domingo, 31 de janeiro de 2010

Sexo não é pecado, pecado é não fazer sexo!



Por: Marcio Alves



Dizem que a fruta do pecado é a maçã, mas não acredito, pois a maçã é muito sem graça, algumas pessoas para comer a maçã, tiram primeiro a casca, por isso eu acredito ser o caqui, pois é o caqui comido com casca e tudo, até se lambuzar.

Dizem que o sexo é do demônio, mais que demônio mais inteligente e gentil, nos deu um dos maiores prazeres da vida. Deve ser por isso que o voto de castidade foi imposto aos religiosos. Sexo só se for para procriação e sem prazer viu! Senão vai para o inferno, dizem os religiosos.
Só uma pergunta: No inferno vai ter sexo? Pois se tiver eu quero ir para lá! Oh! Que inferno infernal mais gostoso deve ser este!

Dizem também que quem faz sexo antes do casamento, comete fornicação e os fornicadores não entraram no reino dos céus.
Se assim for, eu é que não quero ir, pois um lugar que para você poder entrar tem que primeiro se abster do prazer, deve ser sem graça e um desprazer.

Dizem ainda que Deus abomina o sexo antes do casamento, que está nos vigiando com o seu grande olho, e que ninguém escapa, porque para onde se vai, Deus está lá, pois é onipresente.

Se Deus for assim, deve-ser então um grande "estraga prazeres" mesmo, pois proibir aquilo que Ele mesmo colocou em nós, só pode ser por pura maldade.

Dizem que Deus só permitiu depois de estar casado, mas Ele se esqueceu que muitos só podem se casar, depois de muito tempo, e é no tempo da juventude que se tem os hormônios a flor da pele.
Jovens explodindo por dentro, cheio de desejos libidinosos, como um vulcão que esta prestes a entrar em erupção.
E o pior é que não pode nem se masturbar!

Dizem que Deus tem uma “estratégia” para aliviar esse sofrimento – pois o desejo sexual é tão intenso que chega a causar dor de tanta tensão e, é incontrolável, levando o jovem a pensar nisso a todo o momento – utilizando o sono, ele concede ao jovem fiel, que não se masturbou ou transou, sonhar com lindas e sensuais mulheres, fazendo amor com elas, ai eles acordam todo melado, sentido que foi real com o desejo mais aflorado, e o gostinho de quero mais.

Pergunto: Masturbar-se é pecado? Pois assim afirmam os beatos, porque ninguém se masturba pensando em placa de caminhão, mas na sua vizinha que é muito gostosa. Então quer dizer que se masturbar se valendo da imagem sensual e fantasiosa de uma mulher não pode, mas agora ter sonhos sexuais com essas mesmas imagens de mulheres sensuais pode, e foi Deus quem concedeu, mas proibiu a masturbação?

A não, assim não dá, não pode fazer sexo quando se é jovem, na melhor e mais intensa idade para sexo, só pode fazer depois que se casar, e ainda não poder se masturbar?!

Prefiro não ir para o céu, prefiro não ser religioso, prefiro não servir a Deus dentro desta concepção.
Alias! Que Deus mais sem graça este, o da religião cristã, tanto católica quando evangélica pintam!
Pois para você conhecer uma pessoa, basta saber o que ela pensa sobre Deus e religião, pois Deus é o retrato de cada pessoa.
Eu fico pensando que esse Deus dos cristãos, é um Deus "sadomasoquista", pois cria uma coisa para depois proibí – la.
É um Deus castrador de prazeres.

E os seus seguidores, são muito estranhos, pois vive uma vida de hipocrisia, diante dos outros falam mal, dizem que não pode, mas quando ninguém vê, o jovenzinho se masturba pensando na jovem sua irmã de igreja e companheira de conjunto de jovens.

São tão estranhos, que só prometem a Deus coisas horríveis como se Deus tivesse prazer no nosso desprazer.
Fazem votos de castidades, prometem não se masturbarem, tentando se abster da pornografia, mas no seu interior vivem com lascívia, com os mais fortes e profundos e proibidos desejos. Proibidos para ele, e para o deus da sua imaginação.

Pergunto-me: Por que não fazem promessas de fazerem muito sexo com quem se ama? Se dar prazer, isto deve honrar muito mais a Deus, pois estamos tendo prazer com aquilo que fomos feito para ser.

Pecado de verdade é não se respeitar, e desrespeitar o outro, fazendo sexo com um e outro, numa espécie de bestialização, sem sentimentos e valor pelo outro, vendo como um simples objeto sexual descartável.

Pecado é ferir o outro, usando-o como objeto sexual, sem se importar com os sentimentos do parceiro.
Pecado é se reprimir, mentir para si, odiar a si quando se é o que se é, e, o que não dá para não ser, deixando de ser, pois somos o que fomos feitos para ser, seres sexuais desejantes.

Mas sexo com quem se ama, independente de se estar casado, separado ou solteiro, é uma das grandes expressões da vida.

Sexo é vida, fazendo sexo estamos valorizando e desfrutando da vida que Deus nos deu.

Sexo não é pecado, pecado é não fazer sexo!


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Circular aos "Confraternos"


Escrevo esta pequena epístola aos irmãos da C.P.F.G, com mãos trêmulas , pois é chegada a hora de botar o leãozinho pra descansar. Por motivos de força maior, eu Edson Moura Santos, estou retirando-me destas “salas de pensamentos”. Talvez seja um mal ainda não diagnosticado... Mas os sintomas são bem presentes:


Coração: Bate com esforço sobre-humano, luta bravamente para não ceder ao óbito, porque lá em seu profundo, a vontade é sair deste “orfanato” e partir com os novos “pais adotivos”.

Veias poéticas: Totalmente entupidas, nem uma safena resolveria, pois seria necessário uma “ponte” do tamanho da que liga a cidade do Rio à Niterói, pra somente amenizar as anomalias.

Membros: Já não se deixam dominar pelo seu senhor o “cérebro”, que também já está parcialmente comprometido. Os pensamentos já não se organizam, as ideias fogem como serpentes de dentro de um saco aberto, o raciocínio, esse nem se fala...nem sei se ainda existe vestígios dele por aí.

Alma: Totalmente abatida, angustiada até a morte, como diria o “Filho do homem”, busca repouso, não o eterno, apenas repouso.

Espírito: Este é o único que ainda manifesta reação aos medicamentos, embora esteja pronto, depende de sua carne pra não sucumbir.

Não sei por quanto tempo, talvez só alguns anos, mas a retirada é de suma importância. Todavia, estarei olhando por todos da “esfera blogueira”, mas sempre dos bastidores. Quero dizer a todos que aqui se expressam que:

Foi a melhor época da minha vida, estes últimos meses com vocês. Conheci muitos amigos... Amigos mesmo, e se não fosse pelas suas presenças aqui, certamente não estaria escrevendo este rabisco.

Não quero citar os nomes, para não cometer o erro de esquecer alguém, mas sintam-se todos abraçados por este irmão que se despede com lágrimas nos olhos. Não responderei comentários, mas os lerei sempre que meus olhos não estiverem nublados.

Peço perdão ao meu “sócio” Marcio Alves por abandoná-lo neste momento tão delicado, e deixar este fardo descansar sobre seus ombros. Confio em seu talento e paciência para administrar bem as disputas que surgirem... sempre atentando para a máxima: “Se em meio à crise, precisar usar aquilo que tem nas mãos(verdade e bondade), prefira sempre a bondade...para não magoar um irmão.”

Não se sinta só “mano”, estarei sempre contigo onde estiver, e onde caíres ali também cairei.

Cultivem sempre o amor, pratiquem com esmero, não se aprende amar se não estivermos caminhando no chão da existência... Aprende-se a amar, somente no choque da vida cotidiana.

Sentirei falta de todos, sem exceções, espero voltar um dia, e ainda encontrá-los por aqui.

Descobri algo precioso aqui dentro, e preciso lutar por ele lá fora. Não é covardia, apenas esperança...de um dia, ser feliz novamente.

Beijos!

Meus novos amigos CONFRATERNOS.

Edson Moura Santos

domingo, 24 de janeiro de 2010

"O Rico e o Pobre"

Por: Edson Moura


“Tudo é relativo”...disse o Gênio. Concordo com ele!


“Todo ponto de vista...é a vista de um ponto”. Disse outro.

A pobreza é vista hoje como uma doença que carcome a nossa sociedade. Seja pobre, e será infeliz! É a máxima. Seja rico e experimentará coisas fantásticas, sentirá sensações intensas.

Minha experiência de vida me ensinou que não é bem assim, aliás, é totalmente o contrário. Quanto mais pobre se é, mais intenso serão suas sensações. Não estou dizendo que devemos ser pobres. Até acho que, se uma pessoa tem capacidade para ganhar muito dinheiro, que o faça. Só estou dizendo que:

“Quanto mais condições de vida se tem, mais fracas se tornam sensações”

Por exemplo: Uma pessoa que pode, na hora em que quiser, ir até uma loja de eletrodomésticos e comprar uma geladeira nova, Jamais irá sentir a emoção que um pobre sente ao conseguir comprar uma geladeira também. A intensidade da alegria dos filhos deste pobre, nunca poderão ser comparadas à alegria fugaz que o filho do rico sentirá. Até a água gelada que eles beberem (os pobres), terão sabores diferentes...sempre mais intensos para os que podem menos.

A emoção que sinto, quando vou a uma livraria, e compro um livro que a muito tempo venho “paquerando” , é incomparável com a emoção (se é que haverá), da pessoa que pode comprar o mesmo livro, mas o deixará de canto, muitas vezes nem lendo-o. O brinquedo simplesinho que eu compro para meu filho em seu aniversário, trará para mim uma satisfação muito maior que a do rico.

Esta verdade, cabe em todas as situação na vida dos menos favorecidos financeiramente, sem exceções.Basta estarmos mais atentos às pequenas realizações de nosso dia-a-dia. A grandeza da pequenas coisas, está na sua efemeridade. Os diamantes são caros e desejados, justamente por sua raridade.

Infelizmente o “senso comum”, induz as pessoas a buscarem mais e mais sempre. A mídia televisiva bombardeia as mentes mais fracas com propagandas cada vez mais agressivas, causando nos “seres inferiores” uma decepção enorme por não poderem adquirir o que eles tentam vender.

Com isso param de olhar para os detalhes da vida, para as pequenas coisas, que às vezes passam despercebidas, porque estamos olhando para muito além do que nossas vistas alcançam. O prazer de poder saborear um alimento gostoso. A magia de viajar para um lugar paradisíaco. O perfume que as flores exalam aos primeiros raios de Sol. O carinho que um amigo desprende ao outro. Todas essas coisas podem parecer pequenas, mas na verdade são macro-espetáculos do cotidiano.

Veja:

Viajar para uma praia no Brasil, para o pobre...é mais intenso que viajar para Europa, para o rico.

Comer um contra-filé para um pobre...é mais prazeroso que comer caviar para um rico.

Assim como sentir o perfume das flores, para quem está livre...é diferente do sentir para quem está encarcerado.

A realidade é que nós não nos deixamos mais surpreender por Deus, que em Sua grandeza, mostra-nos que devemos olhar para as pequenas coisas. A vida vai passando rapidamente e nós vamos perdendo a sensibilidade. A causa desta perda significativa de sensibilidade para o “pequeno”, é a busca pela riqueza. Ela chega até mesmo fazer uma esposa rejeitar seu marido, se este não for ambicioso. Ou até mesmo, um filho que por seu pai não poder lhe dar um brinquedo qualquer, despreza-o.

A conclusão é que a vida do pobre, sempre vai ser mais intensa. A vida do rico beira o vazio. Não é ruim ser rico, o fato é que é infinitamente melhor ser pobre.

Raramente oro pedindo algo a Deus...mas quando peço, digo assim:

“Senhor, permita-me morrer pobre.”


“Qualquer homem que tem mais do que precisa para viver...é um ladrão” Ghandi

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Princípios da reciprocidade no relacionamento



Por: Marcio Alves

Toda vez que nos relacionamos com o outro, estamos nos relacionando com Deus – pois Deus esta no outro – e com, e, em nós mesmo.

“O inferno são os outros”, afirma Jean-Paul Sartre.

Com toda licença a Jean-Paul Sartre, mas quero re-significar sua frase, dizendo:

“O inferno sou eu para os outros”

Os nossos maiores problemas – tirando as tragédias naturais e acidentais – advêm do relacionamento com o “outro”.

Jesus como ninguém, falou e nos ensinou princípios de se conviver com o próximo.

Inclusive um texto – em minha opinião – destorcido e empobrecido pela unanimidade evangélica, é o de Mateus capítulo 7:

“Não julgueis, para que não sejais julgados”.

“Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós”.

A interpretação comumente aceita é de que, o “não julgueis para não serdes julgado”, esta relacionado com Deus.

Ou seja, devemos nos cuidar para não julgar os outros, para não sermos julgados e condenados por Deus ao inferno.

Mas eu acredito que, não é bem isso – ou nada disso – de que Jesus se referia.

Aqui, Jesus dá uma aula de princípios e valores relacionamentais:

1-"Não julgueis para não serdes julgados":

Não é uma ameaça divina, mas sim uma constatação.

Se julgarmos os outros, os outros nos julgarão.

Não devemos tentar enquadrar, modelar, padronizar os outros dentro de nossas “medidas morais”.

Ou seja, é de um relacionamento com base na reciprocidade.

Se quisermos ser amados, temos que primeiro amar.

Se quisermos ser recebidos bem, temos que primeiro receber bem.

Se quisermos amizade, temos que ofertar amizade.

Se quisermos carinho, temos que dar carinho.

Se quisermos ser compreendidos, temos que primeiro compreender.

Se quisermos ser perdoados, temos que primeiro perdoar.

2-“E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?”

Antes de olharmos para o defeito das outras pessoas, devemos fazer uma introspecção, e analisarmos a nossa vida.

Podemos estar apontando para o argueiro do nosso próximo, sendo que em nossos olhos está uma trave.

Muitas vezes em nossas acusações contra o outro, corremos o sério risco de sermos injustos, pois se não praticamos aquele determinado erro, fazemos outros.

Não podemos nos relacionar com os outros na base da justiça retributiva, do “toma lá da cá”, mas antes do perdão, se não transformaremos a vida dos outros em um inferno e por conseqüência a nossa também.

Pois ninguém vive individualmente, estamos todos interligados, influenciando e sendo influenciados.

Antes de olharmos para os outros, devemos fazer o constante exercício de olharmos para nós primeiro.

3-“Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”.

Interessante não é mesmo?!

Apesar de todo relacionamento esta fundamentado na reciprocidade, e, antes de querer mudar as pessoas, precisamos mudar a nós mesmos, porém......Jesus nos ensina, que precisamos “tirar o argueiro do olho do nosso irmão”

Achei fantástico este principio.

O que Jesus esta querendo nos ensinar aqui – em minha opinião – é de que, quando formos tirar o argueiro do olho do nosso próximo, devemos sempre ir a partir da nossa própria experiência – daí a expressão; tirar primeiro a trave do meu olho, para daí e a partir daí, e só daí, tirar o do meu próximo.

Porque ensinamos o que sabemos, mas reproduzimos o que somos.

Em um aconselhamento, não adianta ir com o monte de versículos bíblicos, frases feitas, chavões religiosos, mas antes, temos que aconselhar a partir das nossas próprias experiências.

Exemplo clássico disso é o perdão.

Como posso ensinar aqueles que estão a minha volta o que diz a bíblia sobre perdão, se eu nunca experimentei?

Não seria isto covardia de minha parte?

Aplicar sobre a pessoa aquilo que nunca vivi?

E mais ainda, que autoridade eu tenho, para falar de algo que não pratiquei?

Se não vivi, ou vivo tal experiência na prática da minha vida, eu não posso ensinar para as pessoas qualquer conceito teórico.

É muito fácil e cômodo falar daquilo que nunca passei, pois afinal, só sabe o que é perdão, quem já teve que perdoar.

O discipulado de Jesus, não sé dá com cursinho bíblico, mas é feito no chão da existência humana.

4- “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem”.

Saber a hora de falar, esperar o momento certo para dizer é uma arte da comunicação.

Que principio maravilhoso!

Muitas vezes, o que temos para falar é tão especial, que se falarmos antes do tempo, ou se a pessoa não estiver preparada para ouvir e entender, corremos o sério risco de lançar pérolas aos porcos.

Portanto, não basta como falar e o que falar, tem que saber também a hora de falar.

Em síntese, a regra de ouro do relacionamento pessoal é:

“O que quereis que vos faça os homens, fazeis vós também”.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.


domingo, 17 de janeiro de 2010

"Lembranças de minha vida eterna"


Por: Edson Moura

Quando a escuridão se dissipou, uma luz intensa ofuscou meus olhos. Jamais pensei que houvera tamanha claridade, vinda do Sol. Ele estava com um brilho diferente, poderia até afirmar que ele estava mais próximo da Terra, mas não estava mais quente, pelo contrário, a sensação térmica era agradabilíssima.

Finalmente comecei a lembrar de forma fragmentada, da noite anterior. Eu estava esperando um ônibus no ponto da Av. Rebouças, quando de repente um automóvel desgovernado veio em minha direção. Lembro-me que não tive reação nenhuma, meus músculos se enrijeceram para esperar a colisão daquele monstro de ferro e aço contra meu frágil corpo de carne e ossos.

Meu Deus! Agora entendo! Eu Morri! EU MORRI!!

Acorde moço! Você não deveria estar tendo pesadelos! Sua memória deveria ter sido apagada quando veio pra cá. Desde que chegou aqui, você todos os dias tem sonhos com suas lembranças de uma vida passada. Aliás, Você não deveria nem dormir aqui...você deve aproveitar a Glória que resplandece do trono branco.

Você já me disse isso Senhor, mas alguma coisa saiu errada no meu caso. Já estou por aqui a quase 10.000 anos, e essas lembranças me atormentam.

Eu me lembro da minha vida lá embaixo, dos meus filhos, minha esposa, meus amigos...e sinto falta de tudo isso. Ainda ontem mesmo, eu passei por um rapaz que tenho certeza, era meu filho, falei com ele mas nem me respondeu. Meu coração bate desesperado quando vejo passar por mim minha esposa, e ela nem sabe quem sou.

Todos por aqui vivem em estado de Êxtase todo o tempo, parecem até zumbis. Ninguém por aqui chora. Ah como era bom chorar! Sentir aquelas lágrimas quentes correndo pelo meu rosto, sofrendo de amor ou até mesmo chorando de alegria por pegar no colo pela primeira vez minha filha ao nascer.

Este lugar não é bem aquilo que me diziam na igreja. Tudo se torna chato com o passar do tempo, e bota tempo nisso. E quando penso que será pela eternidade, não tenho mais vontade de fazer nada.

Meu filho, este é o céu! Todos seus irmãos estão aqui. O fato de eles não o reconhecerem, é por que eles receberam um novo corpo, e novas mentes. Tudo aqui gira em torno de meu Pai, Este era o grande plano Dele desde a fundação do mundo.

Aqui não se casa, aqui não existe pensamentos maus, pensamentos sensuais, desejos carnais e todos os outros desejos e sensações que vocês sentiam lá embaixo. Tem que ser deste jeito, pois é a vontade de meu Pai.


Já tentamos concertar o erro que cometemos no seu caso, mas de alguma forma, não conseguimos deletar suas lembranças. Elas fazem parte de seu Ser. Talvez seja porque você as viveu com muita intensidade, você levou ao pé da letra quando eu disse: “Vim para que tenham vida, e vida com abundância“.

Mas Senhor, o grande segredo da vida, é saber que um dia ela irá se acabar, por isso vivi de forma tão intensa. Eu vivia a cada dia como se fosse ser o ultimo. Eu aproveitava os detalhes da natureza, pra não deixar passar nada despercebido.

Quantas vezes eu não ficava olhando as borboletas a voar, sabendo eu que suas vidas seriam tão efêmeras? Eram flores com asas, que enfeitavam nosso planeta. Quantas vezes eu saboreei um pedaço de picanha, mastigando-o bem devagar, só para sentir o gosto da carne, descendo até meu estômago?

E quando eu saía correndo do trabalho, chegava em casa depois de ficar em pé quase 3 horas num ônibus lotado, só pra poder brincar um pouco mais com meus filhos. E eu só fazia isso, por que sabia que o tempo passava rápido, logo mais eles cresceriam, e deixariam as brincadeiras.

Mas aqui não! Aqui tudo perdeu o sabor, o prazer, pois sei que o tempo aqui não tem a menor importância. Para os outros que estão aqui, tanto faz, porque eles não tem memória, mas pra mim, que me lembro de tudo, é horrível!

Sem dizer, que nos é tirado aqui um dos maiores prazeres que nós tínhamos lá na “vida”, o sexo, melhor dizendo, o amor.

Quando fazíamos amor, era algo fantástico. Esquecíamos todos os problemas e nos entregávamos ao prazer. E o melhor disso tudo, é que quando chegávamos ao clímax, não durava mais que 15 segundos, mas eram os melhores 15 segundos do dia.

Filho, eu entendo tudo que você está me dizendo, e até já falei com meu Pai. Ele me disse que só existe uma maneira de corrigir este problema, mas não sei se você vai aceitar as condições. Quer que eu lhe fale, ou prefere, ignorar tudo e viver a aternidade aqui? Veja bem, estou falando de vida “ETERNA”!

Faço qualquer coisa pra sentir de novo as sensações que outrora senti!

Pois bem! Depois não vá se arrepender.

A proposta é a seguinte:


Ele tem o poder de lhe mandar de volta, exatamente para o mesmo momento em que você foi tirado de lá. Você viverá mais 50 anos, e depois morrerá. Não terá direito à vida eterna. Será aniquilado e sua alma e espírito voltarão para meu pai.


Ainda quer voltar pra vida filho?

Senhor meu, ainda que eu só tivesse mais dois dias lá na Terra, eu, mesmo assim aceitaria esta proposta.

Pois valerá muito mais à pena, olhar nos olhos de pessoas que conhecia, e dizer-lhes que as amo, e que nada no universo é mais prazeroso do que estar ao lado de quem amamos. Quero dizer-lhes também, que vivam com alegria a vida, pois ela passa, e depois o que vem é o vazio eterno.

Prefiro não viver eternamente, a viver e não poder reconhecer as pessoas que viveram comigo. Não quero passar por amigos como Marcio, Carlos, Gresder, Leví, Eduardo, Wagner, Jair e tantos outros que conviveram comigo, e não lembrar-me deles...isso seria triste.

Quero voltar, e certamente, viverei ainda mais intensamente esta nova vida.

Que assim seja então meu filho!



Que Deus nos permita lembrar, e nunca esquecer que fomos humanos, que amamos,que sofremos, que choramos...mas acima de tudo...que vivemos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Re-significando o passado-passado, mas não perdido!



Por: Marcio Alves


Além de termos o poder de resgatar o nosso passado, vivendo-o através das memórias, ainda nos resta um poder maior, a saber:


De re-significar o nosso passado-passado, mas não perdido!


Acredito que esse conceito se encontra em Paul Tillich.


O nosso passado, ao contrario do que muitas pessoas pensam, não está totalmente petrificado, fechado para mudanças.


Ele não é imexível!


Podemos mudar o nosso passado, dando através dele e para ele, um novo significado para o nosso presente.


Redirecionando e redimensionado o nosso presente a parti das experiências do passado.


Ou seja, aprendendo com as experiências que tivemos em nosso passado, podemos tomar novos rumos.


Circunstancias que hoje vivemos talvez não se vivesse, se antes, não tivéssemos vivido-as no passado.


A vida realmente é uma escola, e isto não é um chavão!


Vivemos o presente, olhando e mirando no futuro, lutando para se alcançar o nosso alvo, mas sem esquecer também de olhar para o nosso passado, de onde tiramos aprendizados que dará significado ao nosso presente.


Exemplificando – como ex-professor de escola dominical, gosto de usar exemplos para explicar conceitos – é mais ou menos assim:


O rapaz por nome “A” foi no passado um viciado em drogas, no presente ele pode re-significar o seu passado, digamos “negro”, usando sua experiência dramática de drogado, para ajudar pessoas nas mesmas situações dele de outrora.


Ou seja, ele voltou ao passado e conseguiu através dele redirecionar o seu presente, dando vida a sua experiência ruim. Ajudando pessoas a saírem do mundo das drogas, pela sua experiência, acabou de transformar o seu passado outrora maldito, em benção.


O que o rapaz fez com o seu passado?


Ele não mudou as circunstancias, mas mudou o significado, dando sentido a uma situação passada e morta.


Portanto, como seres humanos de carne e sentimentos, frágeis e vulneráveis, temos necessidades subjetivas na nossa interioridade de vez ou outra, voltarmos ao passado, como um exercício nostálgico de deleite e ao mesmo tempo de profunda melancolia, de resgatarmos através das lembranças do nosso subconsciente, momentos, lugares e pessoas que nos foram especiais.


Porém, o mais poderoso significado e relevância é o de dar sentindo, razão e significado ao nosso presente, nos espelhando – seja para repetir algumas atitudes ou de não fazer algumas atitudes – no nosso passado já passado, mas vivenciado nas nossas mentes e atitudes.


Portanto passado é passado, e não volta mais!


Mas as experiências vividas nos darão o chão do presente, e nos empurrará para enfrentar o futuro.



Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Alcançado pela graça...a reabilitação de um traidor.



Por: Edson Moura


O texto que segue, nada mais é do que uma reflexão acerca das crenças que nos passaram através dos séculos. Minha consciência resiste em acreditar que Deus seria tão perverso ao ponto de usar uma vida inocente para realizar seus projetos

Muitos até poderão achar falhas no que escrevo, mas este talvez seja o intuito do artigo. Estou aberto a discussões, desde que elas venham a nos aproximar mais e mais uns dos outros.

O nome que ecoou pelos séculos:

Ninguém quer levar o nome de Judas Iscariotes.

Eu particularmente, até hoje, não conheço uma só pessoa com este nome, (alguém aí da blogosfera conhece?)

E por que?

Porque este nome foi manchado com o estigma da traição. Diferente dos demais apóstolos, que muitos querem imitar. Eu penso que, em vez de recriminação, o discípulo traidor é digno de pena ou misericórdia, até porque nós, embora sem levarmos o nome dele, temos caído, quem sabe, no mesmo erro.

Quem era Judas o Iscariotes?

Ele fora chamado pelo Mestre, igual aos demais discípulos.

Acredito que Cristo tenha visto nele um jovem inteligente, entusiasta, dinâmico, em quem se escondiam tremendas possibilidades para o bem.

De outro modo, nunca haveria sido chamado. Acompanhou o Mestre como os demais, recebeu insultos com o Mestre, sofreu fome com Ele, se alegrou com Ele em suas vitórias, foi testemunha de toda a glória do Senhor, e nela se alegrou, ele esteve lá.

Foi premiado com um posto de honra, ou seja, era um homem de confiança do Mestre, de outra maneira nunca haveria sido o tesoureiro daquele grupo.

Foi um grande administrador, possivelmente devido a sua habilidade, os discípulos não sofreram privações maiores.

Seus companheiros nunca duvidaram dele.

Pelo menos durante um certo tempo, Judas desempenhou seu trabalho fielmente, com absoluta honra.

Segundo o pensamento popular, muita gente merece o “inferno”, mas devemos recordar que a graça de Deus é infinitamente maior que nossa debilidade.

Pedro e Judas cometeram faltas parecidas: Pedro negou Jesus três vezes, e Judas o entregou. E agora Pedro é recordado como um santo e Judas simplesmente como um traidor.

A principal diferença entre os dois não é a natureza ou gravidade de seu pecado, mas sim a vontade de aceitar a graça de Deus. Pedro chorou seus pecados, voltou a Jesus, e foi perdoado. O Evangelho descreve Judas enforcando-se desesperado.

Será que não há mais misericórdia nesse ato desesperado do “traidor arrependido”, do que na ação do pescador temperamental?

Uma coisa é certa: Judas arrependeu-se e até tentou desfazer seu erro. E a graça? Será que ela não o alcançou?

Para aqueles que ainda acreditam que Deus controla a tudo e a todos, fica a reflexão:

Judas foi só um instrumento nas mãos do grande arquiteto do universo, um mero objeto do “grande” plano de salvação da minha, e, sua pessoa caro leitor. Judas não tinha como escapar desse destino tão infeliz que era ser o traidor do filho de Deus.

No dia do “Juízo”, Judas terá fortes argumentos para se livrar das acusações. Acho até que pelo caráter contundente das provas, nem precisará de “advogado”.

Afinal de contas, ele foi o maior colaborador para o plano de salvação da humanidade. Exigirá seus direitos (como diz o R.R. Soares)

Será que foi assim?

Creio que não.

Onde há o arrependimento...há também o perdão...foi isso que Jesus tentou nos ensinar.

Que a graça de Deus esteja em todos nós!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Cristianismo a-religioso




Por: Marcio Alves


Quero dar inicio aqui a um possível debate no campo dos argumentos, que mais será uma troca de idéias, onde o maior objetivo será aprender uns com os outros, nessa rede de amigos virtuais.

Convido a comentar a temática, expondo suas idéias, os grandes teólogos e filósofos de toda blogosfera:

Levi Bronzeado, Eduardo Medeiros, José Lima, Gresder Sil, Edson Moura, Kadu, Isaias Medeiros, Ednelson Coelho, Wagner, Jair Santos, Ivo Fernandes, entre tantos outros, e qualquer anônimo que seja apaixonado pela reflexão teológica e filosófica.


Começo indagando:

Qual a verdadeira proposta de Jesus?

Será que foi fundar mais uma religião, dentre tantas outras existentes?


Quero dar o ponta pé inicial, expondo minha opinião:

Mas já cogitando a hipótese de estar equivocado, pois como diz meu amigo Wagner: “Eu sei que nada sei”.

Partindo da premissa que esteja equivocado em minhas leituras, se há uma religião de Jesus, ela deve-ser entendida como:

“Uma religião para além da religiosidade”, “Uma religião sem religiosidades” ou ainda, ”Uma religião a-religiosa”.


Acredito, entendo e interpreto que Jesus não veio fundar uma nova religião, ou pior ainda, perpetuar a religião Judaica.

Pois de fato, o Cristianismo – se é que existiu o cristianismo como “cristianismo” no ideário de Jesus – de Cristo é singular, saindo do Judaísmo, mas rompendo com o mesmo.


A proposta de Jesus transcende e vai além dos limites da religiosidade das religiões existentes.

Na verdade, Jesus contraria o que de mais essencial, sublime e sagrado existe em todas as religiões existentes – inclusive no cristianismo – sacrifícios, templos e sacerdotes.

Ou seja, ele desacramentaliza a religião, a deixa fútil, sem qualquer valor.


Em muitas ocasiões, Jesus quando cura ou liberta alguém, ele não chama para segui-lo, mas diz para ir embora... ”vai em Paz e não peques mais”.

Inúmeras vezes, Jesus quebra a tradição religiosa, cultural e social do seu povo.

O maior exemplo disto, (para não citar todos) é o da mulher samaritana.
Quantas violações, Jesus não comete só aqui:
Conversando sozinho com uma mulher de procedência duvidosa, Samaritana, em um poço, em um horário em que somente as mulheres vinham pegar água.....


É em Jesus, o conceito e proposta singular que não se encontra em nenhuma religião que já existiu, a saber; a graça unilateral de Deus.

Todas as religiões conseguem se perpetuar através da lógica de causa e efeito, justiça retributiva, obediência-benção, desobediência-maldição.

Inclusive no próprio judaísmo.


Que pena que os crentes interpretam a frase: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, como liberdade apenas do pecado, pois tal frase dita por Cristo é muito mais abrangente e rica de significados, nos mostrando a total liberdade, inclusive liberdade que liberta da escravidão religiosa.


A mensagem do Reino de Deus não é uma mera mensagem religiosa.
Inclusive em Cristo, o caminho para o Reino é um paradoxo contrario a lógica da religião, pois os pobres, injustiçados, fracos e oprimidos já são do Reino sem precisar ser religioso.

Talvez fosse nas bocas dos profetas, que imaginava um reino de poder e triunfo, de um Deus poderoso que iria reger com varas de ferro todas as nações e povos.

Mas na boca de Jesus, ela perde o seu significado escatológico do ainda não e do só depois, e do lá, de poder e magia, para simplesmente e poderosamente significar, no aqui e agora, a inclusão social dos pobres, excluídos e marginalizados – pelo menos, na minha ótica.

Em qualquer lugar, tempo e sociedade que houver resgate da dignidade e inclusão social, mesmo que seja ateia, sem religião ou crença, ali esta o Reino de Jesus.


Pois fomos chamados por Deus, não para abraçar um credo religioso, dogmas e exclusivismos religiosos que nos separa do outro, mas o ideal magno do Reino, que é a implantação da justiça em um mundo injusto.


Alias o relacionamento com Deus é muito mais do que ir ao culto, dar ofertas, orar, ouvir um sermão, cantar alguns hinos e depois, se desligar e voltar para a vida.

Se os judeus adoravam a Deus em dias, horas e lugares especiais, nós somos convocados a adorar a Deus todos os dias, em todas as horas e em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa.


De sorte que o cristianismo deveria ser chamado de:



Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.