aí é fácil ser “Deus”, pois quando acertamos ele é o premiado e quando erramos é porque está nos testando. Isto ocorre porque a religião cristã projetou em “Deus” todas as qualidades humanas, elevadas a máxima potencia, deixando para o homem todos os defeitos, na verdade, o homem quando adora a “Deus”, ele está simplesmente adorando a si mesmo, porque “Deus” não passa da mera projeção do desejo humano!)

Queremos nos sentir importantes, amados, seguros, sendo o centro da atenção, e quando isto não ocorre na vida cotidiana (como sempre, pois a maioria de nós tem uma vida medíocre), criamos um “Deus” que está sempre de olho em nós, mesmo que seja para nos castigar, pois no fundo (será o inconsciente?) o que desejamos mesmo é ser importantes, mesmo que sejamos para um ser imaginário, mas o que importa desde que venhamos sentir alegre e seguro, não é mesmo? (a verdade da vida, às vezes é insuportável, daí que precisamos do consolo da religião e da idéia de “Deus”)

Mas enfim, graças ao bom “Deus” (que nada! Graças a vida e muitas vezes a mim mesmo, só quis dizer isto para provocar você meu caro leitor. Rsrsr) não sou ateu porque fiquei decepcionado com “Deus” pelas agruras da vida, (até porque seria injusto com “Deus”, pois ele não existe, como posso então culpar o "soberano criador"?) nem muito menos por causa da igreja e de muitos homens de “Deus” que são uma verdadeira mancha e vergonha para o evangelho de homens sérios que acreditaram e lutaram pelas suas ilusões (nunca questionei e nem questiono a verdade subjetiva das ilusões religiosas para seus seguidores, mas o que sempre questionei e vou questionar é a verdade objetiva dessas crenças), até porque admito não ter idéias utópicas, apenas vivo a vida sem grande pretensão e ilusão, como também sem grande desespero e pessimismo, pois para mim, apesar dos pesares da vida, eu amo a existência, adoro viver e não preciso do conforto ilusório do paraíso eterno como consolo para a nossa efêmera e insignificante vida!

Então meu caro leitor, embora você deva tá pensando que eu estou enrolando você, (e, estou mesmo. rsrsr até porque, não tem graça contar logo de cara sem fazer antes um mistério. Rsrsrs) antes de dizer quais caminhos me levaram a descrença total, eu preciso dizer e deixar claro para você, quais os caminhos não me levaram para o ateísmo.

Se você tiver paciência, nos próximos capítulos desta novela (que não é a globo, mas tenho que segurar a audiência. Rsrsrs) irei contar tim tim por tim tim a você, sem esconder nada, todo meu processo de descrença.

Até lá, saboreie as hipóteses criadas em sua fértil mente o porquê do meu declarado ateísmo. (eu sei que você consegue, vai! E se você conseguiu criar em sua mente um ser super poderoso a lá hollywood, você consegue também desvendar todo este meu mistério. Rsrsrsrs)




Por: Marcio Alves

sábado, 14 de maio de 2011

Porque me tornei ateu (parte 1): Minha historia de vida!




Por: Marcio Alves

Toda vez que digo que já fui muito, mas muito religioso mesmo, daqueles fanáticos e completamente apaixonados e fascinados pela ideologia, doutrina, crença e fé religiosa, que abri mão de absolutamente tudo para agradar e “servir” a “Deus” durante uns, mais ou menos, 20 anos de minha vida, ninguém acredita. (acho que nem mesmo “Deus”. Risos)

Todos ficam atônitos, acham um imenso absurdo quando digo que sim, me tornei ateu, que não consigo (embora já diversas vezes tentasse em vão e com dor no coração....porque você meu caro leitor cristão fez esta cara de espanto? Você acha que só porque virei ateu não tenho sentimentos?) acreditar em algo superior, em um ser fora desta realidade, (que existe só na cabeça das pessoas) em um criador, em um ser super poderoso, daqueles nos moldes da mitologia grega, que muito embora nós nunca virmos, apalpamos, ouvimos, se quer sentimos, porque afinal de contas, como afirma os religiosos que se auto-enganam que “Deus não se pode ver, pois ele é invisível”, “que não se pode entender Deus, pois ele é incognoscível (totalmente outro)” “que não se pode tocar nele, pois ele é um ser espiritual, incorpóreo e imaterial” (em outras palavras, Deus não existe! A não ser que você acredite nele, ai ele existirá como um amigo invisível e imaginário na sua mente, daqueles que você pode até conversar)

Mas isto não me satisfez, não respondeu de modo claro e objetivo meus questionamentos, não calou a voz de meus muitos pensamentos, e como sempre, não estacionei abandonando a questão, jogando para o colo do mistério a existência ou não de Deus, como sempre fazem os religiosos, que por covardia (pois na maioria das vezes sempre é preferível continuar na zona de conforto do que mexer em “caixa de maribondo”) ou por simples preguiça mental (pois dá um trabalho danado ler e decorar a cartilha religiosa, imagina buscar em outras fontes, lendo muitos outros livros, fazendo uma comparação, desprendendo bastante tempo, e bota tempo nisto! Quebrando, literalmente, a cabeça, pois ao contrário do que pensam muitos, “pensar realmente dói”), ou até mesmo por medo (lembre-se sempre, a duvida não provem de “Deus”, sendo uma blasfêmia contra o “todo poderoso”, digno das chamas ardentes do inferno, não é mesmo crente?).

Trilhei e dei continuidade no meu caminhar pelos caminhos muitas vezes dolorosos e solitários da descrença, não me contentando com respostas chavões e clichês religiosos, do tipo “me engana que eu gosto”, pois a conclusão inevitável que se chega é de que a fé e crença não passam do desejo de querer acreditar em algo e do medo do desconhecido, ou seja, as pessoas religiosas não estão exatamente preocupadas se a sua crença é verdadeira no sentido de real, ou se passa de apenas uma mera ilusão inventada pelo homem, mas de que elas precisam agarrarem em algo para viverem melhor as suas vidinhas medíocres e muitas vezes sem sentido.

Ledo engano! A religião escraviza o homem, faz dele seu serviçal e dependente, diminuindo a força da vida no “aqui e agora”, para depositar num “ali e depois” todas as suas esperanças, prazeres e alegrias!

A vida tem que ser vivida como ela é, e não como desejaríamos que fosse.....num céu platônico e cristianizado, até porque, a vida sem suas dores, tristezas e lutas, fariam da vida um verdadeiro tédio insuportável! O homem para se sentir vivo precisa dos desafios e lutas, para sentir prazer ou saber o que é o prazer, precisa do desprazer como forma de comparação, sendo a tristeza muitas vezes um potencializador da alegria.

Nos próximos textos estarei compartilhando com meus leitores e visitantes um pouquinho do meu processo de “dês-religiosamento”.....porque afinal das contas, uma pessoa que foi durante sua vida inteira crente fervoroso, fiel e temente a “Deus”, não pode de uma noite para o dia, num passe de mágica, simplesmente acorda em um belo (ou horrível dia, dependendo de sua crença meu caro leitor. Risos) sorri (ou chorar) dizendo (ou gritando) Deus não existe!

Há todo um processo que se deu...............

domingo, 1 de maio de 2011

Alguns rabiscos sobre “vontade e representação”



Por Marcio Alves

A principal teoria “Schopenhaueriana” é de que a essência do mundo, como dos seres em geral, até das coisas inanimadas é irracional, e este irracional ele denomina de vontade.

Tanto é assim que se observarmos o papel do intelecto na natureza e nos animais, chegaremos a conclusão de que é quase nulo, mas isto não ocorre com a vontade, pelo contrário, o que realmente impera na natureza como um todo é justamente a vontade.

O que seria então esta vontade? Em Schopenhauer a vontade é a vontade de querer viver bem, e não somente viver, mas viver ao máximo, com toda intensidade, prazer e qualidade possível.

Se a vontade é a vontade de viver, logo seu maior inimigo é a morte. Sendo assim, uma das maneiras de vencer a morte, segundo Schopenhauer, é através da reprodução da espécie, ou seja, morre sempre o individuo, mas nunca a sua espécie.

É por isso que para Schopenhauer o que existe mesmo na realidade é a espécie que é a “coisa-em-si”, sendo que cada individuo seria apenas o fenômeno.
Na verdade a coisa em si é a forma, e a matéria é o fenômeno. O que esta em constante mudança é o fenômeno, mas já a forma é imutável.
Exemplificando: Mudam-se os seres humanos, que estão em constante transitoriedade da vida, sempre nascem, se desenvolvem e morrem, permanecendo a espécie humana que é a forma.

Por isso que a grande obra e principal tese “Schopenhaueriana” é “O mundo como vontade e representação”, pois para ele, o mundo é vontade e representação e nada mais. A vontade sendo o que ele chama de a “coisa-em-si”, já a representação é construída pelo intelecto, sendo uma interpretação dos fenômenos da coisa-em-si.

Esta é a grande diferença filosófica de Schopenhauer para todos os outros filósofos (com exceção de alguns poucos como Spinoza que já antes de Schopenhauer dizia que “o desejo é a própria essência do homem” (SPINOZA, Ética parte 4) ) que enfatizava o racional como a essência do homem.

Schopenhauer inverte a lógica idealista alemã de que a razão precede o querer, para ele é o querer que precede a razão.
Ele afirma categoricamente que “nós não queremos uma coisa porque encontramos motivos para ela, encontramos motivos para ela porque a queremos, chegamos até a elaborar filosofias e teologias para disfarçar os nossos desejos” (uma fonte de Freud)

Schopenhauer chega a fazer uma ilustração, onde ele diz que “a vontade é o forte homem cego que carrega nos ombros o homem manco que enxerga”, ou seja, o que predomina é a vontade, sendo que a razão seria a parte secundaria que dá nomes, significados e até justificativas para as ações que são totalmente dirigidas e dominadas pela vontade.

Entendo que mesmo quando temos um forte desejo e não o fazemos é por causa de um desejo maior ainda.
Exemplificando: É como um homem que adúltera, onde diz, para justificar os seus atos, que não consegue refrear a sua vontade, mas, se este mesmo homem tivesse uma forca o esperando no final do ato de adultério, com certeza ele conseguiria refrear sua vontade, por causa de uma vontade maior; a de viver e não morrer.

Sendo assim, somos totalmente guiados por nossa vontade, quando não à vontade em si por causa das conseqüências boas, se é pela vontade de não ser prejudicado. Neste sentido a moral, por exemplo, é respeitada pela maioria por causa de seus benefícios como status, respeito e etc, como também pela suas punições.

Ainda neste sentido, eu ariscaria dizer que não existe virtude na virtude própria, ou, melhor dizendo, não existe virtude pura, pois todas as virtudes seriam praticadas apenas e tão-somente pelo interesse de nossa vontade e não contra nossa vontade, ou seja, sempre visando algum ganho ou prevenção de algum castigo, para beneficio próprio.

Entrando (mas já saindo) na questão da religião, todas elas prometem recompensas e punições, manipulando e controlando assim os seus seguidores, pois o ser humano é interesseiro, sempre se perguntando o que vai ganhar e o que vai perder em todas as situações.

É por isso que Schopenhauer já dizia que para convencer um homem não é possível usar apenas lógica, razões e argumentos, e preciso antes apelar para sua vontade, desejo e interesses próprios. (SCHOPENHAUER, pg 126, “Conselhos e Máximas”)

Uma das características fundamentais desta vontade, tanto no homem, como no mundo em sua totalidade é o sofrimento, a dor, pois vontade já pressupõe necessidade, pois como afirma a teoria “Schopenhaueriana” que o desejo é infinito, mas sua realização é muito limitada.

A saída para todo este sofrimento proposta por Schopenhauer é a negação da vontade pela própria vontade, ou seja, nega-se o desejo pelo próprio desejo em si de não mais desejar.

A conclusão que se chega é de que a vida é uma vontade cega de sempre querer viver!

Exemplo: Uma pessoa bem idosa, mesmo em fase de uma doença terminal, luta com toda sua vida, com todas suas forças em busca de viver e não morrer, mesmo quando não existem razões suficientes para isto, aliás, ela pode até achar algumas razões, mas como vimos em Schopenhauer, essas razões ou justificativas são secundarias e subseqüentes ao motor maior que nos impulsiona e guia: VONTADE!

Mesmo quando a pessoa se suicida, ela se suicida porque quer acabar não exatamente com sua vida, mas no fundo, o que ela quer e deseja mesmo é acabar e por fim ao seu sofrimento.

Por isso é que todo suicídio não é contrario a vida em si, mas contra alguma espécie de sofrimento e dor que a pessoa não suporta mais.

O ponto principal que discordo é a cura para o sofrimento proposta por Schopenhauer de anulação da vontade.
Neste ponto, penso como Nietzsche, que a proposta “Schopenhaueriana” é uma proposta ou atitude covarde diante da vida.

A saída não é a negação da vontade, mas justamente o contrário, a aceitação da vida como ela é, com toda sua dor e prazer, sofrimento e realização, pois é disto que ela é feita.

Se a vida é constituída pela vontade, logo ao negarmos a vontade estamos conseqüentemente negando o que temos de mais precioso: a vida!

Por: Marcio Alves

Observação: Este texto é apenas uma síntese da síntese feita por mim sobre um trabalho da faculdade onde eu abordava as principais teorias “Schopenhaueriana”.