quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

“Eu sou você no futuro”


Por: Edson Moura

Gente! Cansei! Não quero mais falar de Deus! Deus não pode ser questionado. Deus jamais descerá ao nível do homem para provar que existe, portanto, vamos falar de outra coisa...sei lá, qualquer coisa.

Brincadeirinha, vamos falar do cara sim, pois assim ele ficará com raivinha de nós e quem sabe não nos aparecerá ou enviará um espírito destruidor para nos punir? (risos) 

Um dia no ano de 2062, perguntei para um velhinho passante, se ele tinha fé em algo, tipo...na ciência. Ele me fitou e disse: “A verdade não tem que ser aceita com fé. Fé é para os fracos! Eu até que creio na ciência, pois ela nos dá fatos, e contra fatos, muitas vezes não existem argumentos.

Taí, gostei desse cara. Mas quando achei que ele já tinha concluído seu raciocínio, ele bradou bem alto:

“A fé pode ser chamada de "falência intelectual". Se o único modo de você aceitar uma afirmação é tendo fé, então você está reconhecendo que ela não pode ser aceita por seus próprios méritos”.

Enfiei o rabinho entre as pernas e "sartei de banda", pois o cara era da pesada. Como sou muito chato, e o método que adotei para descobrir as “verdades” é o “socrático”, perguntei para ele se Jesus não fez o que dizem que fez para que nós fôssemos salvos. Ele nem sequer pensou para responder essa, foi logo vomitando: 

Velhinho:  Digamos que a redenção cristã se baseie em dois conceitos principais: “o sofrimento do indivíduo cancela o pecado do mesmo” e “o inocente (Jesus) pode cumprir a pena em lugar do culpado (nós)”. Fazer o inocente pagar pelo pecador, ainda por cima com um sofrimento improdutivo, não seria apenas um ato de vingança contra a pessoa errada e só faz juntar um mal a outro mal? 

Calei por um momento e respondi: Sim pode ser, mas o que dizer das bilhões de pessoas que acreditam que Jesus salva? Não seria presunção minha e sua, achar que nós estamos certos e elas erradas? 

O velhinho de cabelos brancos não me perdoou, deu-me outra cassetada: “ Mesmo que  5 bilhões de pessoas acreditem numa coisa que é estúpida, essa coisa continuará sendo estúpida”.

Eu: Então o inferno não existe? E nós ateus não iremos para lá? Por que o senhor é um ateu?

Velhinho: A Bíblia nos diz que Jesus foi sacrificado para nos redimir de nossos pecados e nos salvar do fogo eterno. A Bíblia também nos diz que se não acreditarmos nisto queimaremos no fogo eterno. Não é um pouco paradoxal essa afirmação? Meu jovem, eu posso dizer, sem medo de estar errado, que todos somos ateus. Apenas acredito num deus a menos que os crentes. Quando eles entenderem  porque é que rejeitam todos os outros deuses possíveis, entenderão porque é que eu rejeito o deus deles.

Eu: Mas o senso comum religioso nos diz que temos que aceitar os mistérios de Deus, e que no tempo certo tudo será revelado. A verdade deve ser aguardada. Dizem que eu faço perguntas demais. O que o senhor me diz sobre essa afirmação? 

Velhinho: Ora, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não (fé em Deus sem questionamentos), desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro (pode ter sido roubado), desde que ele esteja na nossa mão.

Eu: Um amigo meu, chamado “capitão”, me disse uma vez que ser ateu é uma forma de crença. Ele não está meio certo? Outro amigo chamado “prodígio”, acredita que Deus protegeu Moisés e que ainda protege sua igreja até hoje. Como faço pra provar que ele está falando besteiras?

Velhinho: Não! O “capitão”  está totalmente errado! Onde já se viu?! Dizer que ateísmo é uma crença é o mesmo que dizer que careca é uma cor de cabelo. E para o prodígio, pergunte para ele se a “assembléia de Deus” onde ele congrega lá em Campinas tem para-raios no telhado. Se tiver, é por falta de confiança em Deus. (risos do velhinho). E mais, devemos sempre questionar essa lógica que afirma um Deus onipotente e onisciente, que criou um homem falível e o culpa por seus defeitos.

Eu: Então essa história de que Deus me ama e quer o meu melhor, não passa de papo furado? Eu não vou para o paraíso morar com Deus? O cristianismo nos garante o céu! (risinhos sarcásticos)

Velhinho: O cristianismo nos afirma que há um ser invisível, que vive no céu e micro-gerencia nossa vida, está atento a tudo que fazemos, o tempo todo. O ser invisível tem uma lista de 10 coisas (mandamentos) que ele quer que a gente cumpra. Se você infringir qualquer uma dessas coisas, o homem invisível tem um lugar super especial, cheio de fogo, fumaça, sofrimento, tortura e angústia onde ele vai lhe mandar viver, queimando, sofrendo, sufocando, gritando e chorando para todo o sempre. Mas ele ama você sim! (risinhos também sarcásticos do velhinho)

Eu: Opa! Peraí, o senhor, mesmo com esses cabelos brancos, não tem autoridade para falar essas coisas. 

Velhinho: Eu tenho tanta autoridade quanto o Papa. Eu só não tenho tantas pessoas que acreditam nisso.

Eu: Então o senhor é a favor da separação entre Igreja e Estado? Nossa moral não está arraigada à Igreja? E essa herança religiosa não nos fez uma sociedade melhor, mais amorosa e justa?

Velhinho: Por favor, não seja tolo! Eu sou completamente a favor da separação da Igreja e do Estado. Minha idéia é que essas duas instituições nos fodem o suficiente individualmente, portanto, ambas juntas é a morte certa.
Eu: Será que algum dia conseguiremos fazer com que um crente deixe de acreditar e se torne um ateu como nós? O mundo seria mais amoroso se todos fôssemos crentes? Paulo e Jesus disseram que devemos amar uns aos outros assim como amamos ao nosso Deus. A fé não é uma “prova”, segundo Paulo?

Velhinho: Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências… Baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar. Como disse o ateu Friedrich Nietzsche: “Fé” significa não querer saber o que é a verdade. Eles (os crentes) dizem que acreditam na necessidade da religião… Mas eles não são sinceros! Eles acreditam mesmo é na necessidade da polícia! Amor ao “nosso” Deus? Por favor, não há no mundo amor e bondade bastante para que ainda possamos dá-los a seres imaginários. Uma visita ao hospício mostrará a você que a fé não prova nada.

Eu: O senhor não aprova nenhuma religião? Algumas proporcionam uma felicidade, mesmo que ilusória. Isso não é bom para ajudar-nos a encarar a vida dura? Pessoas são felizes em seus mundinhos!

Velhinho: Não importa o quão feliz me deixe, se não é verdadeiro, se não é real, muito obrigado. É assim que penso quanto aos deuses e mitos de todas as religiões
.
Eu: A religião parece ter um ponto fraco. O senhor poderia me dizer qual seria ele?

Velhinho: Não vou criar nada, apenas vou repetir o que Epicuro disse: Se Deus deseja impedir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente. Se é capaz, mas não deseja? Então é malevolente. Se é capaz e deseja? Então por que o mal existe? Se não é capaz e nem deseja? Então por que lhe chamamos Deus? Meu jovem, Se a ciência já mostrou que a bíblia está errada ao nos dizer de onde viemos, como podemos confiar nela ao dizer para onde iremos?

Eu: Para encerrar esta nossa proveitosa conversa, o que seria necessário para acabar com a fé de um crente?

Velhinho: É simples: Basta Deus existir!  Pois, se Deus existisse, a fé se tornaria desnecessária e todas as religiões entrariam em colapso.A verdade não tem que ser aceita com fé. Os cientistas não seguram suas mãos todo Domingo, cantando, “Sim a gravidade é real! Eu vou ter fé! Eu vou ser forte! Amém. Como já disse, a fé é a falência intelectual. Se o único modo de você aceitar uma afirmação é pela fé, então você está admitindo que ela não pode ser aceita por seus próprios méritos
.
Muito obrigado por seu tempo, não vou mais aporrinhá-lo com minhas perguntas. Mas antes que fosse, gostaria de saber seu nome.

Velhinho: Meu nome é Edson Moura, mas todos me conhecem por Noreda.

Edson Moura

domingo, 12 de dezembro de 2010

A “imoralidade” dos sem fé!


O Deus conceitual dos humanos mais desumanizados, que processam e marginalizam os naturais da vida, tendo-os como imorais e antinaturais da fé, por serem transparentes no Ser-em-si que é, sem deixarem de ser por causa da mentalidade e moralidade doentia e até dominante dos religiosos perfeccionistas que nutrem uma visão surreal do “Criador”, incorporando Nele padrões expectantes de uma santidade neurotizante e cobrando do ser que não pode ser, pois se é o ser-si-em-si natural de imperfeição, um desempenho pra lá de humano.

O Ser inadequado pela inadequação religiosa que exige um esforço sobre-humano se sente excluído ao passo que é mal visto pelo meio de sua facção de espiritualidade se tendo uma vida normal não aceitada por sempre se ter como utopias uma vida além da humana, pois sendo o sujeito imperfeito na estrada da humanização não construindo edifícios de renuncia por ser seu instinto que o leva pela estrada do Ser em sua completude.

A naturalidade da essência não exige adequações por ser sendo sua existência firmada em sua essencialidade não dês-naturalizado pela religião, mesmo que se pareça ser em sua representação de uma infantilizadora padronização do sócio-cultural-religioso, que é forçadamente sobreposta na aparência, mas não sobrepuja o interior, sempre estando em conflitos o que já se é com o que idealiza vir a ser.

Mas um dia o sujeito que em sua subjetividade encontra e se vê desnudo diante-de-si-para-si-e-em-si, observando ainda o movimento do constante fluxo da vida com suas intermináveis contingências, sentindo em-si-com-si uma injustificável compreensão não explicada e explicitada convencedoramente da religião para os eventos aleatórios que vem sobre todos, premiados às vezes, amaldiçoados outras vezes, enxergar não um Deus como gênese causal, mas o próprio cíclico virtual das vertigens vitais da matéria ludibriadora dos conceitos processuais da incompreensão humana.

Vê sua fé outrora inabalável, se ruir e decompor-se diante de si, mas entende em sua nova compreensão que não era saudável sua interpretação aos fatos da vida, pois não era sua, mas era impingida pela massificação, agora se desprende das antigas amarras e se vê livre, porém sempre condenado e tido como um fracassado imoral e doente na fé, simplesmente por não aceitar os cabrestos religiosos, sai para viver a vida com uma nova mentalidade, não mais escravizada, se sentido inferior pela suas imperfeições e desejos, mas agora compreende que é delas que é feito o seu ser-em-si-e-no-mundo.

E é agora nos vícios e não nas falsas virtudes superficiais, que o sujeito “imoral” passa a ver e a entender o que ele é feito:
De humano, demasiado humano!


Por: Marcio Alves

sábado, 4 de dezembro de 2010

“Deus não ouve Rap”



Deus, olhai o meu povo...da periferia
É tanta gente triste nessa cidade,
É tanta desigualdade...desse outro lado da cidade,
Mas eu tenho fé, eu tenho fé eu acredito em Deus
Olhai por esses filhos teus.

Senhor!...Oh pai senhor, olhai o meu povo sofrido...da periferia
Ah!olhando pro meu povo vejo a tristeza
Estampada em cada rosto que perdeu a beleza
A vida é embaçada pra quem está no veneno
Uma mãe vendo os seus filhos com fome...sofrendo.

Os mais ricos do mundo só fazem investimentos,
Diversão pra “boyzinhos”, pra coisa ruim e armamentos
Quanto ao meu povo investimento é zero
 O dia-a-dia não é fácil, o dia-a-dia não é belo.

Vários moleques na rua, sem endereço, drogado
Mendigo, gente sofredora, também largado
Se arrastando e com vontade de viver
Muita gente dá de frente, finge que não vê.

De que adianta vida boa e ter tudo da hora
Se o povo está no veneno, meu Deus e agora?
Eu peço ao senhor que de paz e alegria
Cuide de nós... O povo da periferia.
Deus! Olhai o meu povo...da periferia.

Ah! O povo é mal cuidado, ignorado, esquecido
Os ricos querem mais é ver meu povo fodido
Exploram nossa vida, roubam nosso dinheiro
Eu vejo o povo no veneno, entrando em desespero.

Irmão na ira, sem paz espiritual, se armando
Roubando, se arriscando, porque tá precisando
Apanhando na vida, passando fome, que injustiça
E quando roda, toma coro todo dia da policia.

E a cada dia o crime vai crescendo,
Essa vida deixa o povo revoltado e violento
A pobreza...a miséria, todo dia cresce
Que porra é essa? Meu povo não merece

Um dia, quem só fode a gente, vai se foder
Eles obrigam o meu povo a não ter paz para viver
Que Deus proteja os irmãos que agora estão na correria
Que deus proteja o povo da periferia.
Deus! Olhai o meu povo...da periferia.

Este é um rap escrito por Ndee Naldinho, e retrata uma realidade ainda existente na periferia de muitas cidades onde as favelas enfeitam a selva de pedra. Há  nove anos ouvi esta música pela primeira vez, e hoje, quando o ano de 2010 já está terminando, vejo que nada mudou.

Será que a força da palavra deste “Raper” não é tão forte assim? Será que o povo merece a vida que leva, por ser tão estúpido, e não perceber que o poder emana das massas? Será que a miséria é um mal necessário para se manter o equilíbrio social?
Não...não! A verdade é que Deus é um sádico e adora observar o povo se fodendo.

Desista Naldinho! Deus não houve Rap!

Edson Moura

domingo, 28 de novembro de 2010

"A esperança de se viver mais um pouco"




O que é a Vida? Seria ela um sonho?
Acredite! A vida não é um sonho.
Não este sonho tenebroso que os intelectuais dizem.

Corriqueiramente um amanhecer chuvoso, abre caminho para um pôr de Sol belíssimo
Outras vezes são nuvens sombrias que circundam o céu.
Mas logo se dissipam e dão lugar a um azul inconfundível.

Mesmo sendo feias, as nuvens negras trazem as chuvas...
Que alimentam as rosas e fazem o jardim sorrir
Não se pode lamentar este acontecimento.

Rapidamente, e sem pausa em momentos de dor,
As horas escassas da vida vão passando sem nos dar tempo para arquitetarmos um plano
Então sorrio, enquanto aproveito os primeiros momentos do resto da minha vida.

E quando subitamente a morte bate à minha porta
Quando a sensação de felicidade escapa por entre os dedos como areia fina
Quando a dor invade o meu ser, e reconheço a fragilidade de uma  efêmera existência
A esperança se vê engolida...derrotada e dominada pelo medo.

Mesmo nesses momentos de angustia, a esperança há de ressurgir
Pois ela se vê indestrutível, imortal, amiga dos fracos,
Olha bem no fundo dos meus olhos e me mostra sua beleza
Que é suficientemente forte para me trazer de volta à realidade.

Ela se mostra corajosa, ousada, pois luta contra todas as evidências de uma vida trágica
Sem medo de nada...
Enfrenta as dúvidas que minha cabeça animal insiste em levantar
E me pergunta:

O que é a Vida? Seria ela um sonho?
Acredite! A vida não é um sonho.
Não este sonho tenebroso que os intelectuais dizem.

Porque o desespero, a angústia e a náusea, sempre serão vencidos pela esperança de viver mais alguns instantes esta vida tão maravilhosa.

Edson Moura

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Deus no banco dos réus: Culpado ou inocente?


Diante da miséria humana, da dor e sofrimento no mundo, as constantes tragédias, como também as catástrofes naturais, e o silencio absurdamente gritante de Deus, como sua ausência constante jamais interrompida, se Deus estivesse nos bancos dos réus, para ser julgado por toda humanidade, Deus seria declarado Culpado ou Inocente?

Vamos fazer o teste então, usando todos os recursos dos quais dispomos, como raciocínio lógico, senso de justiça e sentimentos, para julgar Deus do nosso ponto de vista, tentando assim, chegar a uma conclusão final sobre o veredito de Deus.

Eis algumas das acusações mais graves contra o “todo-poderoso”:
Seu silencio.
Sua ausência.
Dor, sofrimento e miséria humana.
Maldade humana. (Deus não poderia ter criado o homem com limites para se fazer o mal?)
Catástrofes naturais.
Acidentes e tragédias humanas.


Exercício de reflexão:
Deixar um bebê inocente e frágil, ser estuprado e brutalmente assassinado ou morrer por algum acidente, desnecessariamente, sendo que poderia ter sido facilmente salvo, é moralmente condenável, tanto racionalmente, como sentimentalmente?

Pense nisto; se fosse um homem que tivesse o poder de salvar esta criança, mas não o fizeste, sua omissão não seria tão culpada como se tivesse o matado?

Se você esta andando pela cidade, quando de repente se depara com uma criança indefesa e inocente parada no meio de uma avenida movimentada, se você pode salvar ela sem correr risco de atropelamento, mas não o faz, você se sentiria culpado?

Agora sim, depois de tanto pensar, aplique isto a Deus nas milhares de situações similares espalhada pelo mundo inteiro ao longo da historia humana, e sua constante ausência, ele é culpado ou inocente por não interferir?


Inocente por que Deus é:

1-Impotente.
Muitas vezes Deus quis impedir os vários sofrimentos desnecessários dos homens, mas com dor no “coração” e lágrimas nos “olhos”, simplesmente não pode fazer, pois é impotente diante da complexidade do sofrimento, injustiça e maldade humana.

Objeção: Se Deus foi capaz de criar tudo isto, como poderia ser impotente ao ponto, de não poder interferir no sofrimento humano?


2-Uma força consciente.
Deus apenas é uma energia ou força consciente, não tendo moral como os homens e nem muito menos sentimentos e emoções, portanto, não podemos condenar Ele, pois Ele está para além do bem do mal, do bom e mau, do justo e injusto de nossas atribuições e características humanas.

Objeção: Mas Deus continua possuindo o que torna Ele moralmente responsável que é sua consciência, então diante disto, Deus só não seria condenável se Ele fosse apenas uma energia sem consciência, mas ai não seria Deus, e sim o big-bang.


3-Nos deu liberdade por nos amar.
Deus é um ser altruísta e generoso que se esvaziou de Si mesmo, retirando sua presença do universo criado por Ele, justamente para que nós tivéssemos a maior de todas as dádivas que vieram com a vida; a liberdade.

Objeção: Ele podia ter criado um mundo melhor, com menos (ou nada) catástrofes naturais, fazendo da sensação da dor ser bem menos do que é, e pondo limites na maldade e crueldade humana.


4-Assim como nós não sabemos se Deus existe ou não, Deus também não sabe que nós existimos.
A teoria da evolução não estaria totalmente equivocada ao dizer que fomos evoluindo num processo de bilhões de anos, pois Deus ao criar o universo, sem se da conta, acabou por acidente nos criando, e por sermos tão minúsculos e insignificantes diante de um universo tão imenso (talvez infinito), e por ser Ele (Deus) tão grande de tamanho (talvez maior que o próprio universo, sendo o mesmo uma bolinha de gude nas mãos Dele), que Deus ainda não se deu conta de nossa existência, e, portanto de nossa dor e miséria.

Objeção: Culpado por sua incapacidade de nos perceber??


Culpado por que Deus é:

1-Nos abandonou a própria sorte.
Não esta nem ai para nós, simplesmente não liga para nosso sofrimento e dor, Ele fez com toda humanidade, o que uma mãe insana ou cruel faz com seu filho quando ele nasce: Simplesmente nos rejeitou, abandonando-nos, virando suas “costas” para nós, deixando-nos a própria sorte.

Objeção: Se Deus nos criou conscientemente, não há maior dignidade e bondade do que não interferir em nossa vida.


2-Um grande sádico.
Deus é mal e cruel, Ele nos criou com o propósito de se divertir com nossos sofrimentos, pois para vivermos, matamos, (vida se alimenta de outra vida) sabemos que a única certeza da vida é a morte, e isto trás angustia, o mundo é injusto, a vida é cega, os homens são maus.

Objeção: Deus infelizmente não poderia ter criado outro mundo melhor, apesar de ter problemas. (ou seriam defeitos de fabricação?)


Temos uma terceira via ainda, muito racional e lógica, mas como todas as hipóteses levantadas aqui também, têm objeção, que seria:

Deus não é nem culpado e nem inocente, Ele não existe, o que existe são os homens, e o Deus de suas imaginações e desejos.

Objeção:
Da onde surgiu o universo então? Problema maior é:
A matéria precedeu a consciência então? Podemos através dá consciência entender que uma consciência crie a matéria, mas não podemos se quer imaginar a matéria criando a consciência.

E ai, meu caro amigo leitor, conseguiu chegar a uma conclusão final? Qual das alternativas você escolhe? Deus, afinal de contas, partido sempre do ponto de vista humano – até porque, é o único ponto de vista que temos, pois não conhecemos e nem podemos imaginar-nos, olhando do ponto de vista de Deus – é culpado ou inocente?



Por Marcio Alves

domingo, 14 de novembro de 2010

O processo de “des-religiosamento”!

O processo da descrença ou do dês-religiosamento, ocorre em todo homem ou mulher, que um dia resolve se arriscar corajosamente a olhar por cima da cerca religiosa que a prende e impede de saber que o seu quintal não é o único a ter grama verde, que existem outros mundos além do seu.

Porém, este processo não acontece da noite para o dia, mas pelo contrario, são anos de um processo lento e até muitas vezes demorado, de desconstrução daquilo que um dia se acreditou como verdade única e absoluta.

E, esse mesmo processo de dês-religiosamento, passa por 5 fases distintas e ordenadas, porém interligadas, onde o sujeito religioso mesmo se vendo como um mesmo ser, só que vivendo de maneiras diferentes em diferentes realidades.

São elas:

1- Confrontação (ou questionamento)

Esta primeira fase é a mais importante, pois será a mola propulsora que realizará concretamente o processo de dês-religiosamento, pois sempre o aprender e decorar idéias serão muito mais fácies do que propriamente se desfazer dessas mesmas idéias.

Ele passa a ver que a realidade vivida por ele é diferente da crida através de sua crença, onde não mais aceita explicações infantis e ilusórios dos porquês de tantas contradições entre sua crença e o mundo onde ele vive, sente, respira e vê.

Além do mais, só percebe o quanto sua crença é boba e infantil quando olha para a crença do outro religioso, que assim como ele, pensa que a única verdadeira e a sua, e que as demais são todas enganosas e falsas.

Mais isto não ocorre por acaso, nem cai do céu, ou simplesmente o sujeito dormiu crente e acordou no outro dia cético, mas antes, se dá no individuo que sente que as verdades de sua crença são muito pequenas e insatisfatórias para o tamanho de sua mente questionadora e pensante, e para um universo infinito de possibilidades lógicas e argumentativas.

2- Negação (ou fuga)

É o estagio onde a pessoa mais sofre, onde ela literalmente agoniza, porém, isto também dependerá e muito do grau de devoção que ela se entregou a religião e seus mecanismos, e de sua estrutura emocional, psíquica, social e biológica.

Nessa fase também é onde o sujeito religioso mais se vê confuso, ora desacreditando na sua crença, ora reafirmando a mesma, mas sempre desejando em seu coração que ela seja verdade ou que o conhecimento para qual a sua mente despertou, tivesse continuado adormecido.

Essa fase é a mais decisiva de todas, onde a pessoa escolhe continuar mantendo os passos firmes, rumo ao total dês-religiosamento, ou, simplesmente fecha seus olhas para a realidade negando tudo que ouviu, viu e pensou até aquele momento, se lançando no abismo escuro da fé.

3- Revolta (ou depressão)

Esta fase só pode realmente passar por ela que já viveu e ultrapassou as primeiras fases básicas do processo de dês-religiosamento.

O sujeito antes religioso, já nesta fase não acredita mais em nada ou quase nada de sua antes fé e religiosidade, passando agora a viver uma vida muito perigosa, pois poderá se entregar da mesma forma que outrora tinha se entregado para a religião, só que agora, para os vícios deste mundo.

Portanto, é a face que se tem que tomar maior cuidado, pois a pessoa pode acabar se autodestruindo e até mesmo prejudicando as outras pessoas que nada tiveram haver com sua então crida e fanática vida de religiosa.

Mas também é a fase de maior tristeza, podendo se chegar até na depressão, pois passará a descrer que sua vida tinha um propósito já determinado por Deus, entrando no vazio da existência, onde se entregará aos vícios que o desejo de preencher o vazio e a falta de sentido deixado pela religião lhe trouxe.

4- Conformismo (ou aceitação)

É a fase que o sujeito cansado de brigar contra Deus e o mundo, religião e fé, chegará, pois não verá outra alternativa se não aceitar o fato de que as crenças são invenções humanas, onde até Deus é uma possibilidade e não uma certeza como antes suponha e cria.


5- Maturidade (ou responsabilidade)

É a última fase, que o tempo para se chegar dependerá do tempo de digestão de cada sujeito religioso.

Passará a viver a vida pelo fato de viver, já que aqui venho, sem pedir ou escolher para nascer, tentará viver a sua vida da melhor maneira possível, tentando também fazer da vida das pessoas que amam, uma vida igualmente boa.

Só pode chegar nesta fase quem já passou pela crise existencial religiosa, pois esta, não é somente uma crise como todos os seres humanos passam, mas uma crise que somente o religioso de verdade, aquele que se entregou de corpo e alma para a religião, experimenta e vive.

Portanto, só poderá dizer “Deus não existe” ou “toda religião é ilusão e infantilidade” quem uma vez já disse “Deus existe” e “minha religião é única e verdadeira”!

Por: Marcio Alves


Observação: Texto escrito e embasado não em livros produzidos por pensadores de escrivaninhas, mas baseado na própria experiência do autor e da observação cuidadosa e analítica que ele teve sobre outras pessoas e até amigos, igualmente religiosas que passaram pelas mesmas fases, diferenciando apenas, na reação de cada um.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ainda é cedo


O nada que preenche o vazio na minha cabeça
decompõe as crenças de infância inchando minha visão.
O coração arde vermelho no nada totalmente branco
e continua sendo um vazio totalmente cheio de nada.

Meu pensamento é esculpido em pedra sabão
desejando crer numa seqüência para a eternidade.
O tempo se encarrega de mostrar que eu não falhei
e que ainda é muito cedo para compreender a origem do novo.

Deus está morto ...

Trancafiado numa floresta de ilusão milenar
brotam idéias semeadas na escuridão da uma mente ainda jovem.
Pensamentos tentam à todo momento ultrapassar o meu crânio
 ainda é cedo para entender as coisas que os velhos já se esqueceram.

Deus está morto...

Minha mente procura a luz em meio às lágrimas
O tremular do fogo que em minha garganta habita
queima permanentemente sem consumir minha tenra carne
e ainda não é tarde para expulsar a voz que clama por liberdade

Deus está morto ..

Meu cérebro parece um calabouço para fugitivos capturados
onde um pequeno golpe pode paralisar-me para sempre.
Por isso, do meu silêncio...grito silenciosamente
e ainda é não satisfaço o desejo de gritar alto.

Deus está morto...

Se em mim houvesse alma, ela tocaria os relâmpagos nas nuvens...
e inerte cairia na areia branca de uma praia qualquer...doce...sangrando.
Extirpando minha vontade de viver no espaço de um tempo
e ainda seria cedo para que o esclarecimento total me abraçasse.

Deus está morto ..

Ele caiu num abismo de palavras cegas...
e me disse para que não fosse ao seu funeral.
Os mortos não freqüentam cemitérios...somente os vivos
Pois ao chegar lá, certamente encontraria um caixão vazio...
cheio do nada que preencheu a vida de todos até aqui .

Deus está morto?



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Jesus: De tão desumano, só poderia ser "Deus" mesmo!


Uma certa vez, vi uma cena em um filme que me deixou muito pensativo: Uma determinada quadrilha tinha capturado um homem, e ao invés de matá-lo, o chefe desta mesma quadrilha determinou que ele fosse torturado e morto lentamente durante um mês, para isso, eles tiveram de fazer varias e varias vezes transfusões de sangue, para que mantivessem vivo aquele homem, de tal maneira que viesse suportar a tortura e não morrer antes do tempo determinado.

Quero que pense comigo agora por um instante: Que “Deus” seria mais cruel, um que matasse milhões de pessoas, porém, com a morte tudo acabaria ali mesmo, ou, um que criasse um "inferno" e que mandasse pessoas para queimarem por toda eternidade?

Não seria a tortura pior do que a própria morte? Ou ato de matar mais misericordioso do que a tortura??

Pois é assim o "Deus" hebreu do velho testamento, matou milhares, não, matou na verdade milhões de pessoas, porém, não condenava ninguém para o inferno, mas já no novo testamento, Jesus aparece e diz varias vezes que se alguém não o obedecer, seria lançado no inferno, onde haveria choro e ranger de dentes.

Inclusive, você sabia que foi feito uma pesquisa onde um estudioso constatou que o Deus do antigo testamento, matou mais pessoas do que o próprio diabo?
Pois é, seria o "Deus judaico-cristão" é um diabo encarnado em poder?.....Quem crê nesse "Deus", tem mais que ir para a igreja e viver uma vida de "santidade", para não correr o risco de ir parar no inferno mesmo.

Mas, Jesus consegue ser mais desumano do que o próprio "Deus" dos hebreus, na verdade, ele é bem mais cruel e vingativo, pois já pensou, os ímpios que não se arrependerem serão condenados por toda eternidade a um castigo eterno! Você tem noção disto? Eternidade não é por um tempo determinado e depois acaba, não! Eternidade não tem fim, sofrimento após sofrimento, para todo sempre, "amém"!

Sinceramente, eu acho que "Deus" gosta mais dos animais do que dos seres humanos, pois ao animal é dito que ele não tem uma "alma" como nós, que, portanto, com a morte deles tudo se acaba, mas a nós nos foi dado uma "alma imortal", e com ela a sentença de nunca morrermos, pior, se não nos arrependermos de nossos pecados vamos ficar para sempre sendo torturados no inferno.

Alias, que Jesus e o "Deus" bárbaro do velho testamento fiquem com seu "céu" pra lá, pois eu prefiro mesmo é ir para o "inferno", ao menos eu não vou precisar ficar de eternidade a eternidade como zumbi sendo obrigado a adorar e cantar músicas intermináveis para um Ser totalmente egoísta e vaidoso, que sofre da síndrome de rejeição, e nem muito menos ficar longe da minha família também, pois sinceramente, como eu poderia ficar bem em um céu adorando o cara que mandou meu filho, por exemplo, para o "inferno"?

É Jesus, bem que você disse que você não veio trazer paz para a terra, mas antes espada, causando divisões entre as famílias, pois já imaginou, o egoísmo e falta de amor maior do que a dos crentes? Chegarem a dizer que se a família não for, porém eles vão, pois a salvação é individual....só um "Deus" tão desumano para provocar isso nas pessoas!


Por: Marcio Alves

Observação 1: Eu apenas falei do "inferno" de Jesus, pois seu fosse falar de todas as passagens e palavras ditas por Jesus em que ele foi tão desumano, (como aquela vez em que ele negou curar a filha de uma Cananéia, e se depois da mulher ter se arrastado e implorado, foi que ele resolveu fazer o “milagre”. Não é a toa que os crentes para receberem algo de "Deus", precisam fazer tantas campanhas, se humilharem tanto, é que o "Deus" deles é Jesus e seu pai é Jeova, o "Deus" bárbaro) não caberia em apenas uma postagem, teria que dedicar varias postagens.

Observação 2: Eu estou partido da própria crença fundamentalista de que todas as palavras escritas na bíblia são literais e verdadeiras.

Observação 3: Como pude ser crente durante 20 anos da minha vida!!!

domingo, 31 de outubro de 2010

"A vingança" parte II




...e num momento de estúpida lucidez...puxei o gatilho.

 Puxei o gatilho e fiquei ali parado ouvindo o estampido do tiro ecoar pela manhã que parecia me recriminar pela minha atitude. Enquanto a fumaça da pólvora se dissipava e misturava-se com a neblina eu observava trêmulo, o corpo do homem caído ao chão. Minhas mãos sentiam o calor gerado pelo disparo, e aos poucos o cano da arma ia esfriando, enquanto eu tomava consciência do meu ato.

O Sol agora brilhava com mais intensidade, como se as ondas de calor que ele projetasse em minha direção fossem uma forma de me dizer se eu realmente estava satisfeito com meu trabalho. Uma lágrima correu pelo meu rosto, e a certeza de que aquele crápula que ficou estendido ao chão nunca mais cometeria adultério, me perseguiu pela mata enquanto eu corria em direção ao meu carro.

O sangue que escorrera de seu nariz já estava seco agora. Aos poucos ele recobrou a consciência e levantou-se meio atordoado, sem entender muito bem o que estava acontecendo. Fez uma rápida verificação para ver se encontrava o buraco causado pelo projétil... mas não encontrou nada. Foi então que olhou para uma árvore à sua frente e viu a marca da bala. 

Ele não atirou em mim! Ele não atirou em mim! Meu Deus, mesmo vendo o ódio estampado em seu rosto, e tendo a chance de acabar com a minha vida sem que ninguém soubesse, ele não atirou em mim! Por quê?

Eu chego em casa e desabo em minha cama. Uma história passa por minha cabeça enquanto eu tento pegar no sono. Fiz bem meu trabalho. Com certeza ele aprendeu a lição. Isto ficou claro ao ver como ele mijou nas calças enquanto eu apontava o revólver bem no meio de seus olhos. O susto foi tanto que ele até desmaiou... eu ri neste momento.

Ninguém tem o direito de tirar uma vida, isso eu aprendi como o meu mestre. O amor incondicional, a longanimidade, a mansidão, a temperança do Galileu nunca saíram de meu coração. Embora eu não acredite em muitas das estórias que me contaram sobre aquele “profeta”, eu jamais poderia negar que tudo que ele fez e a forma como lidou com a vida...e com a própria morte, são um exemplo para as gerações que virão.

Tenho certeza que aquele homem vai pensar mil vezes agora, antes de dar um passo errado. O bilhete que deixei em seu bolso contém as ordens para o próximo passo da minha vingança. Ele terá que cumprir tudo que eu deixei escrito. A primeira coisa a fazer é abdicar do cargo de pastor depois de uma confissão pública de seus atos. Em seguida terá que pedir perdão aos membros de sua igreja por tê-los enganado por tanto tempo. 

Eu deixo bem claro que estarei vigiando-o, e se ele não completar sua missão... não terei tanta piedade da próxima vez que nos encontrarmos pela madrugada. Finalmente o sono que há muito tempo havia rompido relações comigo, chegou... vou descansar um pouco agora,deitar minha cabeça no travesseiro, sem remorso, sem culpa, sem arrependimento afinal de contas...

A noite foi de matar!

Edson Moura

domingo, 24 de outubro de 2010

A morte em dois momentos


Não tenho medo da morte, tenho pena em morrer, pois o que é a morte, se não um acontecimento natural da própria vida? Ou será que a morte seria a negação da própria vida? Mas o que seria da vida se não fosse à morte? Pois não seria a morte quem alimenta a vida, ou será que é justamente o contrário?

Mas tenho pena em deixar esta vida. Vida que vivi, às vezes chorando, às vezes rindo, às vezes caindo, às vezes se levantando, mas em todo instante, uma vida de muitos instantes, que por serem instantes, podem ser transformados em eternos.

Eternos momentos de instantes eternos, de lembranças, de acontecimentos repletos de insignificância, mas ainda sim, carregados de vida, de beleza, pois o que é um momento diante de uma eternidade? Mas o que é uma eternidade diante de um momento?

Enquanto caminhamos rumo ao abismo da morte, vemos nossa vida a cada dia se esvaindo tal como areias que tentamos segurar, mas que escape entre os nossos dedos.

Não podemos reter, segurar a vida, pois a morte, ah a morte, essa musa tão assustadora, mas ao mesmo tempo tão atraente, às vezes da vontade de morrer logo, só para saber como é experimentar a morte.

Mas a morte não se experimenta na primeira pessoa, sempre é no outro que sentimos o que é morrer, pois quando a morte chega, ela com sua frieza e calor, nos leva indiferente ao nosso desejo de vida, mas neste momento não estaremos sendo mais, pois quando a morte é, nós não somos, mas enquanto estamos sendo, ela não pode ser.

Toda nossa vida é feita de momentos, quem sabe este não é meu último momento? Ultimo momento de respiração, ultima vez que vejo o por do Sol, o brilho das estrelas, as ondas do mar, ultimo momento que beijo minha amada, que brinco com meu filho, que leio um livro, que escrevo um texto, que assisto um filme, que ouço uma musica, que como aquela macarronada, que ando de bicicleta, que ouço o cantarola dos pássaros, que corro descalços pela praia, que durmo, que acordo, que abraço, que sorrio, que choro, que me emociono, que vivo, que .......morri!

Toda morte é a última morte de todo ser.

Por isso, o que dói não é a chegada da morte, mas a sua longa espera, espera esta, que no fundo ninguém espera, mas sabe que ocorrerá, quem sabe não seja por isso que a maioria das pessoas não gosta de pensar na morte, principalmente na sua própria morte, pois a morte é a única certeza infalível da vida.

Ou será que na verdade, não gostamos de pensar na morte, porque ela é um enigma? Como explicar a morte, se nunca morremos, e quando morremos, não podemos voltar e dizer como é?

Talvez seja por isso, que a única maneira de termos uma idéia, é se passarmos pela quase morte, pois todas as pessoas que já tiveram a sensação de quase morrer, são em sua maioria, mas conscientizadas pelo valor da vida....será que temos que passar pela quase morte, para podermos valorizar a vida?

Tantas perguntas sobre a morte que nos deixam sem palavras, pois a morte é tal como o Sol do meio-dia, que em seu esplendor não pode ser contemplado, olhado, observado, descrito em palavras.

Morte, morte, como você é ao mesmo tempo odiada e querida...odiada pois leva quem nós amamos, não importa o quanto estejamos preparados, quando a morte chega para quem nós amamos, sempre ela choca, dói, é irresistível sua presença, não há como não chorar, não sentir tristeza, pois toda morte é singular, sempre são todos o primeiro a morrer.

Mas é querida, pois já pensou se nós fossemos eternos?
Não precisaríamos fazer nada, tudo perderia o seu valor, pois teríamos todo tempo do mundo para fazer qualquer coisa que não precisaríamos mais fazer nada.
Instante só é instante, pois é instante e não eterno.

Por justamente sabermos que a vida é breve, devemos viver com a maior intensidade possível, fazendo de cada momento nosso último momento, sendo nós, nós mesmos e não o que os outros querem que nós sejamos, pois quando a morte chegar, será a prova de que vivemos a existência.

Bem ou mal, isto dependerá de como vivemos nossa existência, pois tal como foi à vida assim também será a morte!



Por: Marcio Alves

sábado, 16 de outubro de 2010

A vingança

Embora o desfecho desta história que lhes conto seja fictício, devo deixar claro que o teor do conto é verdadeiro e acontece ainda hoje bem perto de mim. A minha intenção  é apenas deixar patente aos leitores que, sentimentos de ira e de justiça  passam a todo o momento por nossas cabeças, mas cabe a nós controlarmos o ímpeto vingativo e acalmar os nossos “corações” para não tornarmo-nos justiceiros insensíveis.

Resumindo ao máximo, começo a esclarecendo os motivos que levaram o Noreda a praticar tal ato. Durante cerca de dois meses ele observou atentamente o comportamento daquela mulher e daquele homem. O marido – um jovem de apenas 22 anos – saía bem cedo para trabalhar. Era quando o pastor chegava à casa do membro de sua igreja, para foder sua mulher durante horas.

Podia ver pela janela quando eles terminavam de transar e riam da total incapacidade do jovem corno, em perceber que sua mulher gostava muito mais de sexo do que ele poderia oferecer. Ela dizia que a culpa era dele mesmo, pois ele preferia ir para a igreja ensaiar com a banda do que ficar em casa e dar conta do recado.

Certa vez o pastor fez uma visita na casa com o pretexto de fazer uma campanha de oração por ali...só os três. Ao terminarem, o marido foi tomar banho enquanto a mulher – jovem 19 anos – foi passar um cafezinho. Não deu outra. Eles meteram ali na sala mesmo. Rolou até sexo anal. Enfim, tudo isso irritou muito ao Noreda e o levou a tomar uma atitude radical.

Depois de abordar o pastor numa esquina escura e desmaiá-lo com um golpe na cabeça com o cabo do revólver, jogo-o dentro de um porta-malas e levou-o até o monte onde muitas vezes ele traçou a mulher do membro. Ele está sangrando muito, não me preocupei nem em averiguar se ele estava morto. Arranco-o com brutalidade de dentro do carro e começo a socar sua cara. Então ele acorda, sem entender nada ele me pede que leve o que quiser mas não o mate.

Não quero nada que você possua. Eu digo.

Você vai morrer hoje cara! Está preparado para isso? Vou livrar o mundo de uma desgraça...uma doença que é você. Você sabe porque estou fazendo isto, não sabe? Você é um enganador, você fere um mandamento divino que é o de não cobiçar a mulher do próximo. Vou matá-lo, mas antes vou fazê-lo sofrer. Quero que tenha tempo para se arrepender.

Minha vós treme e a arma parece pegar fogo em minha mão. O aço do revólver parece ter se fundido à minha pele. A sensação é ruim e boa ao mesmo tempo. Um filme passa em câmera lenta em minha cabeça. Perguntas do tipo: “que direito eu tenho de fazer isso?” ou “o que faz de mim um cara melhor do que ele?”. Não importa, eu vou matá-lo, não cheguei até aqui para "arregar" agora.

Pergunto para ele se ele quer morrer. Pergunto se ele mataria um homem se soubesse que sua mulher, é possuída quatro vezes por semana em sua própria cama. Pergunto se ele já imaginou a sensação de cair de boca na vagina de sua esposa, sem saber que horas antes ela estava cheia do esperma de outro homem. Ele não reponde. Posso ouvir um homem chorando agora. Ele chora, com o rosto ensangüentado virado para o chão. A terra do monte entra em sua boca enquanto ele respira pesadamente.

Vou matar este homem. Vou morrer aqui por dentro, mas cumprirei a missão que eu mesmo me dei. Nunca pensei que fosse tão pavoroso ter a vida de uma pessoa bem no final do cano de uma arma. Quero gritar. Quero entender o porque disso tudo, mas não grito. Olho para o céu e ele hoje está todo pontilhado com estrelas. Nunca vi um céu tão lindo. Nada me acalma, e a tremedeira, causada pela raiva, voltou.

Ele se levante e tenta virar para mim, mas eu o impeço com uma coronhada bem no nariz. O sangue jorra como um chafariz. Ele grita por misericórdia a Deus. Promete que nunca mais vai sequer olhar para outra mulher que não a dele. O Sol desponta no horizonte, já são quase cinco da manhã. Mando que ele aprecie o nascer do Sol, pois será seu último.

Ele agora está chorando como uma criança.

Eu não vou mais fazer isso, eu juro! Por favor, não me mate, eu tenho dois filhos cara!

Eu sei que você nunca mais vai fazer isso, agora eu confio em você. Mando que ele se ajoelhe de frente para mim. Olho bem dentro de seus olhos e vejo um homem apavorado, totalmente inseguro, desesperado, bem diferente daquele cara que pregava sermões moralistas enquanto traçava a mulher de um de seus membros da igreja.

Olho para o Sol mais uma vez. A arma está apontada bem entre os olhos do homem adúltero. Por um momento posso sentir a presença de Deus ao meu lado, em forma de calor, em forma de luz, mas sei que não é Ele...então, num momento de estúpida lucidez...
Puxo o gatilho.

Edson Moura

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Para quem sonha com estrelas


Noite nublada, manhã sem sol, luar sem lua, estrelas sem brilho, caminhantes de um destino a cumprir, a floresta adentro caminha assombra com suas escuridões.
Pergunte as trevas – diz a noite – , vemos sem olhar o escuro com seu claro apagar, de nostalgias e de esperanças nos blindar.

Amanhã será passado, mas hoje em estático estado de vislumbre sonhando acordado com as estrelas cadentes da vida, com seus cometas contingenciais, esperando a próxima desventura planetária do sub-mundo encantado da magia vestindo sua nudez com as roupas da primavera.

Conquistar não sendo conquistado pelo brilho estrelar, se pondo acima das nuvens, mas abaixo das estrelas, ao mesmo tempo em que vive morre-se também de esperança na espera do futuro amanhecer do dia em que se chamará hoje, porém flutuando no mar azul, com suas tormentadoras tempestades das crises que balançam nosso barco, jogando para lá e para cá.

Vemos o fim do começo do caminho ainda por trilhar, mas sempre a titubear entre ilusão e lucidez, pescando os peixes da alegria, ouvindo os pássaros cantar, e os ventos a nos contar como será nosso passado sem o futuro.

Mais uma vez lá vem ela com seu sorriso encantador, com seu choro desesperador, com sua voz altiva, blindando-nos com sua beleza encantadora e irresistível que fez com que deixemos nossos pesadelos nela...Oh morte porque demorais tanto assim para vir até nós?

Mas hoje não quero morrer sem ver o luar impregnado de fantasia e mistério, com fascínio vou dormir sobre os mais altos rochedos, esperando o voar das águias, as gotas das chuvas caindo sobre as nuvens, o fogo consumindo de desejo a água...Mas que mundo – diz Raimundo – , mas que homens – responde o mundo.

As estrelas não foram feitas apenas para se admirar, mas antes para se vencer, escalando os mais altos montes, descendo os mais fundos abismos, voando sobre os ventos, não deixando de se rezar pelas crianças que choram, ouvindo sempre os conselhos sábios das florestas.

Mas como está quente hoje – diz as flores – sedentas de justiças para com o mar que está revolto, mas que ainda não perdeu sua pureza, mesmo com ondas que vem e que vão, sem perspectiva de mudança.
O marinheiro que está deitado olhando para o céu e vendo de olhos fechado, escutando com sua respiração, sentindo com sua alma o vento calmo a assoprar e espelhar as nuvens.

O sol finalmente acordou para brilhar e assim, lá se foi às estrelas, que no próximo entardecer voltará para novamente ser sonhada pelos homens, procurada pela lua, vestida pela noite, despertada pelo vento, morta pela escuridão, mas acessa pelo fogo dos apaixonados.


Por: Marcio Alves


sábado, 2 de outubro de 2010

As colunas (parte III)

 Ao aproximarem-se da maior e mais poderosa de todas as colunas, Logomeu e Psiquemom estagnaram atônitos. Era magnífica...imponente...soberana sobre toda e qualquer coluna que eles já tinham visto. Entreolharam-se e por um momento Logomeu detectou medo nos olhos brilhantes de Psiquemom. Ele (Logomeu) não culpava Psiquemom por ter este tipo de sentimento, afinal de contas, muitos já haviam chegado até ali mas o que restara dos bravos guerreiros era apenas um amontoados de ossos aos pés da coluna que nem sequer fora arranhada pelas investidas dos desconstrutores que por ali se aventuraram.

Precisamos destruí-la amigo! Disse Logomeu.

Esta coluna tem atraído nossos irmãos por milênios. Povos de todo o mundo são capturados pela crença de que esta coluna deu origem ao nosso mundo e a todos os outros mundos que existem na vastidão do universo. Nós “sabemos” que isso não é verdade...ou melhor, sabemos que não existem provas de que isso seja verdade. Não precisamos temer aqueles que nos apedrejam por tentarmos acabar com a ilusão de que a origem se deu desta forma. Não podemos recuar agora. Vamos em frente!

Mas Psiquemom, por ser mais cauteloso que Logomeu, achou por bem, não investir contra a ela. Psiquemom dizia que não tinha certeza de que estavam certos. Dizia que tanto existia a possibilidade de tudo ter origem num só lugar...num só ser, como também poderia ser verdadeira a teoria de que o homem, assim como todas as espécies do planeta teriam surgido espontaneamente de uma evolução lenta e exponencial.

O temor de Psiquemom não era de ser punido pelo senhor daquela coluna, mas sim, os efeitos que poderiam causar aos fiéis seguidores da mesma. Muitos alienadunianos haviam se apoiado nesta crença para que suas vidas ganhassem um significado. Muitos haviam saído do fundo do poço e hoje gozavam de uma felicidade que jamais o existencialismo logomeuniano poderia proporcionar-lhes. Seria irresponsabilidade, ou como dizia Psiquemom, burrice, afirmar que a coluna era uma construção humana e não que o homem era uma construção da coluna.

Eu continuarei a caminhada Logomeu! Disse Psiquemom.

Você optou por ficar e lutar, mas eu apenas continuarei a caminhar, buscarei respostas mais adiante pois depois de tantos anos caminhando lado a lado, tudo que consegui foram mais perguntas. E cada dia que passa as perguntas tornam-se mais difíceis. Sei que não vou convencê-lo a seguir comigo, também sei que você jamais trairia suas convicções, pois, como você mesmo diz: “não é saudável para um alienaduniano, ir contra sua consciência”. Você saiu de uma caverna que era a crença cega na coluna, mas agora, entrou em uma nova caverna que é o ceticismo radical. Eu porém, prefiro não entrar com você nesta caverna. Vou continuar caminhando e quem sabe um dia encontrarei respostas para minhas indagações?

E Logomeu chorou. Chorou como nunca antes havia chorado. Ele entendia que o amigo precisava de mais tempo para pensar, e sabia também que desta vez ele não poderia influenciá-lo. Uma coisa era certa: Ambos haviam experimentado a fé na coluna durante anos, e justamente por este motivo, os dois tinham o total direito de falar que a coluna não existia...que era uma farsa...que fora inventada pelo próprio homem para confortá-lo das mesmas inquietações que afligiam Psiquemom agora. Na incerteza de uma vida sem sentidos, a melhor coisa a fazer é não tirar aquilo que, de certa forma, dá sentido à vida de muitos.

Psiquemom partiu. E quando já estava distante da coluna em que Logomeu ficara, olhou para trás. Viu o amigo investindo contra a coluna com toda sua força. O suor lhe corria ao rosto, as mãos sangravam pelas arremetidas contra a gigantesca coluna, as armas que trouxera para a batalha, já estavam despedaçadas. A luta era desleal. Logomeu era uma formiga diante da pilastra da fé alienaduniana.

Sentiu vontade de voltar e lutar com o amigo, mas Psiquemom também sabia que não podia fazer isso. Logomeu, assim como ele, também precisava de um tempo sozinho. Precisava domar a fera que existia dentro de si, para só então entender que a coluna que ele tenta desesperadamente derrubar a golpes de mão...nem sequer irá arranhar...

Edson Moura

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A fé como remédio para o desamparo


Nosso nascimento é constituído de uma ruptura bruta, onde a criança outrora se encontrava no aconchego, segurança e conforto que era o útero da mãe.
Quando ocorre isto, nasce a primeira marcante experiência do desamparo que irá nos acompanhar para o resto de nossas vidas, como condição inexorável de nossa 'condição humana.



"O problema dessa ilusão criada pelo religioso é que o remédio pode viciar a pessoa, deixando-a dependente e debilitada, portanto, quem prega Deus para as pessoas, prega a morte do Ser humano".



Devido principalmente a isto é que o ser humano religioso irá projetar em Deus, seu amor e desejo.

Amor, pois o imaginará como um pai super protetor, que cuida dele, ora livrando do mal, ora abençoando com bens materiais, e desta maneira, se sentido novamente confortável e seguro, só que desta vez, no colo de Deus.
Mesmo que as circunstancias sejam as mais adversas possíveis, pois criará mecanismos de defesas para sua fé.



"E também irá projetar seu desejo em Deus, pois o maior desejo humano é ser desejado pelo outro. Diante disto, se Deus existe na cabeça do religioso, logo seu maior desejo será ser desejado pelo maior Ser do universo".


Se o sujeito não foi impedido por "Deus" de passar por uma situação contraria em sua vida, aprenderá a justificar seu infortúnio, mas jamais questionará a sua fé na projeção que ele mesmo colocou em Deus.

Poderá dar muitas desculpas, entre elas “porque Deus sabe o que faz, e nós que não sabemos o porquê dele fazer”, ou “Ele está provando a minha fé”, ou ainda “É que faltou mais fé em mim para Deus operar”, ou mais ainda “É que ainda não chegou o tempo de Deus na minha vida”.



"Se o sujeito não foi impedido por Deus de passar por uma situação contrária em sua vida, aprenderá a justificar seu infortúnio, mas jamais questionará a sua fé na projeção que ele mesmo colocou em Deus".


E também irá projetar seu desejo em Deus, pois o maior desejo humano é ser desejado pelo outro.
Diante disto, se Deus existe na cabeça do religioso, logo seu maior desejo será ser desejado pelo maior Ser do universo.
Tendo mais uma vez, alivio e conforto, como um remédio sobre a dor do desamparo.

O problema dessa ilusão criada pelo religioso é que o remédio pode viciar a pessoa, deixando-a dependente e debilitada, portanto, quem prega Deus para as pessoas, prega a morte do ser humano.



"....o Ser humano religioso irá projetar em Deus, seu amor e desejo".



Quando digo morte do ser humano, eu quero dizer morte de sua potencialidade e capacidade...Quando a sua fé em Deus o torna cômodo com a situação adversa em sua vida, pois sempre jogará para as costas largas de Deus, a responsabilidade de resolver seus problemas, anulando assim, toda potencialidade e capacidade humana.

O homem não precisa de Deus, muito menos do Deus de sua imaginação.

O que ele precisa é em si mesmo de encontrar fazendo seu próprio sentido na vida, de peito aberto e com coragem existencial enfrentando a dor do desamparo, pois se não, sempre se tornará refém da religião que manipula as pessoas, justamente em nome do Deus coletivo imaginario.


Por: Marcio Alves